Beirute, por favor.
Aqui estou eu, na Paris do Oriente Médio. A pérola do Adriático. A cidade que deu o nome ao sanduíche mais consumido no Habib's.
Beirute é uma cidade com um monte de caras. Um mar muito bonito - claro que estar num hotel magnífico ajuda muito - e umas praias nem tanto. A cidade me parece uma mistura entre Rio, Salvador e Buenos Aires.
Um pouco da orla do Rio com seus prédios antigos, um pouco da orla de Salvador com suas curvas e faróis e aquele monte de prédios antigos e charmosos.
O povo tem cara de brasileiro - talvez porque tenha mais libaneses em São Paulo do que tem no Líbano - adora a vida noturna. E dezenas de bares que ficam aberto até altas horas comprovam isso. Também adoram comer bem - coisa que vem da influência francesa.
Eles também enchem a calçada na orla, coisa que lembra muito a vida do carioca. Mas é só olhar para as mulheres muçulmanas com seus cabelos cobertos, que aqui vestem roupas coloridas - ao contrário de Dubai em que o pretinho básico é de lei - que essa ilusão se dissipa. Estou longe de casa.
Me disseram hoje que Beirute é a única cidade no oriente médio que tem cara de Europa. E eu tenho que concordar. A cidade tem seu charme cosmopolita da velha Europa.
Mas a cidade é muito mais do que isso. É o paraíso das Mercedes e BMWs. Os locais são apaixonados por essas duas marcas e até pouco tempo elas eram a única coisa que se via nas ruas. Hoje existem outras marcas. Carro francês, japonês, coreano...
Nas ruas da cidade existem mercedes de todos os tipos. Principalmente as MUITO velhas. São taxis caindo aos pedaços e carros particulares com todos os estados de conservação. E estão por lado. Das mais novas e caras até pilhas de ferrugem que se movem não se sabe como.
Não existem carros mais ou menos novos aqui. Por mais ou menos novos entenda-se algo com até dez anos de idade.
Existe um branco entre os anos 70 e meados dos anos 90. Mercedes muito velhas e Mercedes novinhas. Eu me perguntei o porquê disso.
Guerra.
O Líbano é o primeiro país que eu visito em que posso sentir a presença real e assustadora da guerra.
Foram 17 anos de guerra civil. Uma guerra longa e suja onde nada e ninguém foi poupado. Crianças, mulheres, jovens, velhos, cristãos e muçulmanos, todos foram vítimas.
Ainda se pode ver por todos os lados os efeitos do conflito, que terminou em 1994.
São paredes marcadas por tiros por todos os lados e muitos dos prédios mais antigos. Edifícios parcialmente ou completamente destruídos que pontuam a cidade.
E como um lembrete de que ainda não é passado é o quarteirão onde aconteceu o atentado que matou recentemente o presidente Hariri.
Nem dá para descrever direito o que uma tonelada de dinamite fez nos prédios ao redor do local da explosão. Só digo que é uma destruição impressionante.
Que tipo de raiva é essa que leva alguém a algo tão extremo?
Mas o ser humano tem a capacidade de tocar o barco pra frente não importa o que aconteça. E tocar o barco pra frente é algo ainda mais fácil para este povo descendente dos Fenícios.
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