Depois do frio na barriga...
...faz frio de verdade em Dubai.
17 graus - frio para os padrões daqui - e fica ainda mais frio à noite.
E está chovendo.
Choveu o dia inteiro hoje e várias vezes durante a semana.
Para quem está acostumado como o céu azul 360 dias por ano é como estar em um lugar totalmente novo.
Um lugar totalmente novo onde assim que cai UMA gota de chuva no vidro dos carros todos reduzem a velocidade à metade e a cidade se transforma em um imenso congestionamento - não importa a hora do dia.
Uma cidade nova onde os motoristas brações ou andam depressa demais, arriscando a vida, ou devagar demais.
Mas o barulhinho da chuva...eta trem bão, sô!
Saturday, December 02, 2006
Frio na barriga II - A Missão.
Começar um post com uma referência a um filme do Rambo que tem mais de 20 anos é uma coisa engraçada.
Bom, as quase 2 semanas sem um post tiveram uma razão: estou trabalhando como um louco.
Nunca antes na minha carreira uma mudança de trabalho foi tão tranquila. Não perdi o sono, não fiquei ansioso, não fiquei tenso. Foi tão tranquilo que nem parecia que estava acontecendo. Parece que a minha experiência inicial de chegar aqui em Dubai foi uma coisa tão intensa que me deixou maduro ao ponto de encarar qualquer evento da maneira mais tranquila do mundo. Me senti como um novo 007. Daniel Craig, cuide-se.
Ou pelo menos assim pensava eu.
No primeiro dia fui recebido pelo diretor de criação executivo - o Shahir, um indiano que passou quase a vida inteira em Dubai e que é um criativo excepcional.
Ele me contou um pouco da situação atual da agência, falou sobre os clientes e começou a falar sobre o meu papel no futuro.
Aí veio o frio na barriga.
Ele me mostrou primeiro a lista de pessoas pela qual eu seria responsável: 12 pessoas diretamente e mais um monte indiretamente. A lista de clientes: 21. Caramba, isso é mais do que o número de clientes das duas últimas agências que trabalhei no Brasil - somadas.
Entre eles estão:
Ford - e duas divisões Lincoln e Mercury, que são empresas separadas em termos de marketing - LG, Hitachi, Land Rover, Colgate, Emaar (uma empresa de real estate - incorporadora - que tem projetos enormes no mundo inteiro, incluindo o Burj Dubai - o prédio que vai ser o mais alto do mundo)...e por aí vai.
Muito trabalho e muita expectativa por conta dos clientes de receber sempre um trabalho extraordinário.
A expectativa da agência:
1 - Você tem que melhorar a qualidade criativa do seu grupo - são dois grupos de criação - o outro é tão grande quanto o meu, com outras contas enormes.
2 - Mudar a mentalidade das pessoas.
3 - Ganhar prêmios, muitos prêmios.
Fora isso tem aquele problema eterno de aprender o nome das pessoas, sendo que aqui isso significa aprender o nome e só depois aprender o nome das pessoas. Não tem nenhum nome normal. São Shradha, Poorna, Swapna, Umram, Jeevan, Moosa, Zeina, Komal, Dodong, Jobi, Muhannad, Anjum, Shamrock, Kunal, Sanjay, Ashraf, Dinesh...e um Danni.
Por isso "dude" e "man" viraram a minha versão o local de "cara" e "grande" - opções para quando você não faz a mínima idéia de como chama o indivíduo.
Muita expectativa. Muitos nomes, muitas personalidades diferentes. Muito, muito trabalho.
Um puta frio na barriga.
E um ar-condicionado frio para cacete.
Tá com medo, por que veio?
Para o alto e avante!
Começar um post com uma referência a um filme do Rambo que tem mais de 20 anos é uma coisa engraçada.
Bom, as quase 2 semanas sem um post tiveram uma razão: estou trabalhando como um louco.
Nunca antes na minha carreira uma mudança de trabalho foi tão tranquila. Não perdi o sono, não fiquei ansioso, não fiquei tenso. Foi tão tranquilo que nem parecia que estava acontecendo. Parece que a minha experiência inicial de chegar aqui em Dubai foi uma coisa tão intensa que me deixou maduro ao ponto de encarar qualquer evento da maneira mais tranquila do mundo. Me senti como um novo 007. Daniel Craig, cuide-se.
Ou pelo menos assim pensava eu.
No primeiro dia fui recebido pelo diretor de criação executivo - o Shahir, um indiano que passou quase a vida inteira em Dubai e que é um criativo excepcional.
Ele me contou um pouco da situação atual da agência, falou sobre os clientes e começou a falar sobre o meu papel no futuro.
Aí veio o frio na barriga.
Ele me mostrou primeiro a lista de pessoas pela qual eu seria responsável: 12 pessoas diretamente e mais um monte indiretamente. A lista de clientes: 21. Caramba, isso é mais do que o número de clientes das duas últimas agências que trabalhei no Brasil - somadas.
Entre eles estão:
Ford - e duas divisões Lincoln e Mercury, que são empresas separadas em termos de marketing - LG, Hitachi, Land Rover, Colgate, Emaar (uma empresa de real estate - incorporadora - que tem projetos enormes no mundo inteiro, incluindo o Burj Dubai - o prédio que vai ser o mais alto do mundo)...e por aí vai.
Muito trabalho e muita expectativa por conta dos clientes de receber sempre um trabalho extraordinário.
A expectativa da agência:
1 - Você tem que melhorar a qualidade criativa do seu grupo - são dois grupos de criação - o outro é tão grande quanto o meu, com outras contas enormes.
2 - Mudar a mentalidade das pessoas.
3 - Ganhar prêmios, muitos prêmios.
Fora isso tem aquele problema eterno de aprender o nome das pessoas, sendo que aqui isso significa aprender o nome e só depois aprender o nome das pessoas. Não tem nenhum nome normal. São Shradha, Poorna, Swapna, Umram, Jeevan, Moosa, Zeina, Komal, Dodong, Jobi, Muhannad, Anjum, Shamrock, Kunal, Sanjay, Ashraf, Dinesh...e um Danni.
Por isso "dude" e "man" viraram a minha versão o local de "cara" e "grande" - opções para quando você não faz a mínima idéia de como chama o indivíduo.
Muita expectativa. Muitos nomes, muitas personalidades diferentes. Muito, muito trabalho.
Um puta frio na barriga.
E um ar-condicionado frio para cacete.
Tá com medo, por que veio?
Para o alto e avante!
Uma pedra no meio do caminho.
A cabeça da gente faz um monte de conexões que nem notamos. Vivemos por aproximação, montamos imagens básicas, um retrato básico do nosso universo para que a gente não precise percebê-lo, entendê-lo e decupá-lo quando saímos à rua rumo aos nossos destinos diários. Assim sobra mais tempo e espaço no cérebro para pensar na vida, organizar a nossa agenda diária, cantar a música que está tocando no rádio, no CD ou no iPod ou - mesmo que proibido - falar no celular.
Viver é como dirigir falando no celular: de repente, sem perceber você chegou no seu destino final.
Mas quando o dia-a-dia introduz novos elementos temos que voltar a usar a cabeça. Não dá para deixar o piloto automático tomar conta.
Um amigo meu da BBDO uma vez me mostrou com orgulho sua BMW caríssima cheia de gadgets de última geração. Entre as coisas mais impressionantes estava o computador de bordo com GPS. Uma voz muito sexy - dá vontade de casar com ela, o que eu faria se não fosse o custo de manutenção e o fato de ter que mandar para revisão a cada 10 mil quilômetros - diz onde você está e como fazer para chegar no seu destino.
Por exemplo: você está perto do Burj Al Arab e está indo para as Emirates Towers (o lugar onde eu trabalhava antes de mudar para a Young & Rubicam). O computador vai falar coisas como "mude da faixa do centro para a faixa da direita"(realmente, você estava na faixa do centro) "após 400 metros, vire à direita".
Siga as informações passo-a-passo e você chegará ao seu destino.
Teoricamente.
Isso porque não tem como montar um modelo atualizado das ruas de Dubai. O emirado muda tão rapidamente que não tem rua que permaneça a mesma por mais de uma semana. Às vezes de manhã as ruas de uma região estão de um jeito no final da tarde estão de outro. São obras para todos os lados. Você disputa espaço nas ruas, avenidas e rodovias com caminhões, betoneiras, gruas e guindastes.
Se você seguir as dicas do supercomputador de bordo com voz sexy corre o risco de acabar em um buraco de 30 metros de profundidade.
Maldita. Sabia que não dava para confiar!
Mas o resultado disso é que fica mais difícil para você criar modelos mentais. O que faz o seu cérebro ficar sempre atento. Mesmo depois de um tempo longo você continua percebendo o lugar onde você está.
Uma coisa bem darwinista. Se você não estiver ligado acaba sendo tragado por buracos de obras imensos ou atropelado por betoneiras desembestadas - a versão moderna de poços de pixe e de mamutes enraivecidos.
A cabeça da gente faz um monte de conexões que nem notamos. Vivemos por aproximação, montamos imagens básicas, um retrato básico do nosso universo para que a gente não precise percebê-lo, entendê-lo e decupá-lo quando saímos à rua rumo aos nossos destinos diários. Assim sobra mais tempo e espaço no cérebro para pensar na vida, organizar a nossa agenda diária, cantar a música que está tocando no rádio, no CD ou no iPod ou - mesmo que proibido - falar no celular.
Viver é como dirigir falando no celular: de repente, sem perceber você chegou no seu destino final.
Mas quando o dia-a-dia introduz novos elementos temos que voltar a usar a cabeça. Não dá para deixar o piloto automático tomar conta.
Um amigo meu da BBDO uma vez me mostrou com orgulho sua BMW caríssima cheia de gadgets de última geração. Entre as coisas mais impressionantes estava o computador de bordo com GPS. Uma voz muito sexy - dá vontade de casar com ela, o que eu faria se não fosse o custo de manutenção e o fato de ter que mandar para revisão a cada 10 mil quilômetros - diz onde você está e como fazer para chegar no seu destino.
Por exemplo: você está perto do Burj Al Arab e está indo para as Emirates Towers (o lugar onde eu trabalhava antes de mudar para a Young & Rubicam). O computador vai falar coisas como "mude da faixa do centro para a faixa da direita"(realmente, você estava na faixa do centro) "após 400 metros, vire à direita".
Siga as informações passo-a-passo e você chegará ao seu destino.
Teoricamente.
Isso porque não tem como montar um modelo atualizado das ruas de Dubai. O emirado muda tão rapidamente que não tem rua que permaneça a mesma por mais de uma semana. Às vezes de manhã as ruas de uma região estão de um jeito no final da tarde estão de outro. São obras para todos os lados. Você disputa espaço nas ruas, avenidas e rodovias com caminhões, betoneiras, gruas e guindastes.
Se você seguir as dicas do supercomputador de bordo com voz sexy corre o risco de acabar em um buraco de 30 metros de profundidade.
Maldita. Sabia que não dava para confiar!
Mas o resultado disso é que fica mais difícil para você criar modelos mentais. O que faz o seu cérebro ficar sempre atento. Mesmo depois de um tempo longo você continua percebendo o lugar onde você está.
Uma coisa bem darwinista. Se você não estiver ligado acaba sendo tragado por buracos de obras imensos ou atropelado por betoneiras desembestadas - a versão moderna de poços de pixe e de mamutes enraivecidos.
Monday, November 13, 2006
Frio na barriga?
Ontem foi oficialmente meu último dia na Impact BBDO. É sempre uma coisa estranha dizer adeus a um ambiente de trabalho.
Não parece mas o espaço físico, os móveis, os computadores, o carpete cinza, a minha janela dando para o palácio do Sheikh, sua pista de corrida de cavalos particular e suas cavalariças com cavalos de muitos milhares de dólares acabaram se transformando em uma parte essencial do que Dubai representa na minha cabeça tão cheia de informação desordenada.
Dar uma última passada lá para dar um tchau e depois entregar o seu cartão de acesso é realmente esquisito. Os nossos lugares de trabalho, sem que a gente perceba, acabam fazendo parte da gente - tanto como a gente acaba fazendo parte dos lugares.
Agora é hora de recomeçar - e sem janela para palácio.
Meu grande Andrej - um diretor de arte sérvio que é uma das figuras mais queridas - me perguntou ontem:
"Você não está com um frio na barriga?"
Eu parei para pensar e percebi que não.
Acho que um pouco porque depois de algum tempo de carreira você percebe que trabalho é trabalho em qualquer lugar. Se você é uma farsa, vai continuar sendo. Se ninguém descobriu até agora, as chances são pequenas que desta vez você seja desmascarado. Se você é bom, nada vai mudar. Se você é um gênio, sorte sua - mas não conte para ninguém. E se você não sabe em qual categoria você se enquadra, provavelmente vai continuar vivendo com a benção da ignorância.
Claro que isso conta para não me fazer perder o sono, mas tem mais.
Esta mudança para Dubai, Emirados Árabes Unidos, Oriente Médio, Hemisfério Norte, foi muito radical. Muita coisa ao mesmo tempo: país, língua, sotaques, cultura (ou culturas), empresa (ou agência, se você leitor for publicitário), cultura empresarial, responsabilidade, clientes, leis, burocracia, temperatura, comida, nomes de pessoas, feriados, trânsito, carros diferentes, amizades, dias de final de semana, fuso horário, moeda, ausência de amendoim Mendorato...
É tanta coisa que é quase como nascer de novo - com a vantagem que desta vez você não tem que aprender a passar sem fraldas.
A sensação é de que qualquer mudança agora não assusta mais - e nem causa o impacto que costumava causar. E nem frio na barriga.
Afinal, é só um emprego novo.
Ontem foi oficialmente meu último dia na Impact BBDO. É sempre uma coisa estranha dizer adeus a um ambiente de trabalho.
Não parece mas o espaço físico, os móveis, os computadores, o carpete cinza, a minha janela dando para o palácio do Sheikh, sua pista de corrida de cavalos particular e suas cavalariças com cavalos de muitos milhares de dólares acabaram se transformando em uma parte essencial do que Dubai representa na minha cabeça tão cheia de informação desordenada.
Dar uma última passada lá para dar um tchau e depois entregar o seu cartão de acesso é realmente esquisito. Os nossos lugares de trabalho, sem que a gente perceba, acabam fazendo parte da gente - tanto como a gente acaba fazendo parte dos lugares.
Agora é hora de recomeçar - e sem janela para palácio.
Meu grande Andrej - um diretor de arte sérvio que é uma das figuras mais queridas - me perguntou ontem:
"Você não está com um frio na barriga?"
Eu parei para pensar e percebi que não.
Acho que um pouco porque depois de algum tempo de carreira você percebe que trabalho é trabalho em qualquer lugar. Se você é uma farsa, vai continuar sendo. Se ninguém descobriu até agora, as chances são pequenas que desta vez você seja desmascarado. Se você é bom, nada vai mudar. Se você é um gênio, sorte sua - mas não conte para ninguém. E se você não sabe em qual categoria você se enquadra, provavelmente vai continuar vivendo com a benção da ignorância.
Claro que isso conta para não me fazer perder o sono, mas tem mais.
Esta mudança para Dubai, Emirados Árabes Unidos, Oriente Médio, Hemisfério Norte, foi muito radical. Muita coisa ao mesmo tempo: país, língua, sotaques, cultura (ou culturas), empresa (ou agência, se você leitor for publicitário), cultura empresarial, responsabilidade, clientes, leis, burocracia, temperatura, comida, nomes de pessoas, feriados, trânsito, carros diferentes, amizades, dias de final de semana, fuso horário, moeda, ausência de amendoim Mendorato...
É tanta coisa que é quase como nascer de novo - com a vantagem que desta vez você não tem que aprender a passar sem fraldas.
A sensação é de que qualquer mudança agora não assusta mais - e nem causa o impacto que costumava causar. E nem frio na barriga.
Afinal, é só um emprego novo.
Saturday, November 11, 2006
Um pequeno passo para a humanidade...um grande passo para um homem.
Uma semana que começa com dois eventos que vão marcar a vida deste seu interlocutor.
O primeiro: Estou mudando de emprego. Depois de quase um ano e meio na Impact BBDO estou saindo para me aventurar em um lugar novo. Foram um ano e meio que mais pareceram uns 15 anos. Teve muito de tudo: medo, insegurança, frustração, surpresas, descoberta, conquista, satisfação, diversão e umas boas risadas.
Mas, como tudo tem um fim - menos A Praça é Nossa - chegou a hora de mudar. Foi tudo inesperado. Estava eu lá na agência vivendo talvez o momento da minha carreira, fazendo coisas muito bacanas para clientes como Pepsi, Mountain Dew, Wrigley's e Snickers. Um dia sai uma matéria com uns anúncios que fiz para Snickers e no dia seguinte me ligam:
Piyush (O dono da agência de headhunters que me trouxe para cá):
Chegou o momento. Entrevista hoje às 17h na Team Young&Rubicam.
Guilherme (diretor de criação da Impact BBDO que não estava entendendo nada):
Hã? Cuma?
Piyush: Está marcado
Guilherme (diretor de criação da Impact BBDO que continuava não entendendo nada):
Hã...OK.
Mais cinco minutos de explicações de como chegar no lugar - o que é de praxe aqui (aliás, o que é "de praxe"?) já que os lugares não têm números e as ruas não têm placas - e quando têm são em geral números que se repetem de acordo com o bairro e lá vou eu imaginando como escapar no meio da tarde sem dar na vista.
Sabe a síndrome do sábado à noite? Isso afeta mais os solteiros mas os casados também são vítimas comuns. Você fica vários finais de semana esquecido. Os amigos viajando, doentes ou ocupados com outras coisas, todos os filmes legais no cinema já assistidos... De repente chega um final de semana em que tem 4 festas de grupos de amigos diferentes, 8 novos filmes sensacionais em cartaz e mais um amigo que você não vê há uma década está de passagem na cidade te liga para dar uma saída para colocar o papo em dia.
Pois é (acho que eu uso muito "pois é" quando escrevo, mas fazer o que? Eu falo assim mesmo) é mais ou menos o que acontece quando você tem entrevista de emprego. De repente a campanha que era para amanhã precisa ser apresentada no final do dia. De repente o seu chefe precisa falar com você no meio da tarde e quer ver o status desta campanha - coisa que ele em geral não faz. De repente tem um evento - o primeiro desde que a Dri entrou na Microsoft - em que todas as famílias estão convidadas - e que começa às seis da tarde.
O universo conspira.
Bati todos os recordes para entregar o trabalho em tempo e deixei só um pedaço para terminar depois. Me reuni com meu chefe com a cabeça nas nuvens e depois, como um ninja, sumi numa nuvem de fumaça. Dirigi como um piloto de F1 em Mônaco e consegui chegar a tempo para a entrevista.
Gente bacana, a agência excelente - a melhor do Oriente Médio - muito premiada em todos os festivais internacionais, e possibilidades profissionais fantásticas.
Hora de mudar de curso de novo.
Novos recorde batidos na volta ao trabalho. O ninja retorna. Campanha entregue e é hora de correr para o evento da Microsoft - um iftar, ou momento de quebrar o jejum que os muçulmanos fazem durante o mês sagrado do Ramadan. Eles ficam sem comer o dia inteiro e assim que o sol se põe é a comilança.
E lá ia eu, atrasado e com muita fome. A única coisa no meu estômago, fora aquele frio na barriga pré-entrevista, era uma maçã que eu tinha pegado na academia no dia anterior e esquecido na minha mochila. Fui sonhando com um buffet gigante cheio de quitutes árabes me esperando. Me sentia como um Ali Babá pronto para entrar na caverna onde estava o tesouro dos 40 Ladrões. Só que ao invés de ouro, prata e pedras preciosas estavam tijelas cheias de quibes e esfihas.
Cheguei no lugar do evento e não encontro ninguém. Ligo para a Dri e ela e diz que está na saída, esperando o carro.
Nada de esfihas e quibes. (Se bem que aqui não tem as esfihas que a gente costuma comer - mas fica muito mais legal no texto)
Encontro minhas mulheres e vamos embora. Eu, elas e o meu estômago frustado, indo rumo aos cachorros-quente que me esperam em casa.
Tem uma música de uma banda americana, The Steve Miller Band que diz:
"You got to go through hell before you get to heaven."
Não foi tão difícil assim, mas ainda penso naqueles quibes.
Resumo da ópera: proposta na mão, várias reuniões com os "rola-grossa" da agência e a carta de alforria liberada. Na próxima quarta-feira começo como diretor de criação da Team Young & Rubicam.
Segundo: De que vale estar no Oriente Médio se você só toma Coca Cola e chá gelado?
Por isso decidi viver uma experiência decididamente beduína: tomei leite de camelo - ou melhor, de camela. Tudo bem que vem embalagem de plástico e é processado em instalações ultra-modernas - além de custar o dobro do leite normal.
Pode não ser tão radical quanto a primeira experiência que eu narrei, mas fica muito melhor com chocolate.
Pena que aqui não tem Nescau.
A aventura continua.
Uma semana que começa com dois eventos que vão marcar a vida deste seu interlocutor.
O primeiro: Estou mudando de emprego. Depois de quase um ano e meio na Impact BBDO estou saindo para me aventurar em um lugar novo. Foram um ano e meio que mais pareceram uns 15 anos. Teve muito de tudo: medo, insegurança, frustração, surpresas, descoberta, conquista, satisfação, diversão e umas boas risadas.
Mas, como tudo tem um fim - menos A Praça é Nossa - chegou a hora de mudar. Foi tudo inesperado. Estava eu lá na agência vivendo talvez o momento da minha carreira, fazendo coisas muito bacanas para clientes como Pepsi, Mountain Dew, Wrigley's e Snickers. Um dia sai uma matéria com uns anúncios que fiz para Snickers e no dia seguinte me ligam:
Piyush (O dono da agência de headhunters que me trouxe para cá):
Chegou o momento. Entrevista hoje às 17h na Team Young&Rubicam.
Guilherme (diretor de criação da Impact BBDO que não estava entendendo nada):
Hã? Cuma?
Piyush: Está marcado
Guilherme (diretor de criação da Impact BBDO que continuava não entendendo nada):
Hã...OK.
Mais cinco minutos de explicações de como chegar no lugar - o que é de praxe aqui (aliás, o que é "de praxe"?) já que os lugares não têm números e as ruas não têm placas - e quando têm são em geral números que se repetem de acordo com o bairro e lá vou eu imaginando como escapar no meio da tarde sem dar na vista.
Sabe a síndrome do sábado à noite? Isso afeta mais os solteiros mas os casados também são vítimas comuns. Você fica vários finais de semana esquecido. Os amigos viajando, doentes ou ocupados com outras coisas, todos os filmes legais no cinema já assistidos... De repente chega um final de semana em que tem 4 festas de grupos de amigos diferentes, 8 novos filmes sensacionais em cartaz e mais um amigo que você não vê há uma década está de passagem na cidade te liga para dar uma saída para colocar o papo em dia.
Pois é (acho que eu uso muito "pois é" quando escrevo, mas fazer o que? Eu falo assim mesmo) é mais ou menos o que acontece quando você tem entrevista de emprego. De repente a campanha que era para amanhã precisa ser apresentada no final do dia. De repente o seu chefe precisa falar com você no meio da tarde e quer ver o status desta campanha - coisa que ele em geral não faz. De repente tem um evento - o primeiro desde que a Dri entrou na Microsoft - em que todas as famílias estão convidadas - e que começa às seis da tarde.
O universo conspira.
Bati todos os recordes para entregar o trabalho em tempo e deixei só um pedaço para terminar depois. Me reuni com meu chefe com a cabeça nas nuvens e depois, como um ninja, sumi numa nuvem de fumaça. Dirigi como um piloto de F1 em Mônaco e consegui chegar a tempo para a entrevista.
Gente bacana, a agência excelente - a melhor do Oriente Médio - muito premiada em todos os festivais internacionais, e possibilidades profissionais fantásticas.
Hora de mudar de curso de novo.
Novos recorde batidos na volta ao trabalho. O ninja retorna. Campanha entregue e é hora de correr para o evento da Microsoft - um iftar, ou momento de quebrar o jejum que os muçulmanos fazem durante o mês sagrado do Ramadan. Eles ficam sem comer o dia inteiro e assim que o sol se põe é a comilança.
E lá ia eu, atrasado e com muita fome. A única coisa no meu estômago, fora aquele frio na barriga pré-entrevista, era uma maçã que eu tinha pegado na academia no dia anterior e esquecido na minha mochila. Fui sonhando com um buffet gigante cheio de quitutes árabes me esperando. Me sentia como um Ali Babá pronto para entrar na caverna onde estava o tesouro dos 40 Ladrões. Só que ao invés de ouro, prata e pedras preciosas estavam tijelas cheias de quibes e esfihas.
Cheguei no lugar do evento e não encontro ninguém. Ligo para a Dri e ela e diz que está na saída, esperando o carro.
Nada de esfihas e quibes. (Se bem que aqui não tem as esfihas que a gente costuma comer - mas fica muito mais legal no texto)
Encontro minhas mulheres e vamos embora. Eu, elas e o meu estômago frustado, indo rumo aos cachorros-quente que me esperam em casa.
Tem uma música de uma banda americana, The Steve Miller Band que diz:
"You got to go through hell before you get to heaven."
Não foi tão difícil assim, mas ainda penso naqueles quibes.
Resumo da ópera: proposta na mão, várias reuniões com os "rola-grossa" da agência e a carta de alforria liberada. Na próxima quarta-feira começo como diretor de criação da Team Young & Rubicam.
Segundo: De que vale estar no Oriente Médio se você só toma Coca Cola e chá gelado?
Por isso decidi viver uma experiência decididamente beduína: tomei leite de camelo - ou melhor, de camela. Tudo bem que vem embalagem de plástico e é processado em instalações ultra-modernas - além de custar o dobro do leite normal.
Pode não ser tão radical quanto a primeira experiência que eu narrei, mas fica muito melhor com chocolate.
Pena que aqui não tem Nescau.
A aventura continua.
Monday, November 06, 2006
O dilema do escritor.
O meu problema recentemente...bom, não tão recentemente assim, é que não me faltam idéias para postar no blog. O fato é exatamente o contrário. Estou com um excesso de notícias e fatos interessantes para escrever no blog e não sei por onde começar.
Só para ter uma idéia do que tem na minha cabeça:
1 - Vou mudar de emprego na semana que vem.
2 - Passou o verão.
3 - Comemos feijoada semana passada.
4 - As mulheres locais também saem para correr...todas cobertas.
5 - Casar para o muçulmano tradicional é uma coisa complicada.
6 - Como vim parar aqui.
7 - Os nativos - ou locais - acham que são os donos do lugar. E estão certos.
8 - Aventuras no Dia das Bruxas.
9 - Livros, livros, muitos livros. Abriu a primeira Borders (uma livraria imensa) no Mall of the Emirates.
10 - A Carolina cada vez mais menina.
11 - Coisas que fazem falta no Brasil.
12 - Minha última viagem para o Líbano.
13 - O que está tocando no meu iPod. (Só para dar um gostinho: Scissor Sisters - uma banda que faz um som dançante que tem os Bee Gees como avós e o Elton John como avó. Muito boa.)
Por onde começar então?
O meu problema recentemente...bom, não tão recentemente assim, é que não me faltam idéias para postar no blog. O fato é exatamente o contrário. Estou com um excesso de notícias e fatos interessantes para escrever no blog e não sei por onde começar.
Só para ter uma idéia do que tem na minha cabeça:
1 - Vou mudar de emprego na semana que vem.
2 - Passou o verão.
3 - Comemos feijoada semana passada.
4 - As mulheres locais também saem para correr...todas cobertas.
5 - Casar para o muçulmano tradicional é uma coisa complicada.
6 - Como vim parar aqui.
7 - Os nativos - ou locais - acham que são os donos do lugar. E estão certos.
8 - Aventuras no Dia das Bruxas.
9 - Livros, livros, muitos livros. Abriu a primeira Borders (uma livraria imensa) no Mall of the Emirates.
10 - A Carolina cada vez mais menina.
11 - Coisas que fazem falta no Brasil.
12 - Minha última viagem para o Líbano.
13 - O que está tocando no meu iPod. (Só para dar um gostinho: Scissor Sisters - uma banda que faz um som dançante que tem os Bee Gees como avós e o Elton John como avó. Muito boa.)
Por onde começar então?
Thursday, October 12, 2006
Uma Série de Eventos Desafortunados
Ontem foi um dia de eventos estranhos relacionados com mudanças profundas que estão para acontecer.
A primeira coisa que aconteceu foi que eu fui para uma reunião de manhã e quando estava voltando para a agência o ar-condicionado do carro parou de funcionar. Inexplicavelmente ele voltou a funcionar normalmente no final do dia - obviamente quando estava muito mais fresco. Suei como um porco.
A segunda coisa estranha foi que, ainda voltando para a agência alguma coisa acertou a lateral do carro. Eu vi um OVNI se aproximando a toda velocidade e o barulho, mas não consegui determinar o que era. Como estava passando por uma vizinhança indiana achei que podia ser uma bolinha de críquete, que é quase tão dura quanto uma bola de sinuca.
A terceira é que na hora de pegar a rotatória perto das Emirates Towers todos os sinais estavam desligados. Como esta rotatória é o gargalo para 3 saídas para regiões importantíssimas de Dubai o que deveria ter demorado 3 minutos demorou uma hora e meia - sem ar-condicionado e com calor de uns 35 plus graus.
Agora misturamos a segunda e a terceira coisa estranha que aconteceu e temos mais um evento único. Dubai (ainda) não é a terra dos motoboys, mas pela quantidade de engarrafamentos aqui não vai demorar muito para eles descobrirem esta desgraça e empestearem este lugar de motoqueiros alucinados.
Surpresa minha que, enquanto estou preso no engarrafamento um motoboy pára do lado direito do meu carro e começa a gesticular. Como estava ouvindo meu iPod acho que o figura devia estar falando algo, mas era impossível de ouvir. Mesmo que conseguisse com certeza não ia entender nada. Pensei "Catso da Carmela, este estrupício deve ter acertado meu carro!"
Desci do carro, já que o trânsito não andava mesmo, e fui ver o que o cara queria dizer. Aí vi que ele estava segurando uma coisa estranha na mão. Demorou um pouco para entender que a "bola de críquete" que acertou meu carro era o pombo que o motoqueiro tinha nas mãos. O bichinho ainda estava vivo, mas bem grogue por conta do nocaute técnico no primeiro assalto. Mills Lane teria adorado.
O indivíduo então me entregou a vítima como que dizendo "agora é responsabilidade sua". Eu não sabia muito bem o que fazer por isso deixei o bicho numa sombrinha para se recuperar e lhe desejei melhoras.
Mais sensíveis foram uns caras que estavam atrás de mim. Eles pegaram o pombo e o levaram. Talvez para cuidar do coitadinho, talvez para fazer uma bela fritada. Prefiro imaginar que foi a primeira opção.
Eu continuo achando que pombos são ratos voadores por isso meus sentimentos são conflitantes.
E tudo isso num dia cheio de mudanças.
Depois eu dou os detalhes.
Ontem foi um dia de eventos estranhos relacionados com mudanças profundas que estão para acontecer.
A primeira coisa que aconteceu foi que eu fui para uma reunião de manhã e quando estava voltando para a agência o ar-condicionado do carro parou de funcionar. Inexplicavelmente ele voltou a funcionar normalmente no final do dia - obviamente quando estava muito mais fresco. Suei como um porco.
A segunda coisa estranha foi que, ainda voltando para a agência alguma coisa acertou a lateral do carro. Eu vi um OVNI se aproximando a toda velocidade e o barulho, mas não consegui determinar o que era. Como estava passando por uma vizinhança indiana achei que podia ser uma bolinha de críquete, que é quase tão dura quanto uma bola de sinuca.
A terceira é que na hora de pegar a rotatória perto das Emirates Towers todos os sinais estavam desligados. Como esta rotatória é o gargalo para 3 saídas para regiões importantíssimas de Dubai o que deveria ter demorado 3 minutos demorou uma hora e meia - sem ar-condicionado e com calor de uns 35 plus graus.
Agora misturamos a segunda e a terceira coisa estranha que aconteceu e temos mais um evento único. Dubai (ainda) não é a terra dos motoboys, mas pela quantidade de engarrafamentos aqui não vai demorar muito para eles descobrirem esta desgraça e empestearem este lugar de motoqueiros alucinados.
Surpresa minha que, enquanto estou preso no engarrafamento um motoboy pára do lado direito do meu carro e começa a gesticular. Como estava ouvindo meu iPod acho que o figura devia estar falando algo, mas era impossível de ouvir. Mesmo que conseguisse com certeza não ia entender nada. Pensei "Catso da Carmela, este estrupício deve ter acertado meu carro!"
Desci do carro, já que o trânsito não andava mesmo, e fui ver o que o cara queria dizer. Aí vi que ele estava segurando uma coisa estranha na mão. Demorou um pouco para entender que a "bola de críquete" que acertou meu carro era o pombo que o motoqueiro tinha nas mãos. O bichinho ainda estava vivo, mas bem grogue por conta do nocaute técnico no primeiro assalto. Mills Lane teria adorado.
O indivíduo então me entregou a vítima como que dizendo "agora é responsabilidade sua". Eu não sabia muito bem o que fazer por isso deixei o bicho numa sombrinha para se recuperar e lhe desejei melhoras.
Mais sensíveis foram uns caras que estavam atrás de mim. Eles pegaram o pombo e o levaram. Talvez para cuidar do coitadinho, talvez para fazer uma bela fritada. Prefiro imaginar que foi a primeira opção.
Eu continuo achando que pombos são ratos voadores por isso meus sentimentos são conflitantes.
E tudo isso num dia cheio de mudanças.
Depois eu dou os detalhes.
Monday, October 09, 2006
5 Coisas sobre Dubai para você contar para seus amigos.
1 - Em Dubai estão 25% de todas as gruas existentes no mundo.
(Ne você dormir até mais tarde um dia pode ter certeza que vai encontrar um prédio novo que não estava lá ontem.)
2 - A gasolina (que é especial, de alta octanagem) custa aqui custa quase um terço do preço da gasolina normal na Pindorama e é misturada com...gasolina!
(Sai mais barato andar de carro do que andar de bicicleta)
3 - No cinema você encontra todos os blockbuster de Hollywood - e são lançados junto com Estados Unidos e Europa. Sexo e nudez são censurados e cortados nos filmes, mas violência e muito sangue pode rolar à vontade.
(Quase como nos Estados Unidos, mas os ianques chegam lá)
4 - Não existem camelos nas ruas.
(Não reclame, no Brasil também não tem tucanos e macacos na rua. Se bem que dizem que se você olhar bem vai ver que os tucanos estão sempre em cima do muro)
5 - Aqui tem praia e de vez em quando dá praia - mais ou menos umas 360 vezes por ano. E no verão a temperatura passa dos 45 graus.
(Dubai é o único lugar do mundo que se você disser que vai na praia no ver verão as pessoas vão te olhar assustadas e dizer "Você está louco?")
1 - Em Dubai estão 25% de todas as gruas existentes no mundo.
(Ne você dormir até mais tarde um dia pode ter certeza que vai encontrar um prédio novo que não estava lá ontem.)
2 - A gasolina (que é especial, de alta octanagem) custa aqui custa quase um terço do preço da gasolina normal na Pindorama e é misturada com...gasolina!
(Sai mais barato andar de carro do que andar de bicicleta)
3 - No cinema você encontra todos os blockbuster de Hollywood - e são lançados junto com Estados Unidos e Europa. Sexo e nudez são censurados e cortados nos filmes, mas violência e muito sangue pode rolar à vontade.
(Quase como nos Estados Unidos, mas os ianques chegam lá)
4 - Não existem camelos nas ruas.
(Não reclame, no Brasil também não tem tucanos e macacos na rua. Se bem que dizem que se você olhar bem vai ver que os tucanos estão sempre em cima do muro)
5 - Aqui tem praia e de vez em quando dá praia - mais ou menos umas 360 vezes por ano. E no verão a temperatura passa dos 45 graus.
(Dubai é o único lugar do mundo que se você disser que vai na praia no ver verão as pessoas vão te olhar assustadas e dizer "Você está louco?")
Friday, September 29, 2006
Brasil
Constatações.
1 - Verde faz falta.
2 - Chuva é bom demais.
3 - Eu contei as mesmas histórias 50 vezes - para 25 grupos diferentes. Teve gente que ouviu demais.
4 - A comida é boa demais.
5 - Tomar cerveja com os amigos é bom demais.
6 - O asfalto é uma merda. (Parece ainda pior quando você passa um tempo fora)
7 - A Ponte Preta continua uma bosta.
8 - Feijoada é vida.
9 - 5 graus em Sampa é mais frio que -50 na Sibéria.
10 - Eu odeio o Galvão Bueno.
11 - Dubai é longe para cacete.
12 - Não somos mais a Dri e o Gui. Agora oficialmente somos os pais da Carolina.
13 - A Carolina tem a própria agenda.
14 - O Giovanetti está vendendo chopp Schin - sacrilégio.
15 - A propaganda brasileira continua um lixo.
16 - Os carros do Brasil são muito pequenininhos.
17 - A gasolina é cara.
18 - Todo o resto também é caro.
19 - É uma delícia eu usar a expressão "O rapaz camufla" e as pessoas entenderem.
20 - É muito bom não ser visto como expert em futebol.
21 - A Veja é uma revista muito vagabunda.
22 - Não vi o Faustão e não fez falta.
23 - O Gol é um carro muito feio, tosco. Mas é confiável.
24 - Continuo detestando Kombis.
25 - A pizza no Brasil é a melhor do mundo.
26 - Amigo é uma coisa boa demais.
27 - Família também.
28 - Eu odeio pedágios.
29 - Como é bom contar piadas em português.
30 - Como é bom contar piadas de português.
31 - Sanduíche do Gordão é bão.
32 - Bacon é vida.
33 - Família é bom demais.
34 - Eu odeio ainda mais a KLM.
35 - O nosso aeroporto internacional de Cumbica é muito xinfrim.
36 - Voar é um saco.
37 - Passar 19 horas trancafiado dentro de um avião na classe econômica é uma condição de não-existência que deveria ser estudada por filósofos com o tema "O Ser e o Não-Ser".
38 - Guaraná faz falta.
39 - Churrasco é gostoso e alimenta.
40 - Comer fruta no pé é mágico.
41 - Andar sem camisa na rua é bom demais da conta, sô.
42 - Meu sobrinho mais velho está cada vez mais gente boa.
43 - É muito bom jogar conversa fora com a minha irmã. A gente se esquece que está separado por mais de 15 mil km.
44 - Não conheço mais ninguém em Campinas.
45 - Não faz falta morar em Sampa.
46 - Faz falta a galera de Sampa.
47 - Somos agora uma turma cheia de crianças.
48 - 36 anos é adulto para cacete.
49 - A Harley do André é um tesão - principalmente se sou eu que estou pilotando.
50 - O azul do céu do Brasil é diferente.
51 - O Alex está branco que nem um palmito.
52 - Abrir a janela e ver uma floresta é revigorante.
53 - Revigorante é uma palavra bem esquisita para se escrever.
54 - O carderno de esportes da Folha continua uma merda.
55 - As coisas estão sempre se transformando. Quando você fica fora é que percebe.
56 - O Brasil é uma merda, mas é bom.
57 - Amendoim Mendorato é só bom.
57 - Wear sunscreen.
Constatações.
1 - Verde faz falta.
2 - Chuva é bom demais.
3 - Eu contei as mesmas histórias 50 vezes - para 25 grupos diferentes. Teve gente que ouviu demais.
4 - A comida é boa demais.
5 - Tomar cerveja com os amigos é bom demais.
6 - O asfalto é uma merda. (Parece ainda pior quando você passa um tempo fora)
7 - A Ponte Preta continua uma bosta.
8 - Feijoada é vida.
9 - 5 graus em Sampa é mais frio que -50 na Sibéria.
10 - Eu odeio o Galvão Bueno.
11 - Dubai é longe para cacete.
12 - Não somos mais a Dri e o Gui. Agora oficialmente somos os pais da Carolina.
13 - A Carolina tem a própria agenda.
14 - O Giovanetti está vendendo chopp Schin - sacrilégio.
15 - A propaganda brasileira continua um lixo.
16 - Os carros do Brasil são muito pequenininhos.
17 - A gasolina é cara.
18 - Todo o resto também é caro.
19 - É uma delícia eu usar a expressão "O rapaz camufla" e as pessoas entenderem.
20 - É muito bom não ser visto como expert em futebol.
21 - A Veja é uma revista muito vagabunda.
22 - Não vi o Faustão e não fez falta.
23 - O Gol é um carro muito feio, tosco. Mas é confiável.
24 - Continuo detestando Kombis.
25 - A pizza no Brasil é a melhor do mundo.
26 - Amigo é uma coisa boa demais.
27 - Família também.
28 - Eu odeio pedágios.
29 - Como é bom contar piadas em português.
30 - Como é bom contar piadas de português.
31 - Sanduíche do Gordão é bão.
32 - Bacon é vida.
33 - Família é bom demais.
34 - Eu odeio ainda mais a KLM.
35 - O nosso aeroporto internacional de Cumbica é muito xinfrim.
36 - Voar é um saco.
37 - Passar 19 horas trancafiado dentro de um avião na classe econômica é uma condição de não-existência que deveria ser estudada por filósofos com o tema "O Ser e o Não-Ser".
38 - Guaraná faz falta.
39 - Churrasco é gostoso e alimenta.
40 - Comer fruta no pé é mágico.
41 - Andar sem camisa na rua é bom demais da conta, sô.
42 - Meu sobrinho mais velho está cada vez mais gente boa.
43 - É muito bom jogar conversa fora com a minha irmã. A gente se esquece que está separado por mais de 15 mil km.
44 - Não conheço mais ninguém em Campinas.
45 - Não faz falta morar em Sampa.
46 - Faz falta a galera de Sampa.
47 - Somos agora uma turma cheia de crianças.
48 - 36 anos é adulto para cacete.
49 - A Harley do André é um tesão - principalmente se sou eu que estou pilotando.
50 - O azul do céu do Brasil é diferente.
51 - O Alex está branco que nem um palmito.
52 - Abrir a janela e ver uma floresta é revigorante.
53 - Revigorante é uma palavra bem esquisita para se escrever.
54 - O carderno de esportes da Folha continua uma merda.
55 - As coisas estão sempre se transformando. Quando você fica fora é que percebe.
56 - O Brasil é uma merda, mas é bom.
57 - Amendoim Mendorato é só bom.
57 - Wear sunscreen.
Wednesday, September 27, 2006
Eu voltei...agora pra ficar
Enrolei, enrolei mas chegou a hora de quebrar o gelo e voltar a escrever no meu confessionário virtual.
Sabe qual o problema de ficar um tempo sem escrever? É que as histórias vão se acumulando e você não sabe por onde começar - o que leva a mais tempo para decidir e mais histórias que se acumulam. Uma espécie de moto-perpétuo tipográfico.
Bom, agora que o gelo foi quebrado vou tentar cumprir minha meta de um post por dia - menos no fim de semana porque dá preguiça até de pensar, quanto mais escrever. E também por que agora tenho que competir com a minha filhota para poder usar o computador.
Ela virou fã do site da Vila Sésamo americana, que é cheio de joguinhos para crianças. Ela joga - e, melhor de tudo - entende todos.
Acho que os pequenos já vem com chip de fábrica.
Enrolei, enrolei mas chegou a hora de quebrar o gelo e voltar a escrever no meu confessionário virtual.
Sabe qual o problema de ficar um tempo sem escrever? É que as histórias vão se acumulando e você não sabe por onde começar - o que leva a mais tempo para decidir e mais histórias que se acumulam. Uma espécie de moto-perpétuo tipográfico.
Bom, agora que o gelo foi quebrado vou tentar cumprir minha meta de um post por dia - menos no fim de semana porque dá preguiça até de pensar, quanto mais escrever. E também por que agora tenho que competir com a minha filhota para poder usar o computador.
Ela virou fã do site da Vila Sésamo americana, que é cheio de joguinhos para crianças. Ela joga - e, melhor de tudo - entende todos.
Acho que os pequenos já vem com chip de fábrica.
Thursday, August 24, 2006
Pindorama
Foi fogo.
Passar 30 horas viajando nem para Amyr Klink falar que é bolinho.
Ainda mais quando tem uma menininha de 3 anos extremamente vocal, energética e mandona trancada dentro de uma extremamente apertada e claustrofóbica classe econômica.
Ninguém merece. Bom, ninguém merece ser pobre, mas é este o caso de quem viaja de classe econômica - os pobres da classe rica - porque pobre de verdade viaja em ônibus velho apinhado, trem lotado, lombo de jegue e a pé mesmo.
Classe econômica só foi criada para você desejar a classe executiva. É a típica concretizaçâo da máxima "os fins justificam os meios". Os fins - chegar ao seu destino - justificam os meios - o processo de desumanização do ser humano empreendido pelos engenheiros de avião, decoradores de interior de avião, cozinheiros e comissários de bordo, todos obviamente contratados dos campos de reeducação do Camboja e da China.
Você chega de viagem sem identidade, sem vontade e sem uma boa idéia de onde está. Uma voz gutural no fundo da sua cabeça apenas diz "pegue suas coisas e corra daqui". E eis você no seu fim.
E aqui estamos nós, sofrendo da diferença de fuso, do jet lag, do cansaço físico normal mas felizes.
Que bom é ver o verde natural em vez da monotonia do amarelo do deserto. Que bom é sentir frio que não é de ar-condicionado. Que bom é ficar fora de casa e não se sentir como um picolé de limão deixado no asfalto no sol de meio-dia. Que bom é poder comer amendoim japonês Mendorado sem ter que economizar.
É bom estar no Brasil. Mas estas são apenas uma das poucas razões.
As outras a gente está curtindo a cada novo momento.
Foi fogo.
Passar 30 horas viajando nem para Amyr Klink falar que é bolinho.
Ainda mais quando tem uma menininha de 3 anos extremamente vocal, energética e mandona trancada dentro de uma extremamente apertada e claustrofóbica classe econômica.
Ninguém merece. Bom, ninguém merece ser pobre, mas é este o caso de quem viaja de classe econômica - os pobres da classe rica - porque pobre de verdade viaja em ônibus velho apinhado, trem lotado, lombo de jegue e a pé mesmo.
Classe econômica só foi criada para você desejar a classe executiva. É a típica concretizaçâo da máxima "os fins justificam os meios". Os fins - chegar ao seu destino - justificam os meios - o processo de desumanização do ser humano empreendido pelos engenheiros de avião, decoradores de interior de avião, cozinheiros e comissários de bordo, todos obviamente contratados dos campos de reeducação do Camboja e da China.
Você chega de viagem sem identidade, sem vontade e sem uma boa idéia de onde está. Uma voz gutural no fundo da sua cabeça apenas diz "pegue suas coisas e corra daqui". E eis você no seu fim.
E aqui estamos nós, sofrendo da diferença de fuso, do jet lag, do cansaço físico normal mas felizes.
Que bom é ver o verde natural em vez da monotonia do amarelo do deserto. Que bom é sentir frio que não é de ar-condicionado. Que bom é ficar fora de casa e não se sentir como um picolé de limão deixado no asfalto no sol de meio-dia. Que bom é poder comer amendoim japonês Mendorado sem ter que economizar.
É bom estar no Brasil. Mas estas são apenas uma das poucas razões.
As outras a gente está curtindo a cada novo momento.
Thursday, August 17, 2006
À Terra do Pau-Brasil.
Dia 22 de madrugada embarcamos para a Pindorama.
Vão ser 20 dias para matar a saudade de muita gente e muita coisa. 20 dias que eu sei que não vão ser o bastante.
Mas se eu tivesse que escolher uma coisa só para fazer ia ser andar na rua a pé, sem terminar a caminhada parecendo o personagem principal do filme de terror B dos anos 70 "O Incrível Homem que Derreteu".
E, claro, fazendo essa caminhada com um saquinho de amendoim Mendorado numa mão e uma cerveja gelada na outra.
Todos estão convidados.
Dia 22 de madrugada embarcamos para a Pindorama.
Vão ser 20 dias para matar a saudade de muita gente e muita coisa. 20 dias que eu sei que não vão ser o bastante.
Mas se eu tivesse que escolher uma coisa só para fazer ia ser andar na rua a pé, sem terminar a caminhada parecendo o personagem principal do filme de terror B dos anos 70 "O Incrível Homem que Derreteu".
E, claro, fazendo essa caminhada com um saquinho de amendoim Mendorado numa mão e uma cerveja gelada na outra.
Todos estão convidados.
Tuesday, August 15, 2006
Constatação.
Eu já falei mais de uma vez como a gente se acostuma com tudo, mesmo com as coisas mais extraordinárias.
Para mim hoje ficou comum dirigir 30 km, do condomínio onde moramos no meio do deserto para os prédios gigantescos com o formato de nave espacial onde fica o meu trabalho.
Ficou comum cruzar com os caminhões-tanque multicoloridos que parecem palácios indianos. Ficou comum ver os indianos e paquistaneses bigodudos e torradinhos. Ficou comum ver no mesmo dia árabes de dish-dasha (aquela roupa de milionário árabe do petróleo), mulheres de abbaya (aquele manto preto) com o rosto coberto e às vezes o rosto também, sikhs de turbante, indianas de sári, filipinos, ingleses, japas, sérvios, egípcios, sírios, libaneses, africanos dos mais diversos, canadenses, australianos e, de vez em quando, um brasileiro.
Ficou comum pensar que a gente divide a casa com uma mulher do Sri Lanka.
Ficou comum pensar que uma boa parte das pessoas com quem eu tenho contato - libaneses - estavam vivendo e se preocupando com uma guerra que afetava e continua afetando a família e os amigos.
Ficou comum pensar que não vou comer feijoada no sábado. E que não vou encontrar amendoim japonês Mendorado no supermercado.
Ficou comum ler, falar e ouvir inglês nas suas mais variadas formas. E entender todos os sotaques. Bom, a maioria pelo menos.
Ficou comum olhar para todos os lados e ver prédios gigantes aparecendo numa velocidade espantosa.
Ficou comum ver o Burj Al Arab no horizonte.
Ficou comum pensar que hoje vai fazer sol, amanhã e depois de amanhã também.
Ficou comum olhar para o termômetro no carro da Di e ver que a temperatura está nos 42 graus.
Ficou comum ir a shopping centers para fugir do calor.
E, mais importante do que tudo, não ficou comum chegar no domingo, ligar a televisão e saber que, por mais que você tente, não vai ter Faustão em nenhum canal.
Este é um prazer fantástico que sempre se renova em Dubai.
Recomendo.
Eu já falei mais de uma vez como a gente se acostuma com tudo, mesmo com as coisas mais extraordinárias.
Para mim hoje ficou comum dirigir 30 km, do condomínio onde moramos no meio do deserto para os prédios gigantescos com o formato de nave espacial onde fica o meu trabalho.
Ficou comum cruzar com os caminhões-tanque multicoloridos que parecem palácios indianos. Ficou comum ver os indianos e paquistaneses bigodudos e torradinhos. Ficou comum ver no mesmo dia árabes de dish-dasha (aquela roupa de milionário árabe do petróleo), mulheres de abbaya (aquele manto preto) com o rosto coberto e às vezes o rosto também, sikhs de turbante, indianas de sári, filipinos, ingleses, japas, sérvios, egípcios, sírios, libaneses, africanos dos mais diversos, canadenses, australianos e, de vez em quando, um brasileiro.
Ficou comum pensar que a gente divide a casa com uma mulher do Sri Lanka.
Ficou comum pensar que uma boa parte das pessoas com quem eu tenho contato - libaneses - estavam vivendo e se preocupando com uma guerra que afetava e continua afetando a família e os amigos.
Ficou comum pensar que não vou comer feijoada no sábado. E que não vou encontrar amendoim japonês Mendorado no supermercado.
Ficou comum ler, falar e ouvir inglês nas suas mais variadas formas. E entender todos os sotaques. Bom, a maioria pelo menos.
Ficou comum olhar para todos os lados e ver prédios gigantes aparecendo numa velocidade espantosa.
Ficou comum ver o Burj Al Arab no horizonte.
Ficou comum pensar que hoje vai fazer sol, amanhã e depois de amanhã também.
Ficou comum olhar para o termômetro no carro da Di e ver que a temperatura está nos 42 graus.
Ficou comum ir a shopping centers para fugir do calor.
E, mais importante do que tudo, não ficou comum chegar no domingo, ligar a televisão e saber que, por mais que você tente, não vai ter Faustão em nenhum canal.
Este é um prazer fantástico que sempre se renova em Dubai.
Recomendo.
Wednesday, August 02, 2006
Reflexões sobre a vida.
A Dri chegou mais tarde anteontem.
Aí eu subi para o nosso quarto com a Carolina para a gente brincar.
Uma hora ela pára toda séria olha para mim como se todo o peso do mundo estivesse sobre seus ombros e diz:
"A Calol tem peleleca."
E continua...
"A Mamãe tem peleleca."
"A vovó tem peleleca."
E, como uma filósofa chegando a uma conclusão sobre a essência da humanidade, arremata:
"O papai tem pinto."
A Dri chegou mais tarde anteontem.
Aí eu subi para o nosso quarto com a Carolina para a gente brincar.
Uma hora ela pára toda séria olha para mim como se todo o peso do mundo estivesse sobre seus ombros e diz:
"A Calol tem peleleca."
E continua...
"A Mamãe tem peleleca."
"A vovó tem peleleca."
E, como uma filósofa chegando a uma conclusão sobre a essência da humanidade, arremata:
"O papai tem pinto."
Friday, July 28, 2006
Runaway Baby
Como um serzinho cheio de vontade e opiniões deve ser, a Carolina detesta ser contrariada.
Em geral nas manhãs de sexta - o meu equivalente de sábado para os nativos da Pindorama e do resto do mundo dos cruzados - ela vêm me aporrinhar a partir das 7 da manhã.
Quando chamada a atenção para alguma atitude malina ela vira brava e fala com os braços cruzados:
"Eu não quelo mais você!"
E sai correndo na direção oposta ao progenitor.
Eu retruco:
"Ah, é? Não quer?"
E ela, sem pestanejar:
"Quelo sim!!!"
E vem correndo para o colo.
Tudo isso em uma questão de 5 segundos.
Ser pai não é a melhor coisa do mundo?
Como um serzinho cheio de vontade e opiniões deve ser, a Carolina detesta ser contrariada.
Em geral nas manhãs de sexta - o meu equivalente de sábado para os nativos da Pindorama e do resto do mundo dos cruzados - ela vêm me aporrinhar a partir das 7 da manhã.
Quando chamada a atenção para alguma atitude malina ela vira brava e fala com os braços cruzados:
"Eu não quelo mais você!"
E sai correndo na direção oposta ao progenitor.
Eu retruco:
"Ah, é? Não quer?"
E ela, sem pestanejar:
"Quelo sim!!!"
E vem correndo para o colo.
Tudo isso em uma questão de 5 segundos.
Ser pai não é a melhor coisa do mundo?
Crime em Dubai.
Há mais ou menos duas semanas a mulher de um amigo meu testemunhou o lado menos glamouroso de Dubai.
Eles têm um Polo conversível antigo e que está com a fechadura quebrada.
O problema é que ela teve que parar na rua para fazer uma coisa e deixou o carro destrancado por alguns minutos com bolsas cheias de roupas de marcas caríssimas.
Quando ela voltou o carro tinha sido aberto por alguém.
E tinham levado o tíquete do estacionamento.
Há mais ou menos duas semanas a mulher de um amigo meu testemunhou o lado menos glamouroso de Dubai.
Eles têm um Polo conversível antigo e que está com a fechadura quebrada.
O problema é que ela teve que parar na rua para fazer uma coisa e deixou o carro destrancado por alguns minutos com bolsas cheias de roupas de marcas caríssimas.
Quando ela voltou o carro tinha sido aberto por alguém.
E tinham levado o tíquete do estacionamento.
Ontem fomos assistir Superman.
O filme começa onde os segundo capítulo da série, com o Christopher Reeve, parou.
Superman 3 e 4 são ignorados.
Me senti menino de novo. Quando a música de John Williams começa a tocar - a mesma dos filmes originais - é como estar em uma sala de cinema no Rio nos idos de 78, com a diferença que invés de lição de casa, hoje você tem contas a pagar. E porque também tem uma criaturinha de quase 3 anos assistindo com você, dando os primeiros passos na sua paixão pela telona.
As pontas se conectam.
O filme é gostoso de assistir. A história não é tudo isso, mas você sai do cinema com a sensação que o homem pode voar sem ter que passar por check in.
O filme começa onde os segundo capítulo da série, com o Christopher Reeve, parou.
Superman 3 e 4 são ignorados.
Me senti menino de novo. Quando a música de John Williams começa a tocar - a mesma dos filmes originais - é como estar em uma sala de cinema no Rio nos idos de 78, com a diferença que invés de lição de casa, hoje você tem contas a pagar. E porque também tem uma criaturinha de quase 3 anos assistindo com você, dando os primeiros passos na sua paixão pela telona.
As pontas se conectam.
O filme é gostoso de assistir. A história não é tudo isso, mas você sai do cinema com a sensação que o homem pode voar sem ter que passar por check in.
Wednesday, July 19, 2006
A guerra que a gente vê pela TV é sempre idealizada.
São aviões saindo de porta-aviões, soldados e tanques de guerra indo para um lado e para o outro. Alguns tiros sendo dados, edifícios em ruínas e uns carros em chamas. Aí o apresentador fala quantas foram as vítimas e, de vez em quando, mostram uma mãe chorando.
Mas na guerra morre gente. E morre de maneiras horríveis, não daquele jeito inodoro de filme americano dos anos 50, em que o soldado põe a mão no peito e pronto - às vezes com direito a últimas palavras.
Na guerra de verdade as pessoas morrem queimadas, despedaçadas, sujas, sangrentas.
Mas o pior são as crianças.
Hoje eu recebi um link de um website com imagens extremamente fortes do que está acontecendo no Líbano. Prédios destruídos e gente morta, muita gente morta e ferida. Principalmente crianças.
É um site muito parcial e emocionalmente carregado, de revolta mesmo, mas que mostra uma cara do conflito que as grandes redes não mostram. Um conflito em que uma população de um país indefeso sofre de uma maneira desumana.
Ou será humana demais?
Para mim é algo muito mais real do que assistir isso no jornal nacional. As pessoas que trabalham comigo, meus amigos, têm família e amigos lá. Passam o dia acompanhando as notícias e com as caras carregadas e os ombros pesados.
A guerra para mim é de verdade.
Se você tem estômago - posso te dizer que não é fácil, quase me levou às lágrimas - e não tiverem bloqueado o site, olhe.
http://www.fromisraeltolebanon.org/
Tem uma petição para assinar também:
http://epetition.net/julywar/index.php
Agora só quero correr para casa e abraçar muito minha filha.
São aviões saindo de porta-aviões, soldados e tanques de guerra indo para um lado e para o outro. Alguns tiros sendo dados, edifícios em ruínas e uns carros em chamas. Aí o apresentador fala quantas foram as vítimas e, de vez em quando, mostram uma mãe chorando.
Mas na guerra morre gente. E morre de maneiras horríveis, não daquele jeito inodoro de filme americano dos anos 50, em que o soldado põe a mão no peito e pronto - às vezes com direito a últimas palavras.
Na guerra de verdade as pessoas morrem queimadas, despedaçadas, sujas, sangrentas.
Mas o pior são as crianças.
Hoje eu recebi um link de um website com imagens extremamente fortes do que está acontecendo no Líbano. Prédios destruídos e gente morta, muita gente morta e ferida. Principalmente crianças.
É um site muito parcial e emocionalmente carregado, de revolta mesmo, mas que mostra uma cara do conflito que as grandes redes não mostram. Um conflito em que uma população de um país indefeso sofre de uma maneira desumana.
Ou será humana demais?
Para mim é algo muito mais real do que assistir isso no jornal nacional. As pessoas que trabalham comigo, meus amigos, têm família e amigos lá. Passam o dia acompanhando as notícias e com as caras carregadas e os ombros pesados.
A guerra para mim é de verdade.
Se você tem estômago - posso te dizer que não é fácil, quase me levou às lágrimas - e não tiverem bloqueado o site, olhe.
http://www.fromisraeltolebanon.org/
Tem uma petição para assinar também:
http://epetition.net/julywar/index.php
Agora só quero correr para casa e abraçar muito minha filha.
Thursday, July 13, 2006
Carta do Meu Pai
Há 36 anos, v. era ainda uma grande expectativa. Aí, à 1:30 da madrugada gelada de uma segunda-feira, 13/7/70: - É um menino!!!. Uma luz apareceu neste pequenino planeta da Via Láctea para aquecer minha vida fria, para iluminar minha vida cinzenta. E nunca mais fui o mesmo. Envelheci, melhorei, aprendi a amar muito melhor a mim mesmo, às pessoas e à vida. Todos os dias de minha vida agradecerei ao infinito, à natureza, ao mistério que nos arrepia, pelo meu filho que me ensinou a ser pai, me fez gente, que na verdade me gerou. Cuidou de minha feridas e me mostrou um mundo novinho em folha.
"Um menino nasceu. O mundo torna a começar" - Guimarães Rosa, em Grande Sertão - Veredas.
Eu te amo, Guilherme. Feliz aniversário!
Pai
Há 36 anos, v. era ainda uma grande expectativa. Aí, à 1:30 da madrugada gelada de uma segunda-feira, 13/7/70: - É um menino!!!. Uma luz apareceu neste pequenino planeta da Via Láctea para aquecer minha vida fria, para iluminar minha vida cinzenta. E nunca mais fui o mesmo. Envelheci, melhorei, aprendi a amar muito melhor a mim mesmo, às pessoas e à vida. Todos os dias de minha vida agradecerei ao infinito, à natureza, ao mistério que nos arrepia, pelo meu filho que me ensinou a ser pai, me fez gente, que na verdade me gerou. Cuidou de minha feridas e me mostrou um mundo novinho em folha.
"Um menino nasceu. O mundo torna a começar" - Guimarães Rosa, em Grande Sertão - Veredas.
Eu te amo, Guilherme. Feliz aniversário!
Pai
Wednesday, July 12, 2006
Fuga das Estrelas.
Lembro que quando era moleque lá no Rio um dos meus maiores orgulhos era que eu ia e voltava do colégio sozinho.
Era um outro Rio de Janeiro, mas ainda assim era uma aventura.
Tinha 8 aninhos e lá ia eu pegar o ônibus que me deixava pertinho da escola. O cobrador queria me deixar passar sem pagar mas eu, orgulhoso de me sentir gente grande, fazia questão de pagar como todo mundo.
Minha irmã ia com uma mulher que dirigia uma caravan.
Eu voltava a pé, o que demorava um pouco - uma meia hora mais ou menos.
O problema acontecia nas quintas-feiras.
Quinta era o dia de Fuga das Estrelas. Era um seriado obscuro baseado num filme meia-boca do começo dos anos 70.
O herói era um tal de Logan. Ele era um policial numa cidade futurista que era construída dentro de um domo.
Deixa eu explicar...tudo aconteceu depois de uma guerra atômica. Os sobreviventes construiram a cidade para se abrigar do mundo desolado e radioativo que ficou lá fora.
O problema é que o espaço e os recursos para manter a cidade eram escassos. E como os governantes resolveram este problema?
A solução foi limitar a duração da vida de todos os habitantes a 30 anos.
Todo mundo tinha um cristalzinho na mão que indicava a idade - quando ele mudava de cor, tchau e benção.
Mais ou menos como o Peru da Sadia.
Aí todos iam alegremente para um auditório gigantesco onde eram todos reprocessados (desintegrados), com o resto da população curtindo alegremente o show.
Mas obviamente tinha um movimento de resistência que não acreditava nisto tudo e queria fugir do lugar.
Como uma das tarefas dos policiais era de garantir que todos fossem reprocessados no seu devido tempo.
Aí você já viu...policial persegue uma integrante da resistência gatinha, se apaixona e os dois fogem da cidade - e são perseguidos pelos outros policiais malvadões.
Tudo que eu gostava no mesmo pacote: ficção científica pós-apocalíptica, robôs, ruínas e uma mocinha gatinha.
Eu saía da escola às 5 e o seriado começava 5 e meia - eu tinha que andar rápido senão perdia o começo. E eu andava.
Amanhã o meu prazo de validade para "Fuga das Estrelas" vai estar expirado há 6 anos.
E eu me lembrei disso porque estar em Dubai é como fazer parte do seriado.
Não há velhos em Dubai. Eles não estão nas ruas, nos shoppings...
Será que quando todos chegamos numa certa idade somos reprocessandos em transformados em comida de camelo ou areia?
Eu fiquei quebrando a cabeça para entender esta equação. Como não vi ninguém sendo reprocessado e a quantidade de areia não tem aumentado (é impossível ter mais) deve ter uma explicação razoável.
Bom, como todos os meus leitores assíduos sabem - e todo mundo que me encontrou teve que ouvir umas 5 vezes pelo menos quando eu estive no Brasil - só 20% da população de Dubai é local.
Agora imagina que só 10% deles é da melhor idade. Num lugar onde só tem pouco mais de um milhão de pessoas estamos falando de uns 20 mil velhinhos, muito pouco.
O resto da população é composta de expatriados. Muitos indianos, todos jovens e dispostos a tudo para fazer um dinheirinho e mandar para casa. A maioria trabalhando em construção civil sob temperaturas de até 50 graus.
Solteiros de todas as nacionalidades trabalhando em companhias locais, internacionais, restaurantes, hotéis...
E como é quase impossível conseguir cidadania as pessoas não têm ligação emocional com Dubai, elas vêm e vão com muita facilidade - não dá tempo para envelhecer aqui.
Por isso os jovens estão por todos os lados.
E os velhos não estão em lugar nenhum.
Mas pode ser que eu esteja errado.
Se eu estiver, meu prazo de validade passou há 6 anos...
De qualquer maneira, vou ficar esperto.
Lembro que quando era moleque lá no Rio um dos meus maiores orgulhos era que eu ia e voltava do colégio sozinho.
Era um outro Rio de Janeiro, mas ainda assim era uma aventura.
Tinha 8 aninhos e lá ia eu pegar o ônibus que me deixava pertinho da escola. O cobrador queria me deixar passar sem pagar mas eu, orgulhoso de me sentir gente grande, fazia questão de pagar como todo mundo.
Minha irmã ia com uma mulher que dirigia uma caravan.
Eu voltava a pé, o que demorava um pouco - uma meia hora mais ou menos.
O problema acontecia nas quintas-feiras.
Quinta era o dia de Fuga das Estrelas. Era um seriado obscuro baseado num filme meia-boca do começo dos anos 70.
O herói era um tal de Logan. Ele era um policial numa cidade futurista que era construída dentro de um domo.
Deixa eu explicar...tudo aconteceu depois de uma guerra atômica. Os sobreviventes construiram a cidade para se abrigar do mundo desolado e radioativo que ficou lá fora.
O problema é que o espaço e os recursos para manter a cidade eram escassos. E como os governantes resolveram este problema?
A solução foi limitar a duração da vida de todos os habitantes a 30 anos.
Todo mundo tinha um cristalzinho na mão que indicava a idade - quando ele mudava de cor, tchau e benção.
Mais ou menos como o Peru da Sadia.
Aí todos iam alegremente para um auditório gigantesco onde eram todos reprocessados (desintegrados), com o resto da população curtindo alegremente o show.
Mas obviamente tinha um movimento de resistência que não acreditava nisto tudo e queria fugir do lugar.
Como uma das tarefas dos policiais era de garantir que todos fossem reprocessados no seu devido tempo.
Aí você já viu...policial persegue uma integrante da resistência gatinha, se apaixona e os dois fogem da cidade - e são perseguidos pelos outros policiais malvadões.
Tudo que eu gostava no mesmo pacote: ficção científica pós-apocalíptica, robôs, ruínas e uma mocinha gatinha.
Eu saía da escola às 5 e o seriado começava 5 e meia - eu tinha que andar rápido senão perdia o começo. E eu andava.
Amanhã o meu prazo de validade para "Fuga das Estrelas" vai estar expirado há 6 anos.
E eu me lembrei disso porque estar em Dubai é como fazer parte do seriado.
Não há velhos em Dubai. Eles não estão nas ruas, nos shoppings...
Será que quando todos chegamos numa certa idade somos reprocessandos em transformados em comida de camelo ou areia?
Eu fiquei quebrando a cabeça para entender esta equação. Como não vi ninguém sendo reprocessado e a quantidade de areia não tem aumentado (é impossível ter mais) deve ter uma explicação razoável.
Bom, como todos os meus leitores assíduos sabem - e todo mundo que me encontrou teve que ouvir umas 5 vezes pelo menos quando eu estive no Brasil - só 20% da população de Dubai é local.
Agora imagina que só 10% deles é da melhor idade. Num lugar onde só tem pouco mais de um milhão de pessoas estamos falando de uns 20 mil velhinhos, muito pouco.
O resto da população é composta de expatriados. Muitos indianos, todos jovens e dispostos a tudo para fazer um dinheirinho e mandar para casa. A maioria trabalhando em construção civil sob temperaturas de até 50 graus.
Solteiros de todas as nacionalidades trabalhando em companhias locais, internacionais, restaurantes, hotéis...
E como é quase impossível conseguir cidadania as pessoas não têm ligação emocional com Dubai, elas vêm e vão com muita facilidade - não dá tempo para envelhecer aqui.
Por isso os jovens estão por todos os lados.
E os velhos não estão em lugar nenhum.
Mas pode ser que eu esteja errado.
Se eu estiver, meu prazo de validade passou há 6 anos...
De qualquer maneira, vou ficar esperto.
Monday, July 10, 2006
Faz calor em Dubai.
Aliás, faz muito calor.
A temperatura passa facilmente dos 40 graus quase todo dia. É tranquilo quando está seco, mas quando está úmido fica algo próximo de um pesadelo. Você anda 50 metros e já está melado, com cara de quem pegou aquele ônibus lotado em dia de chuva e ficou em pé com mais 75 pessoas - e ainda se considera sortudo por ter pegado o ônibus.
O inferno não é quente. É quente e úmido.
Uma coisa boa de estar morando em Tatooine - o planeta desértico de Guerra nas Estrelas e também como eu apelidei o nosso condomínio no meio do deserto - é que, por ser longe do mar, o lugar é mais seco.
Aproveitando este aspecto interessante da climatologia local a minha querida Íris (mãe da Dri), quando estava conosco, teve um insight (é como os publicitários chamam uma idéia - a única diferença é que eles ganham dinheiro para ter insights e usam roupinhas fashion). Ao invés de colocar o pão congelado para assar no forno ela deixava lá fora por meia hora.
Acreditem, funcionou e continua funcionando - só não pode deixar muito porque senão o pão torra.
Não é surpreendente imaginar que existia civilização aqui antes do ar-condicionado?
Aliás, faz muito calor.
A temperatura passa facilmente dos 40 graus quase todo dia. É tranquilo quando está seco, mas quando está úmido fica algo próximo de um pesadelo. Você anda 50 metros e já está melado, com cara de quem pegou aquele ônibus lotado em dia de chuva e ficou em pé com mais 75 pessoas - e ainda se considera sortudo por ter pegado o ônibus.
O inferno não é quente. É quente e úmido.
Uma coisa boa de estar morando em Tatooine - o planeta desértico de Guerra nas Estrelas e também como eu apelidei o nosso condomínio no meio do deserto - é que, por ser longe do mar, o lugar é mais seco.
Aproveitando este aspecto interessante da climatologia local a minha querida Íris (mãe da Dri), quando estava conosco, teve um insight (é como os publicitários chamam uma idéia - a única diferença é que eles ganham dinheiro para ter insights e usam roupinhas fashion). Ao invés de colocar o pão congelado para assar no forno ela deixava lá fora por meia hora.
Acreditem, funcionou e continua funcionando - só não pode deixar muito porque senão o pão torra.
Não é surpreendente imaginar que existia civilização aqui antes do ar-condicionado?
Tuesday, July 04, 2006
Monday, June 19, 2006
Thursday, June 15, 2006
Peladeiro.
O churrasco estava bom.
Cerveja gelada e picanha à vontade como deve ser.
Aí chegou a hora da pelada.
Ele estava fora de forma, todo mundo comentava da sua barriga, mas não tem problema.
É só ficar na banheira esperando a bola que uma hora pinta uma chance de gol. E ainda dá para deixar um copinho de cerveja do lado da trave do gol adversário.
Como a bola não estava chegando ele esboça um pique.
Pronto, já fiz minha parte.
Depois de um tempo pedem para ele sair para outro amigo entrar.
Saindo do campo, cansado e com vontade de tomar mais cerveja, ele ainda tem que ouvir os amigos provocando:
"Porra, Ronaldo, você está uma merda mesmo!"
Será que sobrou picanha?
O churrasco estava bom.
Cerveja gelada e picanha à vontade como deve ser.
Aí chegou a hora da pelada.
Ele estava fora de forma, todo mundo comentava da sua barriga, mas não tem problema.
É só ficar na banheira esperando a bola que uma hora pinta uma chance de gol. E ainda dá para deixar um copinho de cerveja do lado da trave do gol adversário.
Como a bola não estava chegando ele esboça um pique.
Pronto, já fiz minha parte.
Depois de um tempo pedem para ele sair para outro amigo entrar.
Saindo do campo, cansado e com vontade de tomar mais cerveja, ele ainda tem que ouvir os amigos provocando:
"Porra, Ronaldo, você está uma merda mesmo!"
Será que sobrou picanha?
Wednesday, June 14, 2006
Bola é o que rola.
Para quem não sabe a Copa do Mundo está acontecendo.
Pode ser óbvio para os habitantes da Pindorama, mas lembrem-se de que estou no Oriente Médio.
Bom, se fosse um país normal do Oriente Médio também não teria problema, mas aqui são os Emirados Árabes Unidos.
Aqui a maior parte da população - 60% - gosta de de críquete.
Para quem não sabe críquete é aquele jogo que parece o Bets quando crescer - tem até casinha!
Pois é, críquete é o jogo favorito dos indianos, que estão para todos os lados aqui.
O resto é vidrado em futebol, como todo o resto do mundo.
O problema é que aqui não tem futebol em TV aberta. Para assistir a Copa em casa você tem que pagar - e muito!
Sai uns 400 reais para ver a Copa inteira - o que tira o zé povinho da equação.
Quem não tem dinheiro ou não quer pagar ou prefere calor humano, para adicionar ao calor insuportável que faz aqui atualmente, existem os bares e pubs que estão transmitindo todas as partidas.
Lá você encontra uma platéia multinacional muito animada.
Animada pelo clima de Copa do Mundo e pelo álcool que é fartamente consumido pelos torcedores. Tudo bem que uma caneca da loira não-tão-gelada aqui custa mais de 15 reais, mas a galera não quer nem saber, é só alegria.
Como tem gente de todos os cantos do mundo - e uma parte deles sem representantes na Copa - você acaba encontrando alguém que é Tunísia desde pequenininho, Ganense Roxo e Ucraniano doente.
E a maioria adora o Brasil. Ama o Brasil.
Um pouco porque a gente é meio o vira-lata que deu certo, outro pouco porque jogamos um futebol bonito para cacete e mais um pouquinho porque a gente escreve 100% Jardim Irene na camiseta quando vence a Copa.
E eu sou o brasileiro do pedaço.
Logo eu que gosto mesmo é de jogar basquete.
Eu que tenho uma habilidade única e incomparável que me faz ser um artilheiro respeitável nas peladas: tenho tanta consciência da minha falta de habilidade que chuto direto para o gol - coisa que ninguém espera nesta terra de aspirantes a Garrincha e Ronaldinho, inclusive - e principalmente - os goleiros. Por isso pego todos desprevenidos.
Tem poucos brasileiros aqui nos Emirados - e só um trabalhando em propaganda - este seu humilde interlocutor.
Todo mundo vem a mim para falar de futebol.
Um carinha libanês criado aqui, que sabe tudo de futebol europeu, sempre me visita para fazer comentários sobre este e aquele jogador. E eu nunca ouvi falar em 70% deles.
"Eu não acredito que ele convocou o Frommage ao invés do Bambeau Lé..."
Eu faço cara de choque e faço um comentário assim:
"Eu também não entendi essa convocação. Ela pode ser muito arriscada."
Claro que não entendi. Não faço a mínima idéia de quem sejam esses caras.
Mas falo com uma cara séria e com um tom de voz grave. Aí ele olha para mim com aquela cara "puxa, que bom que tem alguém aqui que entende realmente de futebol para eu poder conversar" e continua falando daquele exército de desconhecidos.
A ansiedade entre os fãs de futebol nos Emirados estava altíssima nos dias que antecederam a Copa. Não se falava de outra coisa.
E eu, como O Brasileiro de plantão, era a vítima preferencial. A cada 5 minutos alguém aparecia para me perguntar do Brasil, para falar do da do jogo, para perguntar onde eu ia assistir, para falar do time e como amam o Brasil, para falar que eles eram favoritos...blá, blá, blá.
Aí começou a Copa de verdade.
É estranho estar longe do Brasil nesta hora. O clima lá muda. As pessoas são tomadas de uma esperança e expectativa extremamente positiva. É como se o país inteiro parasse de sofrer com a luta diária, como se o peso que cada um carrega nos ombros ficasse muito mais leve. A Copa mexe com a brazucada. Faz falta isso.
Mas aqui o pessoal curte muito tudo. Combinam de assistir no bar Tunísia contra Arábia Saudita só pelo prazer de assistir futebol com os amigos.
E como o dia do jogo do Brasil ia chegando, todos queriam saber onde os brasileiros iam aparecer.
Todo mundo sabia de um lugar diferente onde todos os brasileiros iam assistir o jogo.
De cabeça me lembro de pelo menos 4 lugares diferentes.
Não há brasileiro que chegue para tanto lugar. Devem ter fantasiados uns indianos de baiana para enganar a galera.
No final decidimos ir para o Pachanga - um bar latino no Hilton de Jumeirah, que tem um gerente brasileiro.
O jogo em si é assunto para outro post.
Para quem não sabe a Copa do Mundo está acontecendo.
Pode ser óbvio para os habitantes da Pindorama, mas lembrem-se de que estou no Oriente Médio.
Bom, se fosse um país normal do Oriente Médio também não teria problema, mas aqui são os Emirados Árabes Unidos.
Aqui a maior parte da população - 60% - gosta de de críquete.
Para quem não sabe críquete é aquele jogo que parece o Bets quando crescer - tem até casinha!
Pois é, críquete é o jogo favorito dos indianos, que estão para todos os lados aqui.
O resto é vidrado em futebol, como todo o resto do mundo.
O problema é que aqui não tem futebol em TV aberta. Para assistir a Copa em casa você tem que pagar - e muito!
Sai uns 400 reais para ver a Copa inteira - o que tira o zé povinho da equação.
Quem não tem dinheiro ou não quer pagar ou prefere calor humano, para adicionar ao calor insuportável que faz aqui atualmente, existem os bares e pubs que estão transmitindo todas as partidas.
Lá você encontra uma platéia multinacional muito animada.
Animada pelo clima de Copa do Mundo e pelo álcool que é fartamente consumido pelos torcedores. Tudo bem que uma caneca da loira não-tão-gelada aqui custa mais de 15 reais, mas a galera não quer nem saber, é só alegria.
Como tem gente de todos os cantos do mundo - e uma parte deles sem representantes na Copa - você acaba encontrando alguém que é Tunísia desde pequenininho, Ganense Roxo e Ucraniano doente.
E a maioria adora o Brasil. Ama o Brasil.
Um pouco porque a gente é meio o vira-lata que deu certo, outro pouco porque jogamos um futebol bonito para cacete e mais um pouquinho porque a gente escreve 100% Jardim Irene na camiseta quando vence a Copa.
E eu sou o brasileiro do pedaço.
Logo eu que gosto mesmo é de jogar basquete.
Eu que tenho uma habilidade única e incomparável que me faz ser um artilheiro respeitável nas peladas: tenho tanta consciência da minha falta de habilidade que chuto direto para o gol - coisa que ninguém espera nesta terra de aspirantes a Garrincha e Ronaldinho, inclusive - e principalmente - os goleiros. Por isso pego todos desprevenidos.
Tem poucos brasileiros aqui nos Emirados - e só um trabalhando em propaganda - este seu humilde interlocutor.
Todo mundo vem a mim para falar de futebol.
Um carinha libanês criado aqui, que sabe tudo de futebol europeu, sempre me visita para fazer comentários sobre este e aquele jogador. E eu nunca ouvi falar em 70% deles.
"Eu não acredito que ele convocou o Frommage ao invés do Bambeau Lé..."
Eu faço cara de choque e faço um comentário assim:
"Eu também não entendi essa convocação. Ela pode ser muito arriscada."
Claro que não entendi. Não faço a mínima idéia de quem sejam esses caras.
Mas falo com uma cara séria e com um tom de voz grave. Aí ele olha para mim com aquela cara "puxa, que bom que tem alguém aqui que entende realmente de futebol para eu poder conversar" e continua falando daquele exército de desconhecidos.
A ansiedade entre os fãs de futebol nos Emirados estava altíssima nos dias que antecederam a Copa. Não se falava de outra coisa.
E eu, como O Brasileiro de plantão, era a vítima preferencial. A cada 5 minutos alguém aparecia para me perguntar do Brasil, para falar do da do jogo, para perguntar onde eu ia assistir, para falar do time e como amam o Brasil, para falar que eles eram favoritos...blá, blá, blá.
Aí começou a Copa de verdade.
É estranho estar longe do Brasil nesta hora. O clima lá muda. As pessoas são tomadas de uma esperança e expectativa extremamente positiva. É como se o país inteiro parasse de sofrer com a luta diária, como se o peso que cada um carrega nos ombros ficasse muito mais leve. A Copa mexe com a brazucada. Faz falta isso.
Mas aqui o pessoal curte muito tudo. Combinam de assistir no bar Tunísia contra Arábia Saudita só pelo prazer de assistir futebol com os amigos.
E como o dia do jogo do Brasil ia chegando, todos queriam saber onde os brasileiros iam aparecer.
Todo mundo sabia de um lugar diferente onde todos os brasileiros iam assistir o jogo.
De cabeça me lembro de pelo menos 4 lugares diferentes.
Não há brasileiro que chegue para tanto lugar. Devem ter fantasiados uns indianos de baiana para enganar a galera.
No final decidimos ir para o Pachanga - um bar latino no Hilton de Jumeirah, que tem um gerente brasileiro.
O jogo em si é assunto para outro post.
Friday, June 09, 2006
The day after.
Ainda me recuperando da mudança.
A semana foi bem tranquila, o que ajudou. Tenho uns 20 posts para escrever e vou ver se me concentro neste fim de semana para terminá-los.
Hoje acordei às 6 da matina para levar a Dri para o aeroporto. Ela está indo para o Cairo para o Congresso Internacional da Mulher - tudo pago pela Microsoft.
E eu aqui tenho que montar uns armários, o sofá balanço do jardim e mais uma cama novo.
Isso sim é que é glamour.
Ainda me recuperando da mudança.
A semana foi bem tranquila, o que ajudou. Tenho uns 20 posts para escrever e vou ver se me concentro neste fim de semana para terminá-los.
Hoje acordei às 6 da matina para levar a Dri para o aeroporto. Ela está indo para o Cairo para o Congresso Internacional da Mulher - tudo pago pela Microsoft.
E eu aqui tenho que montar uns armários, o sofá balanço do jardim e mais uma cama novo.
Isso sim é que é glamour.
Tuesday, June 06, 2006
"Você conseguiu falar com o pessoal da mudança?"
"Eles ficaram de me ligar."
"Mas a gente tem que mudar amanhã. Vai ficar muito em cima da hora."
"Ah, a gente não tem mobília. É só carregar nossas coisas nos carros. Vai ser rapidinho."
"Acho que você tem razão. E a gente ainda economiza a grana da companhia de mudança."
"Isso mesmo."
"Boa!"
17 horas de mudança e 8 viagens depois...
"Eles ficaram de me ligar."
"Mas a gente tem que mudar amanhã. Vai ficar muito em cima da hora."
"Ah, a gente não tem mobília. É só carregar nossas coisas nos carros. Vai ser rapidinho."
"Acho que você tem razão. E a gente ainda economiza a grana da companhia de mudança."
"Isso mesmo."
"Boa!"
17 horas de mudança e 8 viagens depois...
Tuesday, May 30, 2006
Mudança, de novo.
Estamos saindo da nossa casa nos Springs. Tudo por causa do aumento insano dos aluguéis aqui em Dubai.
A nossa casa saía por 65 mil dirhams por ano há cerca de um ano. Hoje estão pedindo mais de 100 mil.
Está todo mundo ficando desesperado com isso.
E como o nosso canto é mobiliado - eu não estava com cabeça ou paciência para comprar coisas quando cheguei aqui sozinho - pagamos um extra.
Por lei os aluguéis não podem aumentar mais do que 15%, mas os proprietários usam as mesmas desculpas que a gente vê no Brasil para desalojar seus inquilinos e alugar por um preço muito mais alto: alguém da família vai casar e morar lá, eles querem morar na casa, blá, blá, blá.
O fato é que eu não queria pagar de novo por móveis que não são nossos e também pelo preço absurdo que estão pedindo nos Springs. Desse jeito gastamos uma grana mas ficamos com uma casa com a nossa cara - o que ajuda muito a vida do desterrado.
Por praticamente o mesmo preço de uma villa de 2 dormitórios nos Springs conseguimos uma de 3 quartos nos Arabian Ranches, que é outro condomínio ultra-gigantesco construído pela mesma construtora, mas que parece demais com o primeiro.
A diferença é que os Ranches ficam ainda mais para dentro do deserto e não tem o laguinho que todo conjunto dos Springs tem.
Para quem já se mudou mais de 20 vezes na vida, como eu, isso deveria acontecer sem dor.
Isso não é verdade. Mudar para mim continua sendo um saco.
Mas filósofos explicam porque as pessoas se mudam.
Porque elas não se lembram da última mudança, porque se lembrassem jamais sairiam do lugar onde estão.
Estamos saindo da nossa casa nos Springs. Tudo por causa do aumento insano dos aluguéis aqui em Dubai.
A nossa casa saía por 65 mil dirhams por ano há cerca de um ano. Hoje estão pedindo mais de 100 mil.
Está todo mundo ficando desesperado com isso.
E como o nosso canto é mobiliado - eu não estava com cabeça ou paciência para comprar coisas quando cheguei aqui sozinho - pagamos um extra.
Por lei os aluguéis não podem aumentar mais do que 15%, mas os proprietários usam as mesmas desculpas que a gente vê no Brasil para desalojar seus inquilinos e alugar por um preço muito mais alto: alguém da família vai casar e morar lá, eles querem morar na casa, blá, blá, blá.
O fato é que eu não queria pagar de novo por móveis que não são nossos e também pelo preço absurdo que estão pedindo nos Springs. Desse jeito gastamos uma grana mas ficamos com uma casa com a nossa cara - o que ajuda muito a vida do desterrado.
Por praticamente o mesmo preço de uma villa de 2 dormitórios nos Springs conseguimos uma de 3 quartos nos Arabian Ranches, que é outro condomínio ultra-gigantesco construído pela mesma construtora, mas que parece demais com o primeiro.
A diferença é que os Ranches ficam ainda mais para dentro do deserto e não tem o laguinho que todo conjunto dos Springs tem.
Para quem já se mudou mais de 20 vezes na vida, como eu, isso deveria acontecer sem dor.
Isso não é verdade. Mudar para mim continua sendo um saco.
Mas filósofos explicam porque as pessoas se mudam.
Porque elas não se lembram da última mudança, porque se lembrassem jamais sairiam do lugar onde estão.
Thursday, May 25, 2006
Luzes
Essa é da Íris.
Quando voltamos de Fujairah já era noite e tive que dirigir os mais ou menos 200km que separam este emirado de Dubai sem luz alguma.
Bom, pelo menos era isso que eu esperava.
Mas as rodovias daqui são completamente iluminadas - do começo ao fim. É como estar em uma avenida de centenas de quilômetros. E sem sinal.
E tudo isso sem pagar pedágio.
Essa é da Íris.
Quando voltamos de Fujairah já era noite e tive que dirigir os mais ou menos 200km que separam este emirado de Dubai sem luz alguma.
Bom, pelo menos era isso que eu esperava.
Mas as rodovias daqui são completamente iluminadas - do começo ao fim. É como estar em uma avenida de centenas de quilômetros. E sem sinal.
E tudo isso sem pagar pedágio.
As locais.
Hoje encontrei ao sair da agência uma garota Dubai que era nossa cliente.
Ela é um bom exemplo do que acontece aqui com os locais.
Ela não deve ter mais do que 28 anos e é diretora de marketing de uma das imensas companhias de construção de Dubai.
Há alguns meses ela era gerente de uma outra companhia bem menor do mesmo grupo.
As coisas aqui acontecem tão rápido que, só de ter nascido em Dubai e estar trabalhando, você é promovido uma vez quinzena.
Subir de cargo é quase tão rápido quanto a velocidade que sobem os prédios que eles estão construindo.
Às vezes você encontra carinhas de 25 aninhos que só por vestirem dish dashas (aquela roupa de milionário árabe de filme) são os rolas-grossas de companhias imensas.
Mas isso não é importante.
O importante é que eu encontrei esta ex-cliente, que é gente boa e é local.
Ela estava vestindo a Abbayah, que é a roupa preta leve que elas vestem sobre as roupas "civis". Aqui em Dubai isso é mais uma questão cultural do que religiosa. Tanto que elas usam a roupa solta e dá para ver as roupas normais por baixo. E o lenço que elas usam na cabeça também é solto, dando para ver a franja.
Bem, nem todas são assim. Quando você anda nos shoppings tem de todo tipo de mulheres do Golfo (como eles chamam esta região).
Desde as mais fashion, sem lenço na cabeça até aquelas que têm tudo, absolutamente coberto - incluindo rosto e mãos com luvas.
Algumas mulheres velhas usam a burqa, que é a máscara que cobre parte do rosto. Parece uma versão malfeita da máscara do Fantasma da Ópera ao invés daquela burqa clássica dos tempos do Taleban no Afeganistão. Aquela burqa mais parecia uma máscara de esgrima.
Voltando à dita cuja e para discutir um pouco dos estereótipos, há algum tem atrás, quando ela ainda era nossa cliente, nós fomos para Beirute para a filmagem de um comercial. 4 pessoas do lado da agência e 2 do lado do cliente - incluindo ela.
No aeroporto ela estava de abbayah. O cara que estava com ela - que sempre veste dish dasha aqui - já chegou no aeroporto de camiseta e tênis. E foi o que ele usou no resto da viagem - incluindo Amsterdam, onde ele passou 90% do tempo maconhado. Um cara muito gente fina.
Foi só a gente sair para jantar que a roupa dela já era outra. Já estava totalmente ocidentalizada.
Ela participou de uma reunião de pré-produção e no dia seguinte iria embora.
O diretor de atendimento para a conta deles nos levou para a balada nesta noite.
Os dois locais tomaram todas e a senhorita local deu uns pega-nervoso num libanês.
Gente como a gente.
Mas eu contei tudo isso para chegar a uma particularidade local que não poderia deixar de mencionar.
Todas as mulheres aqui fazem a sobrancelha. Elas deixam fininha, mas com monocelha.
E, cacete, eu conversando com ela e não conseguia parar de ficar olhando aquela monocelha.
Ainda bem que me disseram que quando você olha no meio do nariz de uma pessoa parece que estamos olhando para os olhos dela.
Espero que seja verdade.
Hoje encontrei ao sair da agência uma garota Dubai que era nossa cliente.
Ela é um bom exemplo do que acontece aqui com os locais.
Ela não deve ter mais do que 28 anos e é diretora de marketing de uma das imensas companhias de construção de Dubai.
Há alguns meses ela era gerente de uma outra companhia bem menor do mesmo grupo.
As coisas aqui acontecem tão rápido que, só de ter nascido em Dubai e estar trabalhando, você é promovido uma vez quinzena.
Subir de cargo é quase tão rápido quanto a velocidade que sobem os prédios que eles estão construindo.
Às vezes você encontra carinhas de 25 aninhos que só por vestirem dish dashas (aquela roupa de milionário árabe de filme) são os rolas-grossas de companhias imensas.
Mas isso não é importante.
O importante é que eu encontrei esta ex-cliente, que é gente boa e é local.
Ela estava vestindo a Abbayah, que é a roupa preta leve que elas vestem sobre as roupas "civis". Aqui em Dubai isso é mais uma questão cultural do que religiosa. Tanto que elas usam a roupa solta e dá para ver as roupas normais por baixo. E o lenço que elas usam na cabeça também é solto, dando para ver a franja.
Bem, nem todas são assim. Quando você anda nos shoppings tem de todo tipo de mulheres do Golfo (como eles chamam esta região).
Desde as mais fashion, sem lenço na cabeça até aquelas que têm tudo, absolutamente coberto - incluindo rosto e mãos com luvas.
Algumas mulheres velhas usam a burqa, que é a máscara que cobre parte do rosto. Parece uma versão malfeita da máscara do Fantasma da Ópera ao invés daquela burqa clássica dos tempos do Taleban no Afeganistão. Aquela burqa mais parecia uma máscara de esgrima.
Voltando à dita cuja e para discutir um pouco dos estereótipos, há algum tem atrás, quando ela ainda era nossa cliente, nós fomos para Beirute para a filmagem de um comercial. 4 pessoas do lado da agência e 2 do lado do cliente - incluindo ela.
No aeroporto ela estava de abbayah. O cara que estava com ela - que sempre veste dish dasha aqui - já chegou no aeroporto de camiseta e tênis. E foi o que ele usou no resto da viagem - incluindo Amsterdam, onde ele passou 90% do tempo maconhado. Um cara muito gente fina.
Foi só a gente sair para jantar que a roupa dela já era outra. Já estava totalmente ocidentalizada.
Ela participou de uma reunião de pré-produção e no dia seguinte iria embora.
O diretor de atendimento para a conta deles nos levou para a balada nesta noite.
Os dois locais tomaram todas e a senhorita local deu uns pega-nervoso num libanês.
Gente como a gente.
Mas eu contei tudo isso para chegar a uma particularidade local que não poderia deixar de mencionar.
Todas as mulheres aqui fazem a sobrancelha. Elas deixam fininha, mas com monocelha.
E, cacete, eu conversando com ela e não conseguia parar de ficar olhando aquela monocelha.
Ainda bem que me disseram que quando você olha no meio do nariz de uma pessoa parece que estamos olhando para os olhos dela.
Espero que seja verdade.
Tuesday, May 23, 2006
"Cuidado que areia está quente! Você vai sem chinelo?"
"Claro que sim. Não tem problema. Não preciso de chinelo não."
Se eu passasse um post inteiro contando como foi lindo o final de semana passado, como tudo deu certo, o lugar para onde fomos era lindo, a viagem transcorreu sem problemas e tivemos grandes momentos, provavelmente quem está lendo morreria de tédio. Bom, pelo menos eu que estou escrevendo morreria de tédio.
Mas não foi só assim. Felizmente.
O fato chave para este post foi uma conversa que eu tive com meu grande amigo Domenico na semana passada.
Ele me escreveu dizendo que tinha achado um site sensacional daquela cerveja Miller.
A idéia do site é em torno de leis que definem o que é ser homem e como deve se dar a interação entre homens.
É mais ou menos uma versão revista e ampliada daquele famoso email de coisas de viado.
Nós percebemos que a esta coisa macha, de fazer parte do grande grupo dos Zeca Bordoada é internacional - parte do imaginário coletivo destas criaturas peludas que gostam de assistir esporte na TV e coçar o saco.
Muitas regras já eram conhecidas, como não tomar jamais drinques coloridos, especialmente quando eles vêm em taças com guarda-chuvinhas ou reparar em como as pessoas estão vestidas.
Mas uma delas me marcou. Era nova e verdadeira.
Um homem, quando descalço na areia da praia, não deve correr jamais. Não importa o quanto a areia esteja quente.
Bom, começando a narrativa do final de semana.
Minha querida Íris, mãe da Di, está aqui conosco há umas duas semanas.
A presença dela tem sido fantástica para a gente - principalmente para a dona fofinha, que não desgruda da vovó.
Quinta-feira passada a Di teve a idéia de irmos para Fujeirah.
Fujeirah é um dos emirados que compõe os Emirados Árabes Unidos. Não é rico como Abu Dhabi e nem badalado como Dubai. Mas como disseram que o lugar tem umas praias interessantes, resolvemos dar uma passeada por lá.
Como Fujeirah fica no Golfo de Omã - do outro lado da Península Arábica - a viagem demora um pouco mais de duas horas.
E para chegar lá temos que cruzar montanhas. Montanhas estranhíssimas, aliás.
São montanhas pontudas e completamente secas. Parece uma paisagem alienígena. Muito diferente de Dubai e Abu Dhabi, onde tudo é plano e cheio de areia.
No caminho paramos em um lugar que chama Friday Market, que mais parecia uma Feira de Acari.
Tem de tudo e é um sucesso.
O que tem mais - e o que deixa a mulherada louca - são os tapetes persas. Lá é possível encontrá-los por uma fração do preço que se encontra em Dubai - que já é uma fração do que se encontra no Brasil.
Para mim todos eles parecem aqueles que você compra no DIC ou no Tapetão. Acho que não nasci para ser decorador.
A minha única participação foi dizendo que não era a hora de comprar. O famoso estraga-prazeres.
Mais montanhas pontudas e secas, alguns vilarejos construídos ao redor de oásis e chagamos a Fujeirah.
O lugar parece uma cidade de veraneio. Um monte de casarões se espalhando por quilômetros de costa. E mais sendo construídos. Parece que a mania de construir é uma coisa disseminada pelo oriente médio.
A cor do mar é inacreditável. Um azul pintado de azul impressionante.
Finalmente chegamos no hotel onde iríamos passar o dia.
É um hotelzinho meia-boca chamado Sandy Beach.
O lugar até que é razoável - se você não comparar com os mastodontes 7 estrelas de Dubai - mas o principal atrativo é a praia.
Ela fica de frente para uma ilhota onde tem um banco de coral. Você pode alugar o material de mergulho e fazer snorkeling lá.
Foi o que fizemos. A fofinha ficou com a vovó na piscina e fomos lá.
Um dos melhores mergulhos da minha vida. Vimos trigger fishes aos montes, peixes multicoloridos, baiacus, lulas, uma tartaruga e para minha surpresa, 2 barracudas.
A barracuda é a versão peixe do personagem do Samuel Jackson em Pulp Fiction.
É o peixe Bad Mother Fucker.
O nosso mergulho foi coroado com o encontro com um tubarinho. O bicho era muito pequeno para ser considerado um tubarão, mas ainda sim merecia respeito.
Foi realmente um dia esplêndido. Mas você deve estar se perguntando o que deu errado. A vida cor de rosa é ótima de se viver mas muito chata de se contar.
Bom, claro que o dia teve o seu momento máximo.
E é aí que a história do site da Miller entra.
O dia estava quente. Muito quente. A areia da praia era fofa e escura. Fomos mergulhar à uma e meia da tarde.
A distância entre o hotel e água do mar era de uns 100 metros.
E é aí que entra o diálogo
"Cuidado que areia está quente! Você vai sem chinelo?"
"Claro que sim. Não tem problema. Não preciso de chinelo não."
Eu, o macho que sou, macho brasileiro padrão internacional, dou conta do recado.
Chinelo para que?
Coloquei meus pés na areia e fui andando como um lorde.
Caramba, essa areia tá quente.
Lembre-se do site!
Caramba, essa areia tá muito quente.
Mantenha a postura, cara!
Caceta, esse negócio tá pegando fogo!
Finja que não é com você, você é um faquir agora.
Faquir o cacete!
Quando me dei por mim estava correndo como uma franga e fazendo cara de menina chorona.
E a droga da areia não acabava. A sensação era de estar correndo em cima de uma daquelas chapas de lanchonete pé sujo, junto com aquele ovo frito e as fatias de bacon.
Corri como uma bailarina os metros que faltavam e mergulhei os pés nas abençoadas águas do golfo de Oman.
Com o orgulho ferido e os pés doloridos me preparei para mergulhar.
Dane-se Miller!!!
Quem mandou ler as coisas na internet e achar que são verdade?
"Claro que sim. Não tem problema. Não preciso de chinelo não."
Se eu passasse um post inteiro contando como foi lindo o final de semana passado, como tudo deu certo, o lugar para onde fomos era lindo, a viagem transcorreu sem problemas e tivemos grandes momentos, provavelmente quem está lendo morreria de tédio. Bom, pelo menos eu que estou escrevendo morreria de tédio.
Mas não foi só assim. Felizmente.
O fato chave para este post foi uma conversa que eu tive com meu grande amigo Domenico na semana passada.
Ele me escreveu dizendo que tinha achado um site sensacional daquela cerveja Miller.
A idéia do site é em torno de leis que definem o que é ser homem e como deve se dar a interação entre homens.
É mais ou menos uma versão revista e ampliada daquele famoso email de coisas de viado.
Nós percebemos que a esta coisa macha, de fazer parte do grande grupo dos Zeca Bordoada é internacional - parte do imaginário coletivo destas criaturas peludas que gostam de assistir esporte na TV e coçar o saco.
Muitas regras já eram conhecidas, como não tomar jamais drinques coloridos, especialmente quando eles vêm em taças com guarda-chuvinhas ou reparar em como as pessoas estão vestidas.
Mas uma delas me marcou. Era nova e verdadeira.
Um homem, quando descalço na areia da praia, não deve correr jamais. Não importa o quanto a areia esteja quente.
Bom, começando a narrativa do final de semana.
Minha querida Íris, mãe da Di, está aqui conosco há umas duas semanas.
A presença dela tem sido fantástica para a gente - principalmente para a dona fofinha, que não desgruda da vovó.
Quinta-feira passada a Di teve a idéia de irmos para Fujeirah.
Fujeirah é um dos emirados que compõe os Emirados Árabes Unidos. Não é rico como Abu Dhabi e nem badalado como Dubai. Mas como disseram que o lugar tem umas praias interessantes, resolvemos dar uma passeada por lá.
Como Fujeirah fica no Golfo de Omã - do outro lado da Península Arábica - a viagem demora um pouco mais de duas horas.
E para chegar lá temos que cruzar montanhas. Montanhas estranhíssimas, aliás.
São montanhas pontudas e completamente secas. Parece uma paisagem alienígena. Muito diferente de Dubai e Abu Dhabi, onde tudo é plano e cheio de areia.
No caminho paramos em um lugar que chama Friday Market, que mais parecia uma Feira de Acari.
Tem de tudo e é um sucesso.
O que tem mais - e o que deixa a mulherada louca - são os tapetes persas. Lá é possível encontrá-los por uma fração do preço que se encontra em Dubai - que já é uma fração do que se encontra no Brasil.
Para mim todos eles parecem aqueles que você compra no DIC ou no Tapetão. Acho que não nasci para ser decorador.
A minha única participação foi dizendo que não era a hora de comprar. O famoso estraga-prazeres.
Mais montanhas pontudas e secas, alguns vilarejos construídos ao redor de oásis e chagamos a Fujeirah.
O lugar parece uma cidade de veraneio. Um monte de casarões se espalhando por quilômetros de costa. E mais sendo construídos. Parece que a mania de construir é uma coisa disseminada pelo oriente médio.
A cor do mar é inacreditável. Um azul pintado de azul impressionante.
Finalmente chegamos no hotel onde iríamos passar o dia.
É um hotelzinho meia-boca chamado Sandy Beach.
O lugar até que é razoável - se você não comparar com os mastodontes 7 estrelas de Dubai - mas o principal atrativo é a praia.
Ela fica de frente para uma ilhota onde tem um banco de coral. Você pode alugar o material de mergulho e fazer snorkeling lá.
Foi o que fizemos. A fofinha ficou com a vovó na piscina e fomos lá.
Um dos melhores mergulhos da minha vida. Vimos trigger fishes aos montes, peixes multicoloridos, baiacus, lulas, uma tartaruga e para minha surpresa, 2 barracudas.
A barracuda é a versão peixe do personagem do Samuel Jackson em Pulp Fiction.
É o peixe Bad Mother Fucker.
O nosso mergulho foi coroado com o encontro com um tubarinho. O bicho era muito pequeno para ser considerado um tubarão, mas ainda sim merecia respeito.
Foi realmente um dia esplêndido. Mas você deve estar se perguntando o que deu errado. A vida cor de rosa é ótima de se viver mas muito chata de se contar.
Bom, claro que o dia teve o seu momento máximo.
E é aí que a história do site da Miller entra.
O dia estava quente. Muito quente. A areia da praia era fofa e escura. Fomos mergulhar à uma e meia da tarde.
A distância entre o hotel e água do mar era de uns 100 metros.
E é aí que entra o diálogo
"Cuidado que areia está quente! Você vai sem chinelo?"
"Claro que sim. Não tem problema. Não preciso de chinelo não."
Eu, o macho que sou, macho brasileiro padrão internacional, dou conta do recado.
Chinelo para que?
Coloquei meus pés na areia e fui andando como um lorde.
Caramba, essa areia tá quente.
Lembre-se do site!
Caramba, essa areia tá muito quente.
Mantenha a postura, cara!
Caceta, esse negócio tá pegando fogo!
Finja que não é com você, você é um faquir agora.
Faquir o cacete!
Quando me dei por mim estava correndo como uma franga e fazendo cara de menina chorona.
E a droga da areia não acabava. A sensação era de estar correndo em cima de uma daquelas chapas de lanchonete pé sujo, junto com aquele ovo frito e as fatias de bacon.
Corri como uma bailarina os metros que faltavam e mergulhei os pés nas abençoadas águas do golfo de Oman.
Com o orgulho ferido e os pés doloridos me preparei para mergulhar.
Dane-se Miller!!!
Quem mandou ler as coisas na internet e achar que são verdade?
Tuesday, May 16, 2006
Hoje o assunto de novo é Brasil.
Sim. Eu já votei no PT.
A partir do momento que tirei meu título de eleitor eu comecei a votar no PT. Parecia uma boa alternativa aos não-partidos que existem no Brasil.
Mas teve uma hora que o PT cansou. Decidi não votar mais no Lula. Acho que foi entre a 27a. ou 38 vez que ele tentou se eleger presidente. Faz tempo.
Eu decidi não votar mais no Lula porque ele é um chato.
Hoje eu não penso mais assim. Amadureci.
Para descrever ele não sou tão simplista assim. Ele é uma figura mais complexa, cheia de nuances.
Hoje para mim o Lula é chato, burro e feio.
Sim. Eu já votei no PT.
A partir do momento que tirei meu título de eleitor eu comecei a votar no PT. Parecia uma boa alternativa aos não-partidos que existem no Brasil.
Mas teve uma hora que o PT cansou. Decidi não votar mais no Lula. Acho que foi entre a 27a. ou 38 vez que ele tentou se eleger presidente. Faz tempo.
Eu decidi não votar mais no Lula porque ele é um chato.
Hoje eu não penso mais assim. Amadureci.
Para descrever ele não sou tão simplista assim. Ele é uma figura mais complexa, cheia de nuances.
Hoje para mim o Lula é chato, burro e feio.
A gente se acostuma com tudo.
Eu acho que já escrevi isso mais de uma vez, em diferentes situações.
A gente se acostuma com o bom, com o ótimo, com o ruim e com o péssimo.
Tem gente que casa com a Sharon Stone e depois de alguns anos nem acha ela mais bonita. (Acho que usei uma referência meio fora de moda)
Tem gente que foi mandada para campo de concentração e que, depois de algum tempo, estava insensível com tudo que acontecia ao seu redor.
Nós somos assim, seres adaptáveis.
Mas quando a gente olha de fora o que está acontecendo as coisas tomam uma proporção totalmente diferente.
Foi o que aconteceu quando li na semana passada os noticiários sobre os ataques do PCC em São Paulo.
Para meu choque, e minha vergonha, não era apenas nos sites brasileiros de notícias. Todos os grandes jornais e sites de notícias estavam falando sobre a crise. Histórias terríveis sobre a baderna que tomou conta do nosso país.
Ao invés de ver as pessoas vindo perguntar sobre o futebol brasileiro ou sobre nossa música, elas têm vindo me perguntar o que é essa insanidade que está acontecendo.
Nem no Iraque coisas assim têm acontecido - e é um país invadido por uma potência opressora e que está cheio de terroristas dispostos a dar a vida para derrubar o frágil governo que está lá, tentando se estabelecer.
O Brasil não é assim.
Parece que o governo nunca existiu. Essa entidade amorfa, sem cara, sem coração, que só dá sinais de vida quando age de acordo com os próprios interesses.
E, por isso, parece que um novo governo acabou de assumir.
Um governo que comanda a vida das pessoas através do uso de celulares. Eles dão as ordens e seus capos fazem cumprir.
E as pessoas de escondem enquanto seus governantes fazem duas coisas: a festa e a polícia correr.
Eu imagino que para você, brasileiro, os recentes acontecimentos tenham sido assustadores. Mas o Brasil é assim mesmo. Os bandidos estão por aí e a gente tem que lidar com eles, deve pensar você.
Por isso ande com a janela fechada dos nossos carros blindados. Não pare no sinal vermelho à noite. Vá ao shopping porque é fechado e é seguro. More num condomínio fechado e, de prefererência, com muros muito altos e cercas eletrificadas.
Enquanto isso o governo está nas ruas ou coordenando tudo de seus escritórios nas prisões.
E aquele "outro" governo, inútil e imóvel, se dedica a cuidar dos próprios interesses e a criar uma auto-imagem completamente distorcida.
É. a gente se acostuma.
Mas a gente também se desacostuma. Felizmente.
E essas coisas para quem está aqui, tão longe, agridem, assustam, de um jeito muito forte.
Que país é esse que eu pretendo voltar no futuro? Que coisa disforme é essa que um gerações e mais gerações de governantes ineptos, corruptos e interesseiros criou?
E que gerações de cidadãos coniventes, ignorantes ou simplesmente insensíveis ajudou a manter.
Dá medo.
Mas a gente não pode cair sem lutar.
E não pode se acostumar a ficar no chão.
Eu acho que já escrevi isso mais de uma vez, em diferentes situações.
A gente se acostuma com o bom, com o ótimo, com o ruim e com o péssimo.
Tem gente que casa com a Sharon Stone e depois de alguns anos nem acha ela mais bonita. (Acho que usei uma referência meio fora de moda)
Tem gente que foi mandada para campo de concentração e que, depois de algum tempo, estava insensível com tudo que acontecia ao seu redor.
Nós somos assim, seres adaptáveis.
Mas quando a gente olha de fora o que está acontecendo as coisas tomam uma proporção totalmente diferente.
Foi o que aconteceu quando li na semana passada os noticiários sobre os ataques do PCC em São Paulo.
Para meu choque, e minha vergonha, não era apenas nos sites brasileiros de notícias. Todos os grandes jornais e sites de notícias estavam falando sobre a crise. Histórias terríveis sobre a baderna que tomou conta do nosso país.
Ao invés de ver as pessoas vindo perguntar sobre o futebol brasileiro ou sobre nossa música, elas têm vindo me perguntar o que é essa insanidade que está acontecendo.
Nem no Iraque coisas assim têm acontecido - e é um país invadido por uma potência opressora e que está cheio de terroristas dispostos a dar a vida para derrubar o frágil governo que está lá, tentando se estabelecer.
O Brasil não é assim.
Parece que o governo nunca existiu. Essa entidade amorfa, sem cara, sem coração, que só dá sinais de vida quando age de acordo com os próprios interesses.
E, por isso, parece que um novo governo acabou de assumir.
Um governo que comanda a vida das pessoas através do uso de celulares. Eles dão as ordens e seus capos fazem cumprir.
E as pessoas de escondem enquanto seus governantes fazem duas coisas: a festa e a polícia correr.
Eu imagino que para você, brasileiro, os recentes acontecimentos tenham sido assustadores. Mas o Brasil é assim mesmo. Os bandidos estão por aí e a gente tem que lidar com eles, deve pensar você.
Por isso ande com a janela fechada dos nossos carros blindados. Não pare no sinal vermelho à noite. Vá ao shopping porque é fechado e é seguro. More num condomínio fechado e, de prefererência, com muros muito altos e cercas eletrificadas.
Enquanto isso o governo está nas ruas ou coordenando tudo de seus escritórios nas prisões.
E aquele "outro" governo, inútil e imóvel, se dedica a cuidar dos próprios interesses e a criar uma auto-imagem completamente distorcida.
É. a gente se acostuma.
Mas a gente também se desacostuma. Felizmente.
E essas coisas para quem está aqui, tão longe, agridem, assustam, de um jeito muito forte.
Que país é esse que eu pretendo voltar no futuro? Que coisa disforme é essa que um gerações e mais gerações de governantes ineptos, corruptos e interesseiros criou?
E que gerações de cidadãos coniventes, ignorantes ou simplesmente insensíveis ajudou a manter.
Dá medo.
Mas a gente não pode cair sem lutar.
E não pode se acostumar a ficar no chão.
Wednesday, May 10, 2006
Não saiu caro o conserto do carro, para minha surpresa.
Anticlímax para quem estava esperando um ultra-mega-preço, não paguei tanto dinheiro assim e, melhor de tudo, recebi um dos melhores discursos motivacionais do mundo, dado pelo chefe da oficina.
Ele me contou que uma Ferrari custa 14 reais de manutenção por quilômetro rodado. E isso aqui em Dubai, que é muito mais barato.
Me senti feliz da vida em me separar do meu dinheiro depois dessa.
Que pode, pode. Quem não pode...
Anticlímax para quem estava esperando um ultra-mega-preço, não paguei tanto dinheiro assim e, melhor de tudo, recebi um dos melhores discursos motivacionais do mundo, dado pelo chefe da oficina.
Ele me contou que uma Ferrari custa 14 reais de manutenção por quilômetro rodado. E isso aqui em Dubai, que é muito mais barato.
Me senti feliz da vida em me separar do meu dinheiro depois dessa.
Que pode, pode. Quem não pode...
Monday, May 08, 2006
O que você faria com 750 mil reais?
No Brasil você pensaria em comprar uma bela casa em um condomínio, um apê bacana com 4 dormitórios e 3 vagas na garagem, uns 45 Corsas, 75 TVs de plasma, 400 geladeiras ou 150 mil saquinhos de amendoim japonês Mendorado.
Aqui em Dubai você pode comprar uma placa de automóvel.
Como assim?
Isso mesmo. Placas com números curtos ou repetidos estão à venda.
As placas normais tem uma letra e 5 números.
G 42789, J 57681 e assim por diante.
Placas com 3 ou 2 números chegam a custar mais de 1 milhão de dirhams - mais de 600 mil realetes. E algumas com 2 números repetidos apenas chegam nestes valores astronômicos. 233, 45, 77 e 88, por exemplo.
Se você estava procurando evidências de uma presença alienígena no planeta não vai encontrar nada mais estranho do que isso.
As placas são anunciadas em revistas especializadas com valores que vão de alguns milhares de reais até estes milhões extraordinários.
É uma expressão da necessidade de exibir provas da sua riqueza para os seus pares que é comum na cultura árabe.
O que me deixa curioso é saber que carro tem um sujeito que gasta mais de um milhão de dirhams numa placa. 99% de chances do carro ser mais caro que a placa - aí estamos incluindo Ferraris, Lamborghinis e Porsches.
É o caso do carro do Sheikh Mohammed - o picão-mor de Dubai, ou CEO de Dubai, como ele gosta de ser chamado.
Ele tem uma Mercedes off-road branca - uma que parece uma Land Rover Defender velha e tosca.
O carro é caro, muito caro. Mas não chega a este valor absurdo.
E sabe qual é a placa?
1
Como diria Mel Brooks, It's good to be the King.
No Brasil você pensaria em comprar uma bela casa em um condomínio, um apê bacana com 4 dormitórios e 3 vagas na garagem, uns 45 Corsas, 75 TVs de plasma, 400 geladeiras ou 150 mil saquinhos de amendoim japonês Mendorado.
Aqui em Dubai você pode comprar uma placa de automóvel.
Como assim?
Isso mesmo. Placas com números curtos ou repetidos estão à venda.
As placas normais tem uma letra e 5 números.
G 42789, J 57681 e assim por diante.
Placas com 3 ou 2 números chegam a custar mais de 1 milhão de dirhams - mais de 600 mil realetes. E algumas com 2 números repetidos apenas chegam nestes valores astronômicos. 233, 45, 77 e 88, por exemplo.
Se você estava procurando evidências de uma presença alienígena no planeta não vai encontrar nada mais estranho do que isso.
As placas são anunciadas em revistas especializadas com valores que vão de alguns milhares de reais até estes milhões extraordinários.
É uma expressão da necessidade de exibir provas da sua riqueza para os seus pares que é comum na cultura árabe.
O que me deixa curioso é saber que carro tem um sujeito que gasta mais de um milhão de dirhams numa placa. 99% de chances do carro ser mais caro que a placa - aí estamos incluindo Ferraris, Lamborghinis e Porsches.
É o caso do carro do Sheikh Mohammed - o picão-mor de Dubai, ou CEO de Dubai, como ele gosta de ser chamado.
Ele tem uma Mercedes off-road branca - uma que parece uma Land Rover Defender velha e tosca.
O carro é caro, muito caro. Mas não chega a este valor absurdo.
E sabe qual é a placa?
1
Como diria Mel Brooks, It's good to be the King.
Sunday, May 07, 2006
Meu carro quebrou, de novo.
Grande começo. Uma verdade que eu descobri depois de uma vida contando histórias - todos sabem como eu gosto de falar - é que as pessoas adoram ouvir coisas sobre quando você se deu mal.
Os amigos gostam de lembrar quando você passou mal depois de beber muito, quando você tomou um tombão ou deu beijo em mulher feia.
Felicidade não vende e não atrai. A galera gosta de ver o circo pegar fogo.
Imagina eu contando uma história de como estava tudo tão lindo e maravilhoso, como o céu estava azul enquando eu ouvia uma música fantástica que me despertava muitas memórias bonitas e, quando dei por mim, havia chegado no trabalho para mais um glorioso dia.
Quem não tivesse dormido antes do fim deste relato ia achar que eu sou boiola.
Mas quando eu conto que o desgraçado do carro quebrou de novo, que estava fazendo um barulho de um liquidificador com um parafuso dentro antes de parar de vez, no meio de uma das estradas mais movimentadas e perigosas dos Emirados - e quando eu digo no meio, estou querendo dizer NO MEIO mesmo, tive que empurrar aquele carro monstruoso para o acostamento - e que tudo isso aconteceu com uma nuvem de vapor saindo do capô, parecendo o motor da Ferrari do Rubinho, com certeza todo mundo vai ficar interessado.
E, melhor de tudo, quando abro o capô emputecido - coisa que não sei exatamente porque a gente faz, já que não entendemos lhufas de mecânica - fora o vapor vejo um líquido verde espalhado por todo o motor.
"Céus, atropelei um alien!" Foi o meu primeiro pensamento.
Mas a solução para este pequeno mistério era simples. Na última parada na mecânica, onde gastei uma fábula para deixar o carro amaldiçoado em condições de rodagem, eles colocaram um troço verde na água do radiador.
E, quando a mangueira do radiador explodiu - e olha que eu consegui entender isso sozinho - essa meleca que parece sangue de ET foi para todo lado.
Chama o socorro e leva para os malditos mecânicos darem uma olhada.
Eu estou insistindo com eles para ver se eles se afeiçoam pelo carro, já que vêem ele com tanta frequência.
Claro que tudo isso aconteceu às 7h20 da matina, e eu estava na estrada já tão cedo para poder chegar no trabalho e resolver 3748 coisas pendentes.
A maior aventura do dia, fora ficar imaginando qual caminhão iria acertar meu carro, já que eu parei em um mega balão - roundabout como eles chamam por aqui - foi explicar para o motorista indiano do guincho onde eu estava.
E olha que era fácil.
Agora estou esperando para ver qual vai ser a facada. De novo.
Viu só como eu consegui manter o seu interesse?
É só o circo pegar fogo que todos vêm ver os palhaços correndo.
Ou empurrando o carro.
Grande começo. Uma verdade que eu descobri depois de uma vida contando histórias - todos sabem como eu gosto de falar - é que as pessoas adoram ouvir coisas sobre quando você se deu mal.
Os amigos gostam de lembrar quando você passou mal depois de beber muito, quando você tomou um tombão ou deu beijo em mulher feia.
Felicidade não vende e não atrai. A galera gosta de ver o circo pegar fogo.
Imagina eu contando uma história de como estava tudo tão lindo e maravilhoso, como o céu estava azul enquando eu ouvia uma música fantástica que me despertava muitas memórias bonitas e, quando dei por mim, havia chegado no trabalho para mais um glorioso dia.
Quem não tivesse dormido antes do fim deste relato ia achar que eu sou boiola.
Mas quando eu conto que o desgraçado do carro quebrou de novo, que estava fazendo um barulho de um liquidificador com um parafuso dentro antes de parar de vez, no meio de uma das estradas mais movimentadas e perigosas dos Emirados - e quando eu digo no meio, estou querendo dizer NO MEIO mesmo, tive que empurrar aquele carro monstruoso para o acostamento - e que tudo isso aconteceu com uma nuvem de vapor saindo do capô, parecendo o motor da Ferrari do Rubinho, com certeza todo mundo vai ficar interessado.
E, melhor de tudo, quando abro o capô emputecido - coisa que não sei exatamente porque a gente faz, já que não entendemos lhufas de mecânica - fora o vapor vejo um líquido verde espalhado por todo o motor.
"Céus, atropelei um alien!" Foi o meu primeiro pensamento.
Mas a solução para este pequeno mistério era simples. Na última parada na mecânica, onde gastei uma fábula para deixar o carro amaldiçoado em condições de rodagem, eles colocaram um troço verde na água do radiador.
E, quando a mangueira do radiador explodiu - e olha que eu consegui entender isso sozinho - essa meleca que parece sangue de ET foi para todo lado.
Chama o socorro e leva para os malditos mecânicos darem uma olhada.
Eu estou insistindo com eles para ver se eles se afeiçoam pelo carro, já que vêem ele com tanta frequência.
Claro que tudo isso aconteceu às 7h20 da matina, e eu estava na estrada já tão cedo para poder chegar no trabalho e resolver 3748 coisas pendentes.
A maior aventura do dia, fora ficar imaginando qual caminhão iria acertar meu carro, já que eu parei em um mega balão - roundabout como eles chamam por aqui - foi explicar para o motorista indiano do guincho onde eu estava.
E olha que era fácil.
Agora estou esperando para ver qual vai ser a facada. De novo.
Viu só como eu consegui manter o seu interesse?
É só o circo pegar fogo que todos vêm ver os palhaços correndo.
Ou empurrando o carro.
Tuesday, May 02, 2006
Friday, April 21, 2006
Toto, we are not in Kansas anymore...
Como é a sensação de estar do lado de um múlti-bilionário? E como é a sensação de encontrar por acaso o governante de um país andando num shopping?
Como algumas pessoas já devem saber, a agência onde eu trabalho fica nas Emirates Towers - por enquanto os prédios mais altos de do Oriente Médio.
Por acaso o CEO de Dubai - como o Sheikh Mohammad gosta de ser chamado - tem um escritório aqui.
Também por acaso ele é o dono do prédio.
Eis que esta semana eu estava voltando de um almoço no McDonald's (é junk food é como um vírus, se espalha para todo lado), que fica fora das torres e entrei pelo shopping que fica na base dos prédios. Um shopping ultra-sofisticado e caro onde estão as marcas mais cobiçadas desta fútil indústria do luxo.
Então eu vejo um grupo de 3 carinhas usando as dish dashas - aquela roupinha de petromilionário ou de árabe de carnaval, dependendo do seu universo de referência - andando ali na maior tranquilidade.
E o cara do centro era O Cara.
Sheikh Mohammad himself. Andando na boa como um mero mortal - ou assalariado.
Sem segurança, sem dezenas de repórteres seguindo, indo bater um rango no Scarlett's - um restaurante que eu considero meia-boquérrimo com estilo americano: hambúrgueres, pizza, uns troços de frango e um monte de appetizers caros.
E o cara estava pedindo uma mesa para a hostess.
Já imaginou ela: "mesa para 3, fumante ou não fumante? A espera é de 20 minutos, tudo bem para o senhor?"
A gente vive tão emparedado no Brasil que é estranho levar uma vida normal ou ver alguém levando uma vida normal - especialmente se esta pessoa é completamente anormal.
Alá Lá Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô...
Como é a sensação de estar do lado de um múlti-bilionário? E como é a sensação de encontrar por acaso o governante de um país andando num shopping?
Como algumas pessoas já devem saber, a agência onde eu trabalho fica nas Emirates Towers - por enquanto os prédios mais altos de do Oriente Médio.
Por acaso o CEO de Dubai - como o Sheikh Mohammad gosta de ser chamado - tem um escritório aqui.
Também por acaso ele é o dono do prédio.
Eis que esta semana eu estava voltando de um almoço no McDonald's (é junk food é como um vírus, se espalha para todo lado), que fica fora das torres e entrei pelo shopping que fica na base dos prédios. Um shopping ultra-sofisticado e caro onde estão as marcas mais cobiçadas desta fútil indústria do luxo.
Então eu vejo um grupo de 3 carinhas usando as dish dashas - aquela roupinha de petromilionário ou de árabe de carnaval, dependendo do seu universo de referência - andando ali na maior tranquilidade.
E o cara do centro era O Cara.
Sheikh Mohammad himself. Andando na boa como um mero mortal - ou assalariado.
Sem segurança, sem dezenas de repórteres seguindo, indo bater um rango no Scarlett's - um restaurante que eu considero meia-boquérrimo com estilo americano: hambúrgueres, pizza, uns troços de frango e um monte de appetizers caros.
E o cara estava pedindo uma mesa para a hostess.
Já imaginou ela: "mesa para 3, fumante ou não fumante? A espera é de 20 minutos, tudo bem para o senhor?"
A gente vive tão emparedado no Brasil que é estranho levar uma vida normal ou ver alguém levando uma vida normal - especialmente se esta pessoa é completamente anormal.
Alá Lá Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô...
Thursday, April 20, 2006
Hoje a Carolina mandou uma muito boa.
Eu estava preparando um leite com chocolate (aqui não tem Nescau) meio distraído com a pequena do lado.
Aí eu derramei um pouco do leite na mesa e ela veio com essa.
"Você fez sujeila, papai. Isso é muito feio. A Calolina tá blava com você"
E tudo isso com ela fazendo cara de brava e com aquela vozinha dos pequeninos.
Esta vai para o backup.
Eu estava preparando um leite com chocolate (aqui não tem Nescau) meio distraído com a pequena do lado.
Aí eu derramei um pouco do leite na mesa e ela veio com essa.
"Você fez sujeila, papai. Isso é muito feio. A Calolina tá blava com você"
E tudo isso com ela fazendo cara de brava e com aquela vozinha dos pequeninos.
Esta vai para o backup.
Wednesday, April 19, 2006
Estas últimas semanas foram MUITO corridas.
Estou me sentindo muito culpado por não ter atualizado o blog. O pior é que tenho uns 20 posts para escrever - tem muita coisa para contar.
Uma coisa eu já posso adiantar: a sexta-feira santa aqui foi inesperada.
Inesperada porque fomos convidados para um almoço na casa dos nossos amigos brasileiros em que teve até moqueca.
E o dia acabou com a gente jogando truco no jardim.
Às vezes nem dá para acreditar que a gente está no Oriente Médio...
Estou me sentindo muito culpado por não ter atualizado o blog. O pior é que tenho uns 20 posts para escrever - tem muita coisa para contar.
Uma coisa eu já posso adiantar: a sexta-feira santa aqui foi inesperada.
Inesperada porque fomos convidados para um almoço na casa dos nossos amigos brasileiros em que teve até moqueca.
E o dia acabou com a gente jogando truco no jardim.
Às vezes nem dá para acreditar que a gente está no Oriente Médio...
Tuesday, April 11, 2006
Amanhã faz 10 meses que cheguei a Dubai.
Parecem que foram uns 10 anos.
Olhando para trás é impressionante que todas as coisas que antes pareciam extraordinárias hoje fazem parte do meu dia a dia, às vezes nem percebidas.
O ser humano é dominou o planeta Terra por causa da sua capacidade de se adaptar.
E eu, que pensei que ia ser difícil ficar mais do que três meses, estou aqui.
Parecem que foram uns 10 anos.
Olhando para trás é impressionante que todas as coisas que antes pareciam extraordinárias hoje fazem parte do meu dia a dia, às vezes nem percebidas.
O ser humano é dominou o planeta Terra por causa da sua capacidade de se adaptar.
E eu, que pensei que ia ser difícil ficar mais do que três meses, estou aqui.
Friday, March 31, 2006
À indiana.
Como algumas pessoas devem saber, Dubai tem mais estrangeiros do que locais. Não apenas mais, muito mais.
80% da população aqui é de estrangeiros. E 60% deles são indianos.
Eles estão para todos os lados - principalmente porque a maioria trabalha em obras ou dirigem taxis, coisa que não falta por aqui. Mão de obra farta e barata.
Pense em Dubai como uma versão oriental do Sul Maravilha para toda a Ásia. Os nordestinos de todo o mundo vem para cá. Indianos, paquistaneses, filipinos, tailandeses, iranianos, chineses, gente de todo o lado.
Humildes de todos os lados vêm para tentar a sorte na cidade grande e cheia de dinheiro. Moram em espeluncas (sempre quis usar essa palavra em um texto) com grupos enormes de gente com esperança de mudar a vida e mandar dinheiro para casa de tempos em tempos.
E como ralam para isso.
Mas os indianos são a maioria disparada. O país-continente que tem mais de um bilhão de habitantes produz de tudo, das mentes mais brilhantes aos seres mais toscos.
E quando falamos sobre tosquidão eles conseguem superar tudo que se tem notícia.
Quando você está na praia e a tarde está no fim ela começa a ficar cheia de trabalhadores das construções da região. Eles andam em bandos, todos coladinhos e alguns com as mãos dadas.
Por mais que eu contenha este preconceito idiota e faça força para incorporar o meu lado cidadão-do-mundo-mente-aberta-puta-cara-cabeça eu vejo surgir dentro de mim aquela necessidade irresistível de incorporar o Didi Mocó e falar "hmmmmmm, ô da poltrona, o rapaz camufla..."
Eles andam pela praia usando roupas pesadas - tanto túnicas quanto camisas xadrez e calça comprida e sapato - naquele calor do cacete e à beira-mar. E, para completar a imagem de tosquidão, ficam secando que nem lobos famintos durante o inverno todas as mulheres da praia. Coisa irritante.
Quando me sinto muito superior lembro das praias no litoral norte onde os imbecis de São Paulo param seus carrões, abrem o porta-malas para tocar Axé music em decibéis que alcançam quase 4 dígitos enquanto tomam cerveja e mexem com a mulherada e percebo que a tosquidão tem muitas formas.
Eles não tem É o Tchan!
Mas essa é uma característica deles. Os caras sempre andam em bando, coladinhos. Deve ser essa a maneira que eles encontram para se sentir em casa.
Num país superpovoado é natural estar colado em alguém. Um bom amigo meu - indiano - estava me contando que em Mumbai - antiga Bombaim - tem tanta gente que tem pessoas que moram naquelas ilhas que ficam no meio das avenidas. Isso mesmo, naquele trechinho de calçada que separa os dois lados da avenida.
Outro pedaço de informação interessante veio de uma comissária da Emirates que é brasileira.
Como aqui estamos falando de vários países que estão separados por oceanos, montanhas e guerras civis, não existe a versão local do pau-de-arara. Todos viajam de avião - inclusive os mais toscos.
Imagina como é para um cara que nunca viajou de avião e que está viajando para trabalhar em uma obra imensa 6 dias por semana, 12 horas por dia numa temperatura que pode chegar a 50 graus e para descansar ao final da jornada de trabalho vai dividir um barracão com outros 23 indivíduos.
Ela me disse que nem dá para mencionar que existem opções de comida. Primeiro eles não entendem inglês e segundo eles não entendem que não precisam pagar pela comida.
Do lado esquerdo, frango e 7UP. Do direito, macarrão e Pepsi.
Se não for assim vai ser o caos.
E os banheiros fazem as latrinas do morumbi no dia de Curíntia e Parmeira parecer o banheiro do Fasano em comparação.
Vida dura essa de comissária.
Mas foi ela que me fez atentar para um pedaço de informação essencial.
Por que Fila Indiana?
Porque a na Índia tem tanta gente que se você abrir um espacinho para o cara da frente entram uns 9 no meio.
Olha a ficha caindo...
Como algumas pessoas devem saber, Dubai tem mais estrangeiros do que locais. Não apenas mais, muito mais.
80% da população aqui é de estrangeiros. E 60% deles são indianos.
Eles estão para todos os lados - principalmente porque a maioria trabalha em obras ou dirigem taxis, coisa que não falta por aqui. Mão de obra farta e barata.
Pense em Dubai como uma versão oriental do Sul Maravilha para toda a Ásia. Os nordestinos de todo o mundo vem para cá. Indianos, paquistaneses, filipinos, tailandeses, iranianos, chineses, gente de todo o lado.
Humildes de todos os lados vêm para tentar a sorte na cidade grande e cheia de dinheiro. Moram em espeluncas (sempre quis usar essa palavra em um texto) com grupos enormes de gente com esperança de mudar a vida e mandar dinheiro para casa de tempos em tempos.
E como ralam para isso.
Mas os indianos são a maioria disparada. O país-continente que tem mais de um bilhão de habitantes produz de tudo, das mentes mais brilhantes aos seres mais toscos.
E quando falamos sobre tosquidão eles conseguem superar tudo que se tem notícia.
Quando você está na praia e a tarde está no fim ela começa a ficar cheia de trabalhadores das construções da região. Eles andam em bandos, todos coladinhos e alguns com as mãos dadas.
Por mais que eu contenha este preconceito idiota e faça força para incorporar o meu lado cidadão-do-mundo-mente-aberta-puta-cara-cabeça eu vejo surgir dentro de mim aquela necessidade irresistível de incorporar o Didi Mocó e falar "hmmmmmm, ô da poltrona, o rapaz camufla..."
Eles andam pela praia usando roupas pesadas - tanto túnicas quanto camisas xadrez e calça comprida e sapato - naquele calor do cacete e à beira-mar. E, para completar a imagem de tosquidão, ficam secando que nem lobos famintos durante o inverno todas as mulheres da praia. Coisa irritante.
Quando me sinto muito superior lembro das praias no litoral norte onde os imbecis de São Paulo param seus carrões, abrem o porta-malas para tocar Axé music em decibéis que alcançam quase 4 dígitos enquanto tomam cerveja e mexem com a mulherada e percebo que a tosquidão tem muitas formas.
Eles não tem É o Tchan!
Mas essa é uma característica deles. Os caras sempre andam em bando, coladinhos. Deve ser essa a maneira que eles encontram para se sentir em casa.
Num país superpovoado é natural estar colado em alguém. Um bom amigo meu - indiano - estava me contando que em Mumbai - antiga Bombaim - tem tanta gente que tem pessoas que moram naquelas ilhas que ficam no meio das avenidas. Isso mesmo, naquele trechinho de calçada que separa os dois lados da avenida.
Outro pedaço de informação interessante veio de uma comissária da Emirates que é brasileira.
Como aqui estamos falando de vários países que estão separados por oceanos, montanhas e guerras civis, não existe a versão local do pau-de-arara. Todos viajam de avião - inclusive os mais toscos.
Imagina como é para um cara que nunca viajou de avião e que está viajando para trabalhar em uma obra imensa 6 dias por semana, 12 horas por dia numa temperatura que pode chegar a 50 graus e para descansar ao final da jornada de trabalho vai dividir um barracão com outros 23 indivíduos.
Ela me disse que nem dá para mencionar que existem opções de comida. Primeiro eles não entendem inglês e segundo eles não entendem que não precisam pagar pela comida.
Do lado esquerdo, frango e 7UP. Do direito, macarrão e Pepsi.
Se não for assim vai ser o caos.
E os banheiros fazem as latrinas do morumbi no dia de Curíntia e Parmeira parecer o banheiro do Fasano em comparação.
Vida dura essa de comissária.
Mas foi ela que me fez atentar para um pedaço de informação essencial.
Por que Fila Indiana?
Porque a na Índia tem tanta gente que se você abrir um espacinho para o cara da frente entram uns 9 no meio.
Olha a ficha caindo...
Thursday, March 30, 2006
Good Night and Good Luck.
Como é possível que o maldito do George Clooney também seja um cineasta de primeira?
O cara é galã, ganha milhões, joga bem basquete, é bom ator e agora também é um diretor de primeira linha?
O cara merece a morte!
Ontem assisti Good Night and Good Luck, este filme sobre a luta entre um jornalista e o senador republicano Joseph McCarthy, um paranóico conspiracionista que estava promovendo a caça aos comunistas nos anos 50 nos EUA.
O filme é brilhante. Simples, econômico e maduro.
O roteiro impecável e as os textos do Edward R. Murrow - o tal jornalista - são citações exatas do que ele havia dito nos anos 50.
Uma defesa brilhante das liberdades que estão garantidas na constituição americana - e que são ignoradas de tempos em tempos para justificar causas diversas.
O cara dominava absolutamente a capacidade de se expressar. Dá inveja.
Sobra pancada para todos os lados: o congresso, o governo, a televisão e mesmo a apatia do povo americano em aceitar tudo. Mas que leva mesmo o golpe é o governo de George Bush e seu Patriot Act, que distorce o conceito de liberdades individuais para defender - surpresa - a liberdade.
Liberdade, essa palavrinha que parece que perdeu o sentido e virou apenas a justificativa para agir em favor de certos grupos de poder.
Ontem eu li uma frase excelente que tem tudo a ver com isso:
"Democracia é eu mandando em você.
Ditadura é você mandando em mim."
O filme é todo em preto e branco. Uma metáfora sobre um tempo em que todas as verdades pareciam claras e definitivas.
Como é possível que o maldito do George Clooney também seja um cineasta de primeira?
O cara é galã, ganha milhões, joga bem basquete, é bom ator e agora também é um diretor de primeira linha?
O cara merece a morte!
Ontem assisti Good Night and Good Luck, este filme sobre a luta entre um jornalista e o senador republicano Joseph McCarthy, um paranóico conspiracionista que estava promovendo a caça aos comunistas nos anos 50 nos EUA.
O filme é brilhante. Simples, econômico e maduro.
O roteiro impecável e as os textos do Edward R. Murrow - o tal jornalista - são citações exatas do que ele havia dito nos anos 50.
Uma defesa brilhante das liberdades que estão garantidas na constituição americana - e que são ignoradas de tempos em tempos para justificar causas diversas.
O cara dominava absolutamente a capacidade de se expressar. Dá inveja.
Sobra pancada para todos os lados: o congresso, o governo, a televisão e mesmo a apatia do povo americano em aceitar tudo. Mas que leva mesmo o golpe é o governo de George Bush e seu Patriot Act, que distorce o conceito de liberdades individuais para defender - surpresa - a liberdade.
Liberdade, essa palavrinha que parece que perdeu o sentido e virou apenas a justificativa para agir em favor de certos grupos de poder.
Ontem eu li uma frase excelente que tem tudo a ver com isso:
"Democracia é eu mandando em você.
Ditadura é você mandando em mim."
O filme é todo em preto e branco. Uma metáfora sobre um tempo em que todas as verdades pareciam claras e definitivas.
Tuesday, March 28, 2006
Comemoração.
Ontem foi aniversário da Dri. Para comemorar ela se presenteou com a caixa da série Lost.
Viciante.
Ontem assistimos 6 episódios, aproveitando que a a dona fofinha foi dormir cedo.
Fomos dormir com vontade de ver mais.
O meu presente foi meio diferente: registrei uma estrela com o nome dela.
Eu gostei da idéia de dar um presente que vai durar alguns bilhões de anos e que, se por acaso um dia for encontrada uma civilização alienígena por lá, eles vão ser chamados de Adrianos.
Tudo isso por um punhado de dólares.
E eles aceitam cartão.
Ontem foi aniversário da Dri. Para comemorar ela se presenteou com a caixa da série Lost.
Viciante.
Ontem assistimos 6 episódios, aproveitando que a a dona fofinha foi dormir cedo.
Fomos dormir com vontade de ver mais.
O meu presente foi meio diferente: registrei uma estrela com o nome dela.
Eu gostei da idéia de dar um presente que vai durar alguns bilhões de anos e que, se por acaso um dia for encontrada uma civilização alienígena por lá, eles vão ser chamados de Adrianos.
Tudo isso por um punhado de dólares.
E eles aceitam cartão.
Sunday, March 19, 2006
Os Deuses devem estar putos.
Eu não sou um cara com muitos sonhos de consumo. Meus gostos são simples: gosto de livros, filmes e de viajar.
Nada de gadgets eletrônicos, relógios caros, roupas de griffe e outras frescuras.
Mas uma coisa acontece de vez em quando. Eu tenho vontade de ter um carro específico. Pode ser uma caminhonete - carro de egoísta em que só cabem dois - um dojão que vive dando problema e, como aconteceu recentemente, uma Pajero do modelo antigo.
Eu tinha essa vontade de ter uma Pajero há uns 3 anos. No Brasil não rolava - o seguro era caro, a manutenção era muito cara e o carro em si era como um cartão de visitas que dizia aos bandido "por favor, me seqüestre", mesmo que uma Pajero usada estivesse custando menos do que um Fiesta Totalflex.
Aqui era totalmente diferente: o carro estava barato e, se alguém tentar me seqüestrar e for pego eles cortam a mão ou algo pior.
Então tratei de satisfazer essa vontade. Comprei uma Pajero usada - bem usada, aliás, mas em grande forma.
Os primeiros meses foram bons. Um um monte de coisinhas para fazer no carro mas tudo estava indo às mil maravilhas.
Há mais ou menos umas duas semanas eu resolvi fazer aquele pitstop. Tinha um barulho me incomodando que justificava a parada e lá fui eu.
4 dias sem carro e uma pusta grana gasta. Acho que trocaram metade das peças da Pajero.
E o maldito barulho ainda estava lá.
Raiva.
Fiquei de levar o carro para resolver este problema outro dia - não aguentava mais ficar sem carro em Dubai.
Aí veio o sábado. A Dri não deveria ir trabalhar no sábado, mas o big boss da microsoft golfo tinha marcado uma megareunião.
Ela ficou com o carro durante e manhã, pegou a gente para almoçar e a deixamos na firrrrrrma.
Sete da noite e ela nos chama para buscá-la. Coloco a dona fofinha no assento - o que foi um parto, porque a pequena estava com a bateria no fim e ligo o carro.
Por falar em bateria...
A dita cuja estava no sofrendo seus últimos momentos de vida. Pelo menos assim eu pensava.
Nada de ligar o carro. Liguei para Dri e disse para ela pegar um taxi. Não dava para fazer nada.
Mais uma vez deu aquela sensação de estar perdido numa terra estranha e que não faz sentido. Quem chamar numa situação dessas?
O seguro meia-boca só serve para cobrir os custos da destruição total e parcial do seu carro e o de terceiros que por ventura venham a ser atingidos pelo mesmo.
A única coisa que me ocorreu naquele momento foi ligar para um amigo sírio aqui da agência. Ele mora em Dubai há uns 19 anos e com certeza ele teria todas as respostas.
Bom, as respostas ele não tinha, mas tinha os cabos necessários para fazer uma chupeta. Por favor, não pensem nada errado. Era só para recarregar a bateria.
Sábado à noite e lá vem ele até minha casa para fazer o carro pegar, para eu poder ir pelo menos até um mecânico 24 horas para trocar a bateria - se fosse este o problema.
Funcionou. Agradeci ao meu amigo e lá fui eu enfrentar a noite dubaiana.
Logo após sair do condomínio o carro começou a perder potência. Estranho. De repente os instrumentos não funcionavam mais e o carro foi ficando fraco, fraquinho, muito fraco...
Tentei voltar para casa mas não deu.
Parei no meio da estrada.
Chamo de novo o meu amigo. Coitado.
Mais uma tentativa. Oba! Acho que agora vai dar.
Para encurtar o caminho pego a estrada que fica atrás do condomínio - a Al Khail Road. Uma estrada de alta velocidade e cheia de caminhões. Para completar o cenário tem uma tempestade de areia acontecendo e ela está ficando cada vez mais forte.
Peguei a estrada e, depois de andar o suficiente para estar longe de qualquer coisa, o carro moribundo dá o seu último suspiro.
Nestas horas que eu agradeço pelo irritante telefone celular.
Chamei meu amigo de novo. Coitado, de novo. Não teve jeito, era um carro perdido.
Lá fiquei eu tentando entrar em contato com o mecânico que arrancou meu couro uma semana antes para me socorrer.
Sabe aquele náufrago que se salvou em um bote-salva vidas e passa meses à deriva sem salvação, vendo os barcos passarem.
Os barcos no caso eram caminhões passando à toda velocidade, chacoalhando a Pajero como se ela fosse um Uno Mille com uma galera dançando Techno dentro.
E tinha a tempestade de areia também. E eu estava no meio do deserto. De noite. Tudo isso no mesmo pacote.
Quer mais? Vamos adicionar mais um elemento exótico na mistura para dar um sabor único.
Começou a chover.
Caceta, o que falta mais acontecer?
O socorro demorar.
E demorou mais de uma hora e meia.
Lá estava eu, um náufrago terrestre o meio de uma tempestade de areia com chuva (!) no meio do deserto em uma das estradas mais perigosas do mundo.
A salvação surgiu na forma de um indiano no seu caminhão reboque. Tivemos altos papos, onde ele deve ter entendido no máximo umas 3 palavras. Mas nos divertimos bastante.
Ele colocou a Pajero na carreta e me levou até a mecânica, que claro, estava fechada na hora.
Mas os caras estavam preparados no dia seguinte para pegar meu carro, eliminar os problemas e eliminar qualquer vestígio de dinheiro do meu bolso.
Assim foi. Acho que as peças que eles ainda não tinham trocado no motor foram todas trocas. Pelo menos foi isso o que o meu bolso disse.
Quando um mecânico te diz para sentar quando vai te contar o valor do conserto nós sabemos que a coisa é séria.
Nós somos realmente totalmente reféns dos mecânicos, dada a nossa ignorância quanto aos assuntos, digamos, mecânicos.
Agora pensem como é quando alguém te diz que o problema é na rebimboca da parafuseta, mas em inglês!
Aí somos mais reféns que nunca.
Pelo menos uma coisa boa eu posso dizer sobre toda essa história: o chefe da oficina - um australiano - sabia falar meu nome direitinho! E olha que eu nem ensinei.
Always look at the bright side of life.
Eu não sou um cara com muitos sonhos de consumo. Meus gostos são simples: gosto de livros, filmes e de viajar.
Nada de gadgets eletrônicos, relógios caros, roupas de griffe e outras frescuras.
Mas uma coisa acontece de vez em quando. Eu tenho vontade de ter um carro específico. Pode ser uma caminhonete - carro de egoísta em que só cabem dois - um dojão que vive dando problema e, como aconteceu recentemente, uma Pajero do modelo antigo.
Eu tinha essa vontade de ter uma Pajero há uns 3 anos. No Brasil não rolava - o seguro era caro, a manutenção era muito cara e o carro em si era como um cartão de visitas que dizia aos bandido "por favor, me seqüestre", mesmo que uma Pajero usada estivesse custando menos do que um Fiesta Totalflex.
Aqui era totalmente diferente: o carro estava barato e, se alguém tentar me seqüestrar e for pego eles cortam a mão ou algo pior.
Então tratei de satisfazer essa vontade. Comprei uma Pajero usada - bem usada, aliás, mas em grande forma.
Os primeiros meses foram bons. Um um monte de coisinhas para fazer no carro mas tudo estava indo às mil maravilhas.
Há mais ou menos umas duas semanas eu resolvi fazer aquele pitstop. Tinha um barulho me incomodando que justificava a parada e lá fui eu.
4 dias sem carro e uma pusta grana gasta. Acho que trocaram metade das peças da Pajero.
E o maldito barulho ainda estava lá.
Raiva.
Fiquei de levar o carro para resolver este problema outro dia - não aguentava mais ficar sem carro em Dubai.
Aí veio o sábado. A Dri não deveria ir trabalhar no sábado, mas o big boss da microsoft golfo tinha marcado uma megareunião.
Ela ficou com o carro durante e manhã, pegou a gente para almoçar e a deixamos na firrrrrrma.
Sete da noite e ela nos chama para buscá-la. Coloco a dona fofinha no assento - o que foi um parto, porque a pequena estava com a bateria no fim e ligo o carro.
Por falar em bateria...
A dita cuja estava no sofrendo seus últimos momentos de vida. Pelo menos assim eu pensava.
Nada de ligar o carro. Liguei para Dri e disse para ela pegar um taxi. Não dava para fazer nada.
Mais uma vez deu aquela sensação de estar perdido numa terra estranha e que não faz sentido. Quem chamar numa situação dessas?
O seguro meia-boca só serve para cobrir os custos da destruição total e parcial do seu carro e o de terceiros que por ventura venham a ser atingidos pelo mesmo.
A única coisa que me ocorreu naquele momento foi ligar para um amigo sírio aqui da agência. Ele mora em Dubai há uns 19 anos e com certeza ele teria todas as respostas.
Bom, as respostas ele não tinha, mas tinha os cabos necessários para fazer uma chupeta. Por favor, não pensem nada errado. Era só para recarregar a bateria.
Sábado à noite e lá vem ele até minha casa para fazer o carro pegar, para eu poder ir pelo menos até um mecânico 24 horas para trocar a bateria - se fosse este o problema.
Funcionou. Agradeci ao meu amigo e lá fui eu enfrentar a noite dubaiana.
Logo após sair do condomínio o carro começou a perder potência. Estranho. De repente os instrumentos não funcionavam mais e o carro foi ficando fraco, fraquinho, muito fraco...
Tentei voltar para casa mas não deu.
Parei no meio da estrada.
Chamo de novo o meu amigo. Coitado.
Mais uma tentativa. Oba! Acho que agora vai dar.
Para encurtar o caminho pego a estrada que fica atrás do condomínio - a Al Khail Road. Uma estrada de alta velocidade e cheia de caminhões. Para completar o cenário tem uma tempestade de areia acontecendo e ela está ficando cada vez mais forte.
Peguei a estrada e, depois de andar o suficiente para estar longe de qualquer coisa, o carro moribundo dá o seu último suspiro.
Nestas horas que eu agradeço pelo irritante telefone celular.
Chamei meu amigo de novo. Coitado, de novo. Não teve jeito, era um carro perdido.
Lá fiquei eu tentando entrar em contato com o mecânico que arrancou meu couro uma semana antes para me socorrer.
Sabe aquele náufrago que se salvou em um bote-salva vidas e passa meses à deriva sem salvação, vendo os barcos passarem.
Os barcos no caso eram caminhões passando à toda velocidade, chacoalhando a Pajero como se ela fosse um Uno Mille com uma galera dançando Techno dentro.
E tinha a tempestade de areia também. E eu estava no meio do deserto. De noite. Tudo isso no mesmo pacote.
Quer mais? Vamos adicionar mais um elemento exótico na mistura para dar um sabor único.
Começou a chover.
Caceta, o que falta mais acontecer?
O socorro demorar.
E demorou mais de uma hora e meia.
Lá estava eu, um náufrago terrestre o meio de uma tempestade de areia com chuva (!) no meio do deserto em uma das estradas mais perigosas do mundo.
A salvação surgiu na forma de um indiano no seu caminhão reboque. Tivemos altos papos, onde ele deve ter entendido no máximo umas 3 palavras. Mas nos divertimos bastante.
Ele colocou a Pajero na carreta e me levou até a mecânica, que claro, estava fechada na hora.
Mas os caras estavam preparados no dia seguinte para pegar meu carro, eliminar os problemas e eliminar qualquer vestígio de dinheiro do meu bolso.
Assim foi. Acho que as peças que eles ainda não tinham trocado no motor foram todas trocas. Pelo menos foi isso o que o meu bolso disse.
Quando um mecânico te diz para sentar quando vai te contar o valor do conserto nós sabemos que a coisa é séria.
Nós somos realmente totalmente reféns dos mecânicos, dada a nossa ignorância quanto aos assuntos, digamos, mecânicos.
Agora pensem como é quando alguém te diz que o problema é na rebimboca da parafuseta, mas em inglês!
Aí somos mais reféns que nunca.
Pelo menos uma coisa boa eu posso dizer sobre toda essa história: o chefe da oficina - um australiano - sabia falar meu nome direitinho! E olha que eu nem ensinei.
Always look at the bright side of life.
Saturday, March 18, 2006
Semaninha do cão.
Caramba, eu tinha umas 20 histórias para contar mas eu tive uma semana tão miserável que não consegui escrever uma palavra.
Trabalho demais, pentelhação demais e tempo de menos.
Além disso ainda tenho uma cacetada de emails para responder. Amigos, não esqueci de você não!!!
Vou tentar atualizar o blog neste final de semana.
Caramba, eu tinha umas 20 histórias para contar mas eu tive uma semana tão miserável que não consegui escrever uma palavra.
Trabalho demais, pentelhação demais e tempo de menos.
Além disso ainda tenho uma cacetada de emails para responder. Amigos, não esqueci de você não!!!
Vou tentar atualizar o blog neste final de semana.
Sunday, March 12, 2006
Problemas de linguagem.
Uma das memórias mais intensas da minha infância dos momentos que meu pai passava brincando com a gente.
Nós dois pequenininhos aproveitando as brincadeiras que ele inventava ou incorporava de outros lugares.
Uma das minhas favoritas era uma que ele imitava um quadro da Praça da Alegria (isso é velho), um precursor de A Praça é Nossa (credo!).
O quadro era sempre a mesma coisa. Toda semana era a mesma piada, desde os tempos do rádio.
O Carlos Alberto da Nóbrega - o segundo do clã a fazer as mesmas piadas - sentava no banco da praça e recebia seus amigos bizarros.
Mas tinha este quadro específico que inspirou meu pai e fazia a nossa alegria - pelo menos aos 4 anos de idade eu gostava da Praça. Era um em que ele encontrava seu amigo alemão que ainda não sabia português direito, quadro protagonizado pelo Jô Soares, e ensinavam a ele palavras erradas para designar coisas que ele não sabia.
Chapéu eles chamavam de penico (ou pinico?), e lá ia o alemão contando como gostava de colocar o penico - na cabeça e tirar o penico para as mulheres.
Toda a semana era a mesma coisa. E nós rolávamos de rir. Bom, eu só tinha uns 4 anos, lembrem-se.
Mas era muito mais divertido quando meu pai fazia essa brincadeira.
Eu falei tudo isso para contar que ainda hoje essa confusão de palavras ainda faz a minha alegria. Uma alegria reminiscente do pequeno que fui mas também uma alegria de quem acha tudo isso ainda engraçado.
E que tal dar uma olhada no pôster de um filme libanês que é um sucesso estrondoso recente para saber como eu ainda consigo dar umas boas risadas com umas palavras fora de lugar.
(Só um detalhe, o nome do filme não é Besta. Sim é exatamente isto que você está pensando.)
Uma das memórias mais intensas da minha infância dos momentos que meu pai passava brincando com a gente.
Nós dois pequenininhos aproveitando as brincadeiras que ele inventava ou incorporava de outros lugares.
Uma das minhas favoritas era uma que ele imitava um quadro da Praça da Alegria (isso é velho), um precursor de A Praça é Nossa (credo!).
O quadro era sempre a mesma coisa. Toda semana era a mesma piada, desde os tempos do rádio.
O Carlos Alberto da Nóbrega - o segundo do clã a fazer as mesmas piadas - sentava no banco da praça e recebia seus amigos bizarros.
Mas tinha este quadro específico que inspirou meu pai e fazia a nossa alegria - pelo menos aos 4 anos de idade eu gostava da Praça. Era um em que ele encontrava seu amigo alemão que ainda não sabia português direito, quadro protagonizado pelo Jô Soares, e ensinavam a ele palavras erradas para designar coisas que ele não sabia.
Chapéu eles chamavam de penico (ou pinico?), e lá ia o alemão contando como gostava de colocar o penico - na cabeça e tirar o penico para as mulheres.
Toda a semana era a mesma coisa. E nós rolávamos de rir. Bom, eu só tinha uns 4 anos, lembrem-se.
Mas era muito mais divertido quando meu pai fazia essa brincadeira.
Eu falei tudo isso para contar que ainda hoje essa confusão de palavras ainda faz a minha alegria. Uma alegria reminiscente do pequeno que fui mas também uma alegria de quem acha tudo isso ainda engraçado.
E que tal dar uma olhada no pôster de um filme libanês que é um sucesso estrondoso recente para saber como eu ainda consigo dar umas boas risadas com umas palavras fora de lugar.
(Só um detalhe, o nome do filme não é Besta. Sim é exatamente isto que você está pensando.)
Saturday, March 11, 2006
Thursday, March 09, 2006
Tuesday, March 07, 2006
Assistam "Layer Cake".
Filminho legal com um estilo meio "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes". Aliás o diretor Layer Cake foi o produtor de Jogos, Trapaças.
Nele está o soon to be James Bond, Daniel Craig. O carinha manda bem. Mas tem mais cara de chefão da máfia russa do que agente inglês.
Uma história legal de vida bandida filmada como se fosse um comercial de duas horas. Publicitários vão gostar.
Filminho legal com um estilo meio "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes". Aliás o diretor Layer Cake foi o produtor de Jogos, Trapaças.
Nele está o soon to be James Bond, Daniel Craig. O carinha manda bem. Mas tem mais cara de chefão da máfia russa do que agente inglês.
Uma história legal de vida bandida filmada como se fosse um comercial de duas horas. Publicitários vão gostar.
Miss Softy
A Carolina está oficialmente globalizada. Surgiram as primeiras palavrinhas en inglês no seu vocabulário.
Não é impressionante a capacidade de adaptação das cabecinhas destas pequenas criaturinhas?
Nada mais jóia do que uma pequena gritando "EU QUELO MEU PAPAI-DADDY!!!"
Twinkle, twinkle little star para vocês, brazucada.
A Carolina está oficialmente globalizada. Surgiram as primeiras palavrinhas en inglês no seu vocabulário.
Não é impressionante a capacidade de adaptação das cabecinhas destas pequenas criaturinhas?
Nada mais jóia do que uma pequena gritando "EU QUELO MEU PAPAI-DADDY!!!"
Twinkle, twinkle little star para vocês, brazucada.
Saturday, March 04, 2006
Al Candinha
Eu estava conversando com um amigo sérvio outro dia e ele fez um comentário muito pertinente sobre a vida no oriente médio.
Eu já contei há algum tempo como os árabes gostam de conversar.
E como falam!
A parte mais irritante é que quando tem um monte deles na mesa tem uma hora em que eles passam para o árabe e ignoram o fato de que você está lá.
Como já estou acostumado e vejo que eles estão começando a misturar expressões em inglês e árabe e logo vai ser árabe direto, entro no modo sleep ou stand by.
Em geral quando isso acontece significa que eles estão falando de alguém.
Isso mesmo, aqui a fofoca corre solta.
Eles querem saber de tudo. Perguntam da vida de todos e falam da vida de todos.
Você sai para almoçar e eles perguntam onde você foi, o que comeu e com quem foi, sem cerimônia.
É como ser uma celebridade - sem aparecer na revista Caras.
Eu estava conversando com um amigo sérvio outro dia e ele fez um comentário muito pertinente sobre a vida no oriente médio.
Eu já contei há algum tempo como os árabes gostam de conversar.
E como falam!
A parte mais irritante é que quando tem um monte deles na mesa tem uma hora em que eles passam para o árabe e ignoram o fato de que você está lá.
Como já estou acostumado e vejo que eles estão começando a misturar expressões em inglês e árabe e logo vai ser árabe direto, entro no modo sleep ou stand by.
Em geral quando isso acontece significa que eles estão falando de alguém.
Isso mesmo, aqui a fofoca corre solta.
Eles querem saber de tudo. Perguntam da vida de todos e falam da vida de todos.
Você sai para almoçar e eles perguntam onde você foi, o que comeu e com quem foi, sem cerimônia.
É como ser uma celebridade - sem aparecer na revista Caras.
Thursday, March 02, 2006
Saturday, February 25, 2006
Eu e o tamagochi de mim mesmo
Sabe uma coisa que é muito jóia de morar aqui?
É que quando você abre o Orkut - que continua uma mania absoluta entre os brasileiros - você centenas pessoas que no profile tem como hometown Ilhas Maurício, Afeganistão, Fiji, Iraque, Tuvalu, Mongólia.
E no meu está Dubai, United Arab Emirates.
E é de verdade.
Sabe uma coisa que é muito jóia de morar aqui?
É que quando você abre o Orkut - que continua uma mania absoluta entre os brasileiros - você centenas pessoas que no profile tem como hometown Ilhas Maurício, Afeganistão, Fiji, Iraque, Tuvalu, Mongólia.
E no meu está Dubai, United Arab Emirates.
E é de verdade.
Friday, February 24, 2006
Carta ao meu pai.
Lázaro, meu querido
Pelo que estou vendo você vai ter um ano bem movimentado.
Parabéns pela primeira nota da nossa empresa. Muitos outros talões virão, com certeza.
As coisas aqui estão boas. Temos um novo diretor de criação executivo - um escocês bacana - que tem poder e apoio para mudar as coisas. Antes nós estávamos muito vulneráveis porque não tínhamos poder suficiente para fazer mudanças expressivas no departamento, principalmente porque nossa responsabilidade acabava no pequeno grupo que era nossa responsábilidade - no meu caso 5 caras.
O cara entrou e está dando uma sacudida na estrutura do departamento - coisa que eu considero muito benéfica.
As pessoas não serão mais responsáveis por apenas um cliente, o que é excelente para a motivação e desenvolvimento dos profissionais.
A parte boa para mim é que eu também não vou ter que trabalhar com este cliente extremamente difícil - a bomba foi para outro cara. E ainda vou ser responsável por outros clientes, o que aumenta a chance de me divertir.
Saio muito por cima desta conta: ontem recebemos a notícia de que 2 projetos enormes - campanhas de lançamento - foram aprovados. Depois de toda aquela pressão para mudar a relação com o cliente nós conseguimos. E eu, modéstia a parte, coordenei minha equipe para chegar lá.
Mas foi um sucesso de todos nós.
O resultado foi tão bom que o CEO da empresa - que agora também é ministro do governo - de tão feliz que ficou com e resultado falou que ia mostrar para Sheikh Mohammed, soberano de Dubai.
Estas mudanças e os acontecimentos recentes deixam a vida mais fácil. Claro que eu preferia estar dando palestras sobre elas em vez de estar passando por elas, mas...
Estes últimos dias foram atípicos em Dubai.
Há dois dias acordamos no meio da noite com um barulho muito estranho.
Chuva.
E ontem caiu um temporal de fazer inveja a São Paulo. Acho que os indianos devem ter se sentido em casa, parecia uma Monção.
A cidade ficou alagada, carros abandonados em lugares inundados e tudo.
Nossa casa também ficou alagada, tá vazando água para tudo que é lado.
A construtora - Emaar, uma das maiores daqui, que está construindo o prédio mais alto do mundo - na sua ânsia por fazer dinheiro, fez tetos que fariam um beduíno feliz mas que são como esponjas.
Todo mundo que mora aqui nos Springs - nosso condomínio gigante com milhares de casas - teve os mesmos problemas.
Ei, aqui chove também! E muito.
As meninas estão ótimas.
A Carolina adaptada à escolinha e começando a entender e a falar um pouquinho de inglês.
A Dri trabalhando um monte e se adaptando aos novos desafios - do jeito que ela gosta.
E os desafios não são poucos. Ela hoje é responsável pelo marketing de Windows em 7 países: UAE, Iêmen, Omã, Kwait, Bahrain, Paquistão e Qatar.
Não é pouco e não é nada comum.
Esta semana a Dri me ligou toda feliz para contar que teve a primeira conversa completa pelo telefone com a dona fofinha.
Em geral quando a gente tentava falar com a pequena no telefone ela pegava o aparelho, abriu o olhão e não falava nada. De vez em quando ela cantava baixinho "Ia, ia, ôu" daquela música do Old MacDonald e sua fazendinha.
Desta vez foi diferente: ela falou sobre tudo que estava acontecendo, falou que estava assistindo o Tigrão, teve mais umas falas surreais e, para finalizar falou "Mamãe, te amo. Preciso ir agora".
Pode?
Hoje tem mais uma reunião com os Brasileiros - na verdade uma festa, a Brazilian Connection.
Eles são muito bacanas os desterrados daqui, mas vamos tentar não ficar fechados só neles porque a parte bacana desta experiência é conviver com gente de todos os lugares e culturas.
Sinto muita saudade de você, como pai, amigo e companheiro de trabalho.
O mundo parece menos quando você não pode estar perto de todo mundo que você ama.
Mas, como um grande professor meu falou uma vez...
There's no free lunch.
Bom, na verdade não foi uma vez, foram várias.
Muitos beijos,
Gui
Lázaro, meu querido
Pelo que estou vendo você vai ter um ano bem movimentado.
Parabéns pela primeira nota da nossa empresa. Muitos outros talões virão, com certeza.
As coisas aqui estão boas. Temos um novo diretor de criação executivo - um escocês bacana - que tem poder e apoio para mudar as coisas. Antes nós estávamos muito vulneráveis porque não tínhamos poder suficiente para fazer mudanças expressivas no departamento, principalmente porque nossa responsabilidade acabava no pequeno grupo que era nossa responsábilidade - no meu caso 5 caras.
O cara entrou e está dando uma sacudida na estrutura do departamento - coisa que eu considero muito benéfica.
As pessoas não serão mais responsáveis por apenas um cliente, o que é excelente para a motivação e desenvolvimento dos profissionais.
A parte boa para mim é que eu também não vou ter que trabalhar com este cliente extremamente difícil - a bomba foi para outro cara. E ainda vou ser responsável por outros clientes, o que aumenta a chance de me divertir.
Saio muito por cima desta conta: ontem recebemos a notícia de que 2 projetos enormes - campanhas de lançamento - foram aprovados. Depois de toda aquela pressão para mudar a relação com o cliente nós conseguimos. E eu, modéstia a parte, coordenei minha equipe para chegar lá.
Mas foi um sucesso de todos nós.
O resultado foi tão bom que o CEO da empresa - que agora também é ministro do governo - de tão feliz que ficou com e resultado falou que ia mostrar para Sheikh Mohammed, soberano de Dubai.
Estas mudanças e os acontecimentos recentes deixam a vida mais fácil. Claro que eu preferia estar dando palestras sobre elas em vez de estar passando por elas, mas...
Estes últimos dias foram atípicos em Dubai.
Há dois dias acordamos no meio da noite com um barulho muito estranho.
Chuva.
E ontem caiu um temporal de fazer inveja a São Paulo. Acho que os indianos devem ter se sentido em casa, parecia uma Monção.
A cidade ficou alagada, carros abandonados em lugares inundados e tudo.
Nossa casa também ficou alagada, tá vazando água para tudo que é lado.
A construtora - Emaar, uma das maiores daqui, que está construindo o prédio mais alto do mundo - na sua ânsia por fazer dinheiro, fez tetos que fariam um beduíno feliz mas que são como esponjas.
Todo mundo que mora aqui nos Springs - nosso condomínio gigante com milhares de casas - teve os mesmos problemas.
Ei, aqui chove também! E muito.
As meninas estão ótimas.
A Carolina adaptada à escolinha e começando a entender e a falar um pouquinho de inglês.
A Dri trabalhando um monte e se adaptando aos novos desafios - do jeito que ela gosta.
E os desafios não são poucos. Ela hoje é responsável pelo marketing de Windows em 7 países: UAE, Iêmen, Omã, Kwait, Bahrain, Paquistão e Qatar.
Não é pouco e não é nada comum.
Esta semana a Dri me ligou toda feliz para contar que teve a primeira conversa completa pelo telefone com a dona fofinha.
Em geral quando a gente tentava falar com a pequena no telefone ela pegava o aparelho, abriu o olhão e não falava nada. De vez em quando ela cantava baixinho "Ia, ia, ôu" daquela música do Old MacDonald e sua fazendinha.
Desta vez foi diferente: ela falou sobre tudo que estava acontecendo, falou que estava assistindo o Tigrão, teve mais umas falas surreais e, para finalizar falou "Mamãe, te amo. Preciso ir agora".
Pode?
Hoje tem mais uma reunião com os Brasileiros - na verdade uma festa, a Brazilian Connection.
Eles são muito bacanas os desterrados daqui, mas vamos tentar não ficar fechados só neles porque a parte bacana desta experiência é conviver com gente de todos os lugares e culturas.
Sinto muita saudade de você, como pai, amigo e companheiro de trabalho.
O mundo parece menos quando você não pode estar perto de todo mundo que você ama.
Mas, como um grande professor meu falou uma vez...
There's no free lunch.
Bom, na verdade não foi uma vez, foram várias.
Muitos beijos,
Gui
Saturday, February 18, 2006
Mais uma sobre os brasileiros.
Ontem fomos a um churrasco da comunidade brasileira - ou parte dela - no Jumeirah Beach Park. Este é um parque muito arrumadinho que a gente paga para entrar - 20 Dirhams o carro (uns 14 reais) e tem tudo que a gente precisa: praia bonita limpa, banheiros muito limpos (supresa!), lanchonetes, gramados e churrasqueiras.
Na sexta-feira, que é final de semana para todo mundo, fica muito cheio.
Quem organizou foi a Luciana e o André e mais uma leva de brasileiros novos apareceu.
Não faltou nada. Teve picanha até dizer chega, salada (para as meninas, claro), linguiça - de frango, franguinho do bom, pãozinho francês (aqui tem), sambinha e até umas biritas mocozadas que a galera trouxe disfarçada.
Brasileiro é realmente um povo festeiro e conversador. Ontem conversei com umas 10 pessoas novas que fazem umas 11 coisas diferentes. Fora os comissários da Emirates Airlines que dominam o pedaço todo mundo tem ocupações diferentes.
Tem gente que trabalha na Sadia, especialistas em ar-condicionado - instalações imensas, não assistência técnica, engenheiros trabalhando em campos de petróleo que passam um mês no deserto e um mês de folga, gente trabalhando com importação de produtos brasileiros e por aí vai.
Todos interessantes e gente-fina.
A algazarra foi tanta que começaram a aparecer brasileiros do nada - gente que não tinha ainda travado contato com a comunidade e que estava ansiosa para ouvir umas palavrinhas em português. Isso me fez duvidar que existam tão poucos brasileiros aqui na região.
Eles podem ser poucos, mas fazem um barulhão.
E conseguem arrumar picanha.
Acho que Dubai ainda tem salvação. Falta arrumar pão de queijo.
Ontem fomos a um churrasco da comunidade brasileira - ou parte dela - no Jumeirah Beach Park. Este é um parque muito arrumadinho que a gente paga para entrar - 20 Dirhams o carro (uns 14 reais) e tem tudo que a gente precisa: praia bonita limpa, banheiros muito limpos (supresa!), lanchonetes, gramados e churrasqueiras.
Na sexta-feira, que é final de semana para todo mundo, fica muito cheio.
Quem organizou foi a Luciana e o André e mais uma leva de brasileiros novos apareceu.
Não faltou nada. Teve picanha até dizer chega, salada (para as meninas, claro), linguiça - de frango, franguinho do bom, pãozinho francês (aqui tem), sambinha e até umas biritas mocozadas que a galera trouxe disfarçada.
Brasileiro é realmente um povo festeiro e conversador. Ontem conversei com umas 10 pessoas novas que fazem umas 11 coisas diferentes. Fora os comissários da Emirates Airlines que dominam o pedaço todo mundo tem ocupações diferentes.
Tem gente que trabalha na Sadia, especialistas em ar-condicionado - instalações imensas, não assistência técnica, engenheiros trabalhando em campos de petróleo que passam um mês no deserto e um mês de folga, gente trabalhando com importação de produtos brasileiros e por aí vai.
Todos interessantes e gente-fina.
A algazarra foi tanta que começaram a aparecer brasileiros do nada - gente que não tinha ainda travado contato com a comunidade e que estava ansiosa para ouvir umas palavrinhas em português. Isso me fez duvidar que existam tão poucos brasileiros aqui na região.
Eles podem ser poucos, mas fazem um barulhão.
E conseguem arrumar picanha.
Acho que Dubai ainda tem salvação. Falta arrumar pão de queijo.
Wednesday, February 15, 2006
Os brasileiros estão chegando.
Eles não são muitos mas são muito unidos, muito barulhentos e, melhor de tudo, muito legais.
Nada como um pouco de contato com a terrinha.
Outra notícia boa é que eles descobriram como conseguir picanha nesta terra dos camelos. Ensinaram a galera de um açougue de supermercado como cortar este pedaço precioso da carne bovina.
Civilização, enfim!
Ah, e tem festança programada para o fim do mês. É a Brazilian Connection, festança brazuca com direito a samba, karaokê e, quem sabe, cerveja.
Eles não são muitos mas são muito unidos, muito barulhentos e, melhor de tudo, muito legais.
Nada como um pouco de contato com a terrinha.
Outra notícia boa é que eles descobriram como conseguir picanha nesta terra dos camelos. Ensinaram a galera de um açougue de supermercado como cortar este pedaço precioso da carne bovina.
Civilização, enfim!
Ah, e tem festança programada para o fim do mês. É a Brazilian Connection, festança brazuca com direito a samba, karaokê e, quem sabe, cerveja.
Monday, February 13, 2006
Só em Dubai...
Ontem saí de manhã para deixar a Carolina na escolinha e a Dri no trabalho.
Depois de deixá-la na Microsoft saí pela Jumeirah Beach Road e enfrentei um congestionamento - coisa comum por aqui.
Mas este congestionamento foi causado por um acidente de carro que tinha acabado de acontecer - também coisa comum por aqui.
A que faz Dubai diferente de outros lugares é que quando passei do lado do carro acidentado, que estava todo destruído, era uma Lamborghini Gallardo novinha.
E o mais legal é que esse carros não amassam, eles racham.
Só em Dubai...
Ontem saí de manhã para deixar a Carolina na escolinha e a Dri no trabalho.
Depois de deixá-la na Microsoft saí pela Jumeirah Beach Road e enfrentei um congestionamento - coisa comum por aqui.
Mas este congestionamento foi causado por um acidente de carro que tinha acabado de acontecer - também coisa comum por aqui.
A que faz Dubai diferente de outros lugares é que quando passei do lado do carro acidentado, que estava todo destruído, era uma Lamborghini Gallardo novinha.
E o mais legal é que esse carros não amassam, eles racham.
Só em Dubai...
Friday, February 10, 2006
Não estamos sós.
Hoje fomos encontrados - eu e a Carolina - por um casal de brasileiros.
Como são as coisas. Passei uns 15 minutos tentando capturar a fofinha para colocar a roupa para passear no lago do condomínio. Ela me deu uma canseira. Mas se isso não tivesse acontecido não teríamos trombado no André e na Luciana.
Entramos na área do lago e me sentei no gramado para preparar uma pipa modernosa que a Di me deu de presente. O vento não estava dando muito sinal de sua presença, mas tinha esperança de colocar o bichinho no ar.
A Carolina correu para o lago para ficar jogando pedras.
Eu me controlei para não dizer aquela velha ladainha "imagina se todo mundo que viesse aqui fizesse isso...em pouco tempo não ia ter mais lago". Deixa ela jogar pedras à vontade.
De repente aparece um vira-lata do meu lado e a fofinha corre para vê-lo.
Eu fala alguma coisa em português e depois emendo no inglês "look, the dog!" - obviamente bancando o pai-professor de inglês.
O dono do cachorro olha para mim e fala "você fala português?".
Eu me senti como aquele português da piada: "Que raio de língua é essa que estou cá a entendeire tudo?"
Demorou para cair a ficha. E devo ter feito uma cara de otário impressionante.
Pô, faz mais de 6 meses que não encontro ninguém que fale português por aqui. Brasileiros parecem com gnomos por estas bandas: muitos acreditam que existem, mas ninguém nunca viu um.
Eles eram brasileiros - eram dois, o André e a Luciana.
Estão aqui há 3 anos e ele trabalha na Sadia.
De repente fico sabendo que existe uma comunidade inteira de brasileiros - de verdade!
Eles se reúnem, festejam, fazem feijoada e jogam futebol. Do jeito que tem que ser os brasileiros.
São um monte e vivem agitando coisas para fazer.
Falamos até cansar - bom, pelo menos até eles cansarem porque eu poderia ficar falando em português por uns 3 dias sem parar.
Trocamos telefones e marcamos de ir num restaurante japa amanhã, que é quando a Dri chega de Atenas.
Que beleza!
Agora imagina se a Carolina não tivesse ficado fugindo de mim...
Hoje fomos encontrados - eu e a Carolina - por um casal de brasileiros.
Como são as coisas. Passei uns 15 minutos tentando capturar a fofinha para colocar a roupa para passear no lago do condomínio. Ela me deu uma canseira. Mas se isso não tivesse acontecido não teríamos trombado no André e na Luciana.
Entramos na área do lago e me sentei no gramado para preparar uma pipa modernosa que a Di me deu de presente. O vento não estava dando muito sinal de sua presença, mas tinha esperança de colocar o bichinho no ar.
A Carolina correu para o lago para ficar jogando pedras.
Eu me controlei para não dizer aquela velha ladainha "imagina se todo mundo que viesse aqui fizesse isso...em pouco tempo não ia ter mais lago". Deixa ela jogar pedras à vontade.
De repente aparece um vira-lata do meu lado e a fofinha corre para vê-lo.
Eu fala alguma coisa em português e depois emendo no inglês "look, the dog!" - obviamente bancando o pai-professor de inglês.
O dono do cachorro olha para mim e fala "você fala português?".
Eu me senti como aquele português da piada: "Que raio de língua é essa que estou cá a entendeire tudo?"
Demorou para cair a ficha. E devo ter feito uma cara de otário impressionante.
Pô, faz mais de 6 meses que não encontro ninguém que fale português por aqui. Brasileiros parecem com gnomos por estas bandas: muitos acreditam que existem, mas ninguém nunca viu um.
Eles eram brasileiros - eram dois, o André e a Luciana.
Estão aqui há 3 anos e ele trabalha na Sadia.
De repente fico sabendo que existe uma comunidade inteira de brasileiros - de verdade!
Eles se reúnem, festejam, fazem feijoada e jogam futebol. Do jeito que tem que ser os brasileiros.
São um monte e vivem agitando coisas para fazer.
Falamos até cansar - bom, pelo menos até eles cansarem porque eu poderia ficar falando em português por uns 3 dias sem parar.
Trocamos telefones e marcamos de ir num restaurante japa amanhã, que é quando a Dri chega de Atenas.
Que beleza!
Agora imagina se a Carolina não tivesse ficado fugindo de mim...
Minha experiência mais difícil em Dubai.
Ontem passei pela situação mais crítica e estressante desde que cheguei em Dubai.
São nestas horas que o desterrado, expatriado, tem aquela vontade quase incontrolável de largar tudo e voltar para a pátria-mãe.
Tudo começou depois que a Dri saiu na primeira viagem profissional - foi para a Grécia para uma reunião. Ela saiu na terça e volta hoje - uma sexta-feira. Foi a primeira vez que eu ficava sozinho por um tempo mais longo com a Carolina desde o Brasil. Nos primeiros dias ela ficava durante a manhã na escolinha e à tarde com uma babá que a gente contratou por essas dias.
Mas ontem não tinha escolinha e eu decidi tirar o dia de folga para ficar com ela. Como eu trabalhei os últimos 3 finais de semana e passei várias noites em claro, decidi me dar esse presente. Nada como ser chefe.
Então fiquei a quinta-feira com a pequena - e foi aí que aconteceu. Se eu soubesse que seria tão terrível não teria nem tentado, mas já era tarde demais.
Tudo começou com a minha idéia de dar banho na pequena. Até aí tudo bem, mas a minha decisão errada foi em tentar lavar o cabelo dela, que está enorme.
Nenhum pai - digo, nós homens - está preparado para isso.
Depois de vários dias sem lavar o cabelo encaracolado dela estava , como diria minha mulher, um ninho de guaxo. Não faço a mínima idéia do que é um guaxo, mas o cabelo realmente estava parecendo com o ninho de um.
Foram cenas de horror sem fim. Me senti como um daqueles vilões que torturam jovens indefesas em filmes.
Gritaria, choradeira, lágrimas, teve de tudo.
No final, desesperado, apelei para o creme desembaraçante - em quantidades mastodônticas. Muito, muito mesmo. Ela ficou parecendo o Michael Jackson na época do Thriller.
O stress foi tanto que nós fomos para o shopping e ela dormiu as 2 horas que ficamos lá. Nem deu sinal de vida.
Um conselho para os pais: não tentem fazer isto em casa e sem a ajuda de profissionais.
A vítima pode ser você.
Ontem passei pela situação mais crítica e estressante desde que cheguei em Dubai.
São nestas horas que o desterrado, expatriado, tem aquela vontade quase incontrolável de largar tudo e voltar para a pátria-mãe.
Tudo começou depois que a Dri saiu na primeira viagem profissional - foi para a Grécia para uma reunião. Ela saiu na terça e volta hoje - uma sexta-feira. Foi a primeira vez que eu ficava sozinho por um tempo mais longo com a Carolina desde o Brasil. Nos primeiros dias ela ficava durante a manhã na escolinha e à tarde com uma babá que a gente contratou por essas dias.
Mas ontem não tinha escolinha e eu decidi tirar o dia de folga para ficar com ela. Como eu trabalhei os últimos 3 finais de semana e passei várias noites em claro, decidi me dar esse presente. Nada como ser chefe.
Então fiquei a quinta-feira com a pequena - e foi aí que aconteceu. Se eu soubesse que seria tão terrível não teria nem tentado, mas já era tarde demais.
Tudo começou com a minha idéia de dar banho na pequena. Até aí tudo bem, mas a minha decisão errada foi em tentar lavar o cabelo dela, que está enorme.
Nenhum pai - digo, nós homens - está preparado para isso.
Depois de vários dias sem lavar o cabelo encaracolado dela estava , como diria minha mulher, um ninho de guaxo. Não faço a mínima idéia do que é um guaxo, mas o cabelo realmente estava parecendo com o ninho de um.
Foram cenas de horror sem fim. Me senti como um daqueles vilões que torturam jovens indefesas em filmes.
Gritaria, choradeira, lágrimas, teve de tudo.
No final, desesperado, apelei para o creme desembaraçante - em quantidades mastodônticas. Muito, muito mesmo. Ela ficou parecendo o Michael Jackson na época do Thriller.
O stress foi tanto que nós fomos para o shopping e ela dormiu as 2 horas que ficamos lá. Nem deu sinal de vida.
Um conselho para os pais: não tentem fazer isto em casa e sem a ajuda de profissionais.
A vítima pode ser você.
Wednesday, February 08, 2006
The telephone credit coin has fallen 2.
Eu já falei aqui sobre a capacidade que o ser humano tem de se acostumar com tudo.
É impressionante que mesmo o mais extraordinário se torna corriqueiro depois de um tempo.
Mas eu faço questão de me renovar constantemente e reavivar a minha capacidade de maravilhamento.
CACETA, ESTOU MORANDO EM DUBAI!!!
Eu já falei aqui sobre a capacidade que o ser humano tem de se acostumar com tudo.
É impressionante que mesmo o mais extraordinário se torna corriqueiro depois de um tempo.
Mas eu faço questão de me renovar constantemente e reavivar a minha capacidade de maravilhamento.
CACETA, ESTOU MORANDO EM DUBAI!!!
Tuesday, February 07, 2006
Sunday, February 05, 2006
Tâf dêis
Que volta!
Chegamos de viagem numa sexta e voltei a trabalhar em um domingo. Ainda estava sofrendo os efeitos do jet lag, sem conseguir dormir direito e com aquela sensação de estar acordado de madrugada. Óbvio que a nossa filhota não estava ajudando. Afinal como se explica para uma criança de 2 anos de idade que ela tem que se adaptar ao fuso horário?
O pequeno dínamo estava ficando acordado até as 2 da manhã todos os dias. E eu me sentindo como um zumbi.
Brains!
Logo no primeiro dia de trabalho já tive uma reunião longa e, quando estava voltando para agência, recebi um chamado me dizendo que tínhamos que resolver uma crise.
A crise, fiquei sabendo depois, era ter que criar uma campanha inteira - ou melhor, duas - começando às 5 da tarde e apresentando no próximo dias às 10 da manhã.
Conseguimos negociar para o próximo dia - grande ajuda!
Mas isso só adiou a correria para o dia seguinte. Ainda cansado passei a noite em claro criando a bendita campanha - isso porque metade do meu grupo estava ausente, por várias razões.
No dia seguinte, tudo pronto para ir para casa e dormir, vem o atendimento e implora para que eu vá apresentar com eles.
Só vai demorar uma hora, disseram.
Eu sabia que não ia ser assim. Mas não estava esperando pelo que ia acontecer.
Fui, ou melhor, o que restou de mim foi com eles.
Eu tinha muita confiança na qualidade do trabalho que ia apresentar mas uma coisa eu posso afirmar: publicidade não é uma ciência exata.
Fomos destruídos pelo Chief Marketing Officer da empresa.
A campanha, o planejamento, a agência, o clima em Dubai. Só faltou ele falar que eu tenho chulé.
Se você tem vontade de destruir uma campanha - ou qualquer coisa baseada em criatividade - você consegue.
Essa é a triste verdade do nosso negócio. O "não gostei" recheado de um monte de explicações pseudo-intelectuais tem a mesma validade das tábuas sagradas trazidas por Moisés do alto do monte Sinai.
Derrotados e esculhambados voltamos para a agência - sim, para a agência - para resolver a situação.
Solução: criar novas campanhas em 3 horas(!), apresentar para o cliente as idéias e executá-las - colocá-la no papel - na noite seguinte para a apresentação.
Isso significou mais uma noite em claro.
Meu recorde foi batido: 48 horas em claro.
O problema - mais um problema, digo - é que essa empresa, Dubai Holding, é como uma cebola.
Não, não é porque ela me faz vontade de chorar - não sempre, pelo menos.
Mas porque ela é constituída em camadas.
E ela não funciona sem que todas as camadas estejam envolvidas, o que significa que até a sogra do presidente é envolvida no processo decisório.
A primeira apresentação era só uma entre muitas, culminando na grande apresentação para o ultra BIG BOSS MASTER BLASTER OF THE UNIVERSE da empresa, o homem que tem contato direto com o Sheikh Mohammed, ruler of Dubai.
E nessa a gente não tem acesso. Fica tudo a cargo dos cupinchas.
É como jogar um videogame: você luta, luta, luta até enfrentar o chefão da fase, aí você passa para fase seguinte, e é a mesma coisa.
No final você enfrenta o Mega Chefão e game over.
A diferença é você tem que enfrentar todos eles mais de uma vez.
E o game ainda não está over.
Depois da primeira apresentação foram várias outras, mais stress, mais encheção de saco e várias noites em claro.
Semana passada tivemos a notícia que que a comemoração do ano novo muçulmano seria na quinta-feira passada.
Oba! Final de semana prolongado!
E ficamos aqui todos os dias até de madrugada...
A novela continua, hoje tem mais um capítulo.
O bom das novelas é que no final todos se casam e os vilões se dão mal.
Que bom seria...
Agora deixa eu voltar para a vaca fria.
Câmbio, desligo.
Que volta!
Chegamos de viagem numa sexta e voltei a trabalhar em um domingo. Ainda estava sofrendo os efeitos do jet lag, sem conseguir dormir direito e com aquela sensação de estar acordado de madrugada. Óbvio que a nossa filhota não estava ajudando. Afinal como se explica para uma criança de 2 anos de idade que ela tem que se adaptar ao fuso horário?
O pequeno dínamo estava ficando acordado até as 2 da manhã todos os dias. E eu me sentindo como um zumbi.
Brains!
Logo no primeiro dia de trabalho já tive uma reunião longa e, quando estava voltando para agência, recebi um chamado me dizendo que tínhamos que resolver uma crise.
A crise, fiquei sabendo depois, era ter que criar uma campanha inteira - ou melhor, duas - começando às 5 da tarde e apresentando no próximo dias às 10 da manhã.
Conseguimos negociar para o próximo dia - grande ajuda!
Mas isso só adiou a correria para o dia seguinte. Ainda cansado passei a noite em claro criando a bendita campanha - isso porque metade do meu grupo estava ausente, por várias razões.
No dia seguinte, tudo pronto para ir para casa e dormir, vem o atendimento e implora para que eu vá apresentar com eles.
Só vai demorar uma hora, disseram.
Eu sabia que não ia ser assim. Mas não estava esperando pelo que ia acontecer.
Fui, ou melhor, o que restou de mim foi com eles.
Eu tinha muita confiança na qualidade do trabalho que ia apresentar mas uma coisa eu posso afirmar: publicidade não é uma ciência exata.
Fomos destruídos pelo Chief Marketing Officer da empresa.
A campanha, o planejamento, a agência, o clima em Dubai. Só faltou ele falar que eu tenho chulé.
Se você tem vontade de destruir uma campanha - ou qualquer coisa baseada em criatividade - você consegue.
Essa é a triste verdade do nosso negócio. O "não gostei" recheado de um monte de explicações pseudo-intelectuais tem a mesma validade das tábuas sagradas trazidas por Moisés do alto do monte Sinai.
Derrotados e esculhambados voltamos para a agência - sim, para a agência - para resolver a situação.
Solução: criar novas campanhas em 3 horas(!), apresentar para o cliente as idéias e executá-las - colocá-la no papel - na noite seguinte para a apresentação.
Isso significou mais uma noite em claro.
Meu recorde foi batido: 48 horas em claro.
O problema - mais um problema, digo - é que essa empresa, Dubai Holding, é como uma cebola.
Não, não é porque ela me faz vontade de chorar - não sempre, pelo menos.
Mas porque ela é constituída em camadas.
E ela não funciona sem que todas as camadas estejam envolvidas, o que significa que até a sogra do presidente é envolvida no processo decisório.
A primeira apresentação era só uma entre muitas, culminando na grande apresentação para o ultra BIG BOSS MASTER BLASTER OF THE UNIVERSE da empresa, o homem que tem contato direto com o Sheikh Mohammed, ruler of Dubai.
E nessa a gente não tem acesso. Fica tudo a cargo dos cupinchas.
É como jogar um videogame: você luta, luta, luta até enfrentar o chefão da fase, aí você passa para fase seguinte, e é a mesma coisa.
No final você enfrenta o Mega Chefão e game over.
A diferença é você tem que enfrentar todos eles mais de uma vez.
E o game ainda não está over.
Depois da primeira apresentação foram várias outras, mais stress, mais encheção de saco e várias noites em claro.
Semana passada tivemos a notícia que que a comemoração do ano novo muçulmano seria na quinta-feira passada.
Oba! Final de semana prolongado!
E ficamos aqui todos os dias até de madrugada...
A novela continua, hoje tem mais um capítulo.
O bom das novelas é que no final todos se casam e os vilões se dão mal.
Que bom seria...
Agora deixa eu voltar para a vaca fria.
Câmbio, desligo.
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