Constatação.
Eu já falei mais de uma vez como a gente se acostuma com tudo, mesmo com as coisas mais extraordinárias.
Para mim hoje ficou comum dirigir 30 km, do condomínio onde moramos no meio do deserto para os prédios gigantescos com o formato de nave espacial onde fica o meu trabalho.
Ficou comum cruzar com os caminhões-tanque multicoloridos que parecem palácios indianos. Ficou comum ver os indianos e paquistaneses bigodudos e torradinhos. Ficou comum ver no mesmo dia árabes de dish-dasha (aquela roupa de milionário árabe do petróleo), mulheres de abbaya (aquele manto preto) com o rosto coberto e às vezes o rosto também, sikhs de turbante, indianas de sári, filipinos, ingleses, japas, sérvios, egípcios, sírios, libaneses, africanos dos mais diversos, canadenses, australianos e, de vez em quando, um brasileiro.
Ficou comum pensar que a gente divide a casa com uma mulher do Sri Lanka.
Ficou comum pensar que uma boa parte das pessoas com quem eu tenho contato - libaneses - estavam vivendo e se preocupando com uma guerra que afetava e continua afetando a família e os amigos.
Ficou comum pensar que não vou comer feijoada no sábado. E que não vou encontrar amendoim japonês Mendorado no supermercado.
Ficou comum ler, falar e ouvir inglês nas suas mais variadas formas. E entender todos os sotaques. Bom, a maioria pelo menos.
Ficou comum olhar para todos os lados e ver prédios gigantes aparecendo numa velocidade espantosa.
Ficou comum ver o Burj Al Arab no horizonte.
Ficou comum pensar que hoje vai fazer sol, amanhã e depois de amanhã também.
Ficou comum olhar para o termômetro no carro da Di e ver que a temperatura está nos 42 graus.
Ficou comum ir a shopping centers para fugir do calor.
E, mais importante do que tudo, não ficou comum chegar no domingo, ligar a televisão e saber que, por mais que você tente, não vai ter Faustão em nenhum canal.
Este é um prazer fantástico que sempre se renova em Dubai.
Recomendo.
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