Thursday, July 28, 2005

Os indianos e Dubai.

Certamente eu já contei para vocês que 60% da população de Dubai é composta por indianos. Estes parentes do Rivellino torradinhos estão para todo o lado. Estão espalhados por toda a economia de Dubai, em geral em posições mais baixas e sub-remuneradas. Estão nos táxis, nos supermercados e nas construções. E pode ter certeza que são MUITAS construções.
Estive aqui em Dubai pela primeira vez em outubro de 2004. O lugar parecia um canteiro de obras. Eles estão construindo em todos os lugares e sempre coisas enormes. Nunca é uma casinha, um predinho, uma vendinha. Tudo aqui é mega, com fritas e refrigerante grande. Mas o ponto é que estava aqui em outubro e vi como esse movimento era intenso e vibrante. Os caras realmente estão fazendo este lugar acontecer. Obras de uma magnitude que não tem paralelo em lugar nenhum do mundo. Uma ilha artificial - na verdade já são três - com mais de 10 quilômetros em formato de palmeira, que vai alojar casas e prédios de luxo, ilhas particulares que juntas formam um mapa múndi (é como ter o seu próprio país, dizem), pistas de esqui com neve, parques aquáticos gigantescos, centros financeiros enormes, cidades-hospital, cidades-evento, cidades-internet e cidades-empresa de mídia. Tudo isso permitindo um crescimento que é quase impossível de acompanhar.
Eu senti a diferença 7 meses depois da minha primeira visita. A cidade parecia diferente. E não aquela diferença sutil que você sente quando fica alguns meses longe de um lugar conhecido. Ela realmente estava diferente. Coisas que nem existiam antes estavam completas, muitas outras estavam começando a acontecer, tudo com o caracterísco gigantismo das coisas por aqui. E o que acontece quando tem tanto dinheiro envolvido? Primeiro os aluguéis disparam e segundo surgem infindáveis oportunidades de trabalho. É aí que entram os indianos.
Em geral os expatriados - nós gringos - que vem do ocidente em geral vem ganhar uma grana boa e levar uma vida melhor ainda. Os expats do resto do oriente médio também.
Mas uma nação terceiromundista vizinha que tem mais de 1 bilhão de habitantes pode fornecer uma força de trabalho monstruosa, por um precinho camarada. É um bom negócio para todos os lados. As empresas locais pagam pouco e, o trabalhador indiano (para os seus padrões) ganha muito. O principal empregador é o setor da Construção Civil (sim, com maiúscula, porque tudo aqui é gigante). É só ver um pedaço desocupado de deserto - e, acreditem, tem muito aqui - e os caras começam a levantar algum prédio. Uma nova obra e lá vem os indianos. Este é o lado duro desta brilhante Dubai que está sendo criada. Estes personagens esquecidos vem para cá tentar a sorte e trabalhar por 12, 14 horas num calor que, altualmente, passa dos 44 graus facilmente. Em condições de trabalho terríveis, muitas vezes sem segurança e sem descanso.
E nós, felizes expats em nossos ar-condionados ambulantes, observamos tudo protegidos por uma camada de vidro e de alienação. Afinal, Dubai é o lugar de cuidar dos seus interesses - e nada mais não é?
Estar longe de casa faz a gente olhar para essas coisas e percebê-las, como se fosse a primeira vez. Mas será que é?
Será que a mesma novela não está acontecendo na pátria mãe tupiniquim mesmo agora? E nós simplesmente fomos treinados para ignorar este cenário?
O fato é que todos estão aqui para perseguir um sonho. E cada um tem o seu.
Para os rivellinos torradinhos talvez este sonho seja mandar o dinheiro suado - e realmente eles fazem por merecer a expressão - para uma obscura província na Índia, para uma família que, muitas vezes, passar 2 anos sem ver.
Assim é a vida, em Dubai e no resto do mundo.

1 comment:

mauro said...

tudo bem aí, gui?
quer que avise alguém, algum parente em especial?
tem certeza?
então, cacete, por que você postou 2 vezes o mesmo texto???
é o sol?