Essa é para você, Yeh...
Comer num país novo sempre é uma aventura.
Na Nova Zelândia, por exemplo, eu experimentei um Lamburger - hambúrguer de carne de Carneiro - foi uma das piores coisas que eu comi. E, invariavelmente, quando você pede essas coisas você sempre está trincando de fome e sem grana.
Ou seja, você tem que comer tudo e lamber o prato.
Minha primeira aventura aqui foi quando vim para cá no Ramadã. Para quem não sabe, o Ramadã é o mês em que os muçulmanos jejuam da hora que o sol nasce até a hora em que o sol se põe. Não pode nem beber água. Nas empresas locais e internacionais os muçulmanos mais praticantes que levam o jejum à sério saem às 3 horas da tarde durante o mês sagrado.
Eu não sabia como o lugar leva a sério esse negócio - nenhum restaurante ou lanchonete abre durante o dia. Nada, nadinha.
O panaca aqui sai para uma longa caminhada para dar uma avaliada no ambiente. Uma longa caminhada, diga-se de passagem. Ao final de uma hora e meia andando eu cheguei no mar, suando como um porco e já com a aparência de um camarão - e com as marcas de quem ficou no sol de camiseta, para completar a situação patética.
Aqui não dá para andar sem camiseta na rua, é considerado ofensivo.
Entrei nas águas do golfo, que tem a temperatura de uma jacuzzi, vi na praia alguns perdidos passeando - estes sim, com a vestimenta tradicional de um ocidental praiano, ou seja, quase nada - e decidi voltar.
Neste momento a fome já era grande. Andei, andei, andei e todos os lugares estavam fechados. McDonald's, Burger King's, KFC's, Pizza Huts e o Bar e Restaurante do Habib...tudo fechado. Já tinham se passado mais de 3 horas desde minha saída e a fome era grande. Depois de muito andar achei um shopping center onde, escondido no fundo, tinha um Supermercado chamado Spinney's. Foi minha salvação. Eram quase 4 da tarde e o pedaço de tábua que me salvou de um fim terrível foi um saco de bolachas que estava em árabe e eu não sabia bem do que era. Mas naquele momento foi uma ambrósia, um alimento divino e poderoso.
No dia seguinte fui convidado pelo cara que estava me entrevistando para jejuar com ele. Parece brincadeira.
Mas foi muito bom, porque ele queria que eu aproveitasse plenamente o ritual da alimentação que acontece todo dia depois que o sol se põe. As ruas se transformam, todos estão por toda parte para celebrar e comer, comer, comer, comer e comer.
É o que os muçulmanos chamam de Iftar, e eu chamo de RANGAR ABSURDO!
É um buffet que é uma autêntica feira de Acari: tem de tudo e é um sucesso (ou mistério, nunca me lembro).
Muita coisa parecida com nossos restaurantes árabes e muita coisa que eu não faço idéia do que seja. Mas acho que comi de tudo um pouco, digo, muito!
Você começa tomando um suco de sei lá o que, muito doce, para te deixar esperto. O resto é um festim que lembra aquele filme A Comilança. Você não querer parar nunca. Tudo bem feito e gostoso.
Ao final você se sente preparado para uma semana inteira de jejum.
Mas tenho certeza que no dia seguinte é a mesma coisa...
Depois eu conto mais. Preciso dar uma parada para resolver um pepininho.
Um beijo do gordo para vocês.
(mesmo longe do Brasil e sentindo muita saudade de tudo que diz respeito à nossa terrinha, continuo destando o Jô Soares)
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