Al Braçudos
Como a galera aqui é braço duro.
Se alguém espirra no trânsito já é causa para engarrafamento.
Agora imagina o que acontece quando tem um acidente numa das avenidas mais movimentas dos Emirados Árabes...
Foi o que aconteceu hoje na Sheikh Zayed Road, a avenida-estrada que liga Dubai a Abu Dhabi.
Teve um acidente pesado em que apareceu até ambulância. Não preciso dizer que parou a cidade inteira.
Eu estava indo no sentido contrário e estava tudo parado também, o que me levou a constatar mais uma vez que os seres humanos são iguais em todos os lugares. Aquela irritante curiosidade mórbida do motorista é internacional - seja ele indiano, árabe, inglês, suazilandês, não importa, todos reduzem para ver o circo pegar fogo.
Demorei meia hora para fazer um trecho que não levaria mais do que 5 minutos.
Estava indo para Al Karama, um bairro predominantemente indiano perto de Bur Dubai.
Lá tem uma agência do UAE Exchange, de onde eu mando o fruto do meu suor para a Pindorama. É rápido, eficiente e barato.
Claro que dá aquela mega-insegurança na primeira vez que você faz isso, aquele sentimento meio infantilóide, de total desproteção - mais ou menos parecido com alquela sensação que você tem quando vai em uma repartição pública no Brasil, em que você precisa arrumar alguma coisa muito importante que está atrapalhando a sua vida, você está totalmente vendido. É como se você estivesse dando adeus para as suas verdinhas, que aqui são de outras cores.
Mas o dinheiro acaba chegando, sem problemas.
Hoje ainda aproveitei para comprar um relógio farseta da Panerai. Uma peça extraordinária da pirataria por apenas 110 reais.
Uma das poucas coisas que tive vontade de comprar por aqui até agora. Acho que a próxima vai ser um carro.
Que mudança, hein?
Quando saí do Karama Center, o shopping de indianos que fica em Al Karama, o trânsito continuava horrível - mesmo a quilômetros do epicentro do acidente.
Saí andando em direção às Emirates Towers porque estava tudo parado. E eu ia muito mais rápido que os carros.
Andei meia hora e fiquei, mais uma vez, suado para caramba. Viva o deserto.
Quando estava mais perto das Emirates Towers peguei um taxi para dar uma resfriada e uma secada. Assim cheguei ao escritório com um aspecto menos deprimente, mas ainda impressionado com a capacidade das pessoas aqui de gerarem tempestades não em copos d'água, mas em tanques de areia.
Podia ser pior. Podia ser sábado.
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