Thursday, November 24, 2005

Comprei o carro.

Mas isso é assunto para um post completo. Aguardem.
Nem parece Dubai.

As estações vão passando e o clima vai se transformando.
Acreditem ou não à noite chega a fazer frio.
Uma das melhores coisas que eu posso dizer sobre isso é que meu contato com ar-condicionado foi bastante reduzido.
As pessoas aqui têm uma paixão imensa por ar-condicionado. Se você tomasse como exemplo a temperatura que experimentamos em taxis e lugares públicos, iria achar que estamos em um lugar com clima sub-polar.
Pinguins poderiam andar de taxi tranquilamente aqui.
Acho que usar essa maldita caixa de fazer gelo é uma maneira das pessoas daqui se sentirem civilizadas.
Deve ser esta a razão que levou estes alucinados a criar a maior caixa de fazer gelo que se tem notícia.
Semana passada foi inaugurado no Mall of the Emirates - que em si já é um lugar com clima sub-polar - o Ski Dubai.
Isso mesmo, uma pista de esqui indoor no meio do deserto. Nela a paixão local por coisas imensas e por ar-condicionado alcançou o ápice.
A pista de esqui é uma vista surreal que parece um espaçoporto, coisa de ficção científica, A entrada é dentro do Mall of the Emirates, que fica pertinho do Burj Al Arab.
Dentro do Shopping tem janelas enormes onde é possível ver as pessoas brincando alegremente com a neve, jogando bolas de neve umas nas outras, correndo, pulando e agindo como retardadas - tudo que se poderia esperar de gente nesta situação. Infelizmente a pista de esqui ainda não estava liberada - chegar na temperatura adequada e preparar neve suficiente leva meses.
Quem diria que o meu primeiro contato com esqui iria ser no meio do deserto no oriente médio.
Que tal um programa do tipo tomar sol na praia de manhã e esquiar à tarde? E tudo isso separado por apenas 1 km.
Para que achava que já tinha visto de tudo...

Saturday, November 19, 2005

Contrastes.
Dubai é um lugar onde você consegue ver num shopping center uma mulher de ultra-microssaia e, numa virada de pescoço, uma outra vestida toda de preto com o rosto e as mãos totalmente cobertos.
As coisas não são muito normais por aqui...
Meu Brasil brasileiro.
Estar longe do Brasil faz a gente ter comportamentos muito estranhos.
De repente tudo que diz respeito à terra natal ganha um novo significado.
Coisas que não importavam nada passam a ser maravilhosas.
Calma, não vou dizer que sinto falta de assistir televisão no domingo.
Mas estar em comunhão com a Pindorama é algo que a gente tem uma necessidade muito grande.
É tão forte essa necessidade que acabamos fazendo coisas impensáveis.
E hoje pode acontecer uma delas.
Um grande ídolo mundial está dando uma passada nestas terras. E, como em todos os outros lugares, multidões se reúnem para estar perto do mito.
Não, não estamos falando do Michael Jackson ou do Ronaldinho.
Também não é o Pelé.
É ele, o Alquimista, a lenda. O escritor favorito de franceses, iranianos, árabes e russos.
Paulo Coelho está em Dubai.
E hoje tem uma noite de autógrafos na Macgrudy's do Ibn Battuta Mall.
E o pior de tudo: estamos REALMENTE pensando em ir.
Saudades da terrinha fazem a gente se comportar de maneira estranha.

Thursday, November 17, 2005

Aqui em Dubai os carros têm duas opções de combustível:
Os movidos a gasolina e os movidos a muita gasolina.

Sunday, November 13, 2005

Brasil 8x0 Mirrados Árabes Unidos

Que naba! Ontem foi o jogo da seleção local contra a seleção.
Consegui resistir à pressão de 2 meses que a galera da agência fez para eu ir.
Inacreditável!
Ainda bem que eles acreditaram que no Brasil a gente sempre tem a oportunidade de assistir à seleção jogar. Quase todo final de semana a seleção joga pertinho de casa.
Como diria meu grande amigo Alê Guerreiro, dá para falar para eles que tem macaco andando na rua que eles acreditam.
250 dirhams cada ingresso mais a viagem para Abu Dhabi, mais a babá para a Carolina e mais a vontade de ficar traquilinho com a minha família me convenceram a ficar em casa.
O que eu perdi foi uma chuva de gols - que começou na hora que a gente decidiu desligar a televisão.
E como a seleção dos Mirrados é ruim. Devia ser a seleção da Toscana.
Os caras estavam completamente amedrontados com o poder da camisa amarelinha. Até mesmo a Ponte - com o Monga - ganhava de goleada deles.
Metade dos torcedores era do Brasil...espera aí, me disseram que só tinha uns 300 brasileiros aqui...
A câmera passeia e olha só a galera brasileira agitando...pera lá, aquele carinha alegre com a camisa do Brasil trabalha comigo! Um libanês da gema!
Acho que vai ser difícil ver uns brasileiros legítimos.
O Brasil faz sucesso por aqui.
Todo mundo adora torcer pelo mais fraco - mesmo que a coisa fraca aí no Brasil seja a economia e as questões sociais.
A melhor coisa do jogo foi poder assistir a uma transmissão completa sem ouvir o Galvão Bueno. Não dá para ter uma idéia como é bom isso.
Tudo bem que os locutores árabes eram mais animados que locutor de rádio e que se um jogador dos Mirrados chutasse a bola para a lateral eles faziam pelo menos 5 replays, mas foi muito bom ver que eles escreveram o nome do nosso glorioso técnico Perera - e falavam o nome do desgraçado a cada 5 minutos.
Um evento interessantíssimo que transformou um amistoso de boa vontade numa célebre cena de atropelamento, onde repetidamente novas estrelas do futebol tupiniquim passavam por cima da vítima indefesa - aliás INdefesa é uma boa mareira de definir aquela zaga - para garantir sua presença na próxima copa.
Bom, batemos nos bêbado.
Vamos ver o que acontece quando a história for séria.
O bom é chegar no trabalho no dia seguinte e agir como se você tivesse ganhado o jogo.
Nada como ser o representante local de uma franquia de sucesso.

Saturday, November 12, 2005

As coisas em Dubai são tão baratas que a gente gasta tudo economizando.

Sunday, November 06, 2005

Vamos a la playa.

O final de semana ultra-prolongado do fim do Ramadan me deu a oportunidade de fazer várias coisas que fazia tempo que eu tinha vontade de fazer.
Nada era uma delas.
Outra, era finalmente visitar a praia.
Poucas pessoas vão acreditar, mas desde que cheguei a Dubai não fui à praia. Sempre gostei muito de praia, mas a experiência aqui tem sido tão intensa que acabei deixando de lado a idéia, até que recebi um ultimado de minha digníssima e tive que ceder.
Como era sábado e neste dia a principal praia fechada é reservada para mulheres e crianças (meninos só até 8 anos de idade!) resolvemos nos aventurar a ir em uma praia mais afastada na vizinhança de Jebel Ali.
Para quem não sabe - até pouco tempo eu me incluiria neste grupo - Jebel Ali é o lugar onde foi construído o maior porto artificial do mundo e que, dizem, pode ser visto do espaço.
É lá também que eles estão construindo uma daquelas ilhas artificiais com o formato de palmeiras - gigantes e cheias de construções de alto luxo. The Palm Jebel Ali, o empreendimento irmão do The Palm Jumeirah.
Mas a praia....ah a praia...
Pegamos as indicações no guia e lá fomos nós.
Quando chegamos pertinho da praia não tinha mais estrada, só uma estrada de areia batida, mas cheia de marcas.
Vamos por aqui.
Depois de andar um pouco chegamos na dita cuja. E ela estava cheia, lotada de 4x4, que passaram da categoria de figurantes para atores principais nesta minha história de Dubai, tamanha a quantidade.
A galera vai até a areia com elas, monta umas tendinhas e aí começa a farofa.
Tudo digno de Praia Grande, com direito até a churrasco feito na areia.
Fomos indo, indo e...não iu.
O nosso carrinho atolou na areia.
Escolado que já sou depois de ter dado esta mancada outras vezes, parei instantaneamente.
A situação parecia desesperadora, mas lembre-se que tinha mais de 500 4x4 nas redondezas.
Não foi preciso. Desci e consegui, com a ajuda da minha co-pilota no volante, empurrar o carro para fora do atoleiro. Me respeitei.
Paramos o carro num lugar seguro - leia-se areia dura - e fomos para a praia.
Retrato de um pesadelo.
A primeira imagem marcante depois dos carros foi um grupo de malas dirigindo quadriciclos no meio da praia. Não sei o que é pior, o barulho ou os caras passando a toda do seu lado.
E não é só isso!!! Tem mais!!!
Os 4x4 circulam a toda pela areia, tanto no meio quando perto da rebentação (ou arrebentação?). Me senti - nos sentimos - como aquele sapo no jogo antigo de Atari.
Só que a gente não tinha que evitar ser atropelado na rua, mas sim na praia.
Ah, mas pelo menos tinha o mar tranquilo...
Não.
Outro bando de joselitos ficava passando de Jet Ski na beirada, fazendo malabarismo ou puxando outros maletas de wake board.
Pelo menos a Carolina de divertiu. Os papais estavam muito tensos tentando protegê-la dos 48 tipos de perigo disponíveis na praia.
Saímos fugidos de lá.
Para quem veio para cá buscando uma cultura nova, foi uma surpresa encontrar os farofeiros da baixada por aqui.
Só faltou canja na garrafa térmica e Ki-Suco.
Visite Jebel Ali. Mas não me chame.

Friday, November 04, 2005

Rides
Mais um capítulo da minha aventura está acontencendo: a compra de um carro.
As histórias são tantas que vão gerar vários posts.
Só para dar uma pincelada: semana passada fomos eu, a Dri, a fofinha e dois amigos sérvios (eles estavam em outro carro) procurar carro para comprar.
Primeiro fomos em um mercado em Dubai - uma área reservada pelo governo onde eles colocaram umas 120 lojas de carro. Vimos alguns carros e sentimos o clima.
De lá eles nos guiaram para outro mercado em um Emirado vizinho: Sharjah.
Sharjah fica a uns 15 quilômetros do centro de Dubai e é um primo pobre dos Emirados bacanudos.
Fomos com a promessa de achar os mesmos carros com preços muito melhores.
Depois de ficarmos perdidos por uma hora e meia seguindo nossos ditos "guias", chegamos ao tal mercado.
É um lugar bem tosco. Lojas de carros se enfileiram por quilômetros. Todas cheias de SUVs gigantescas. Algo que não parece de verdade, tal a quantidade. Imagina uma Santa Ifigênia que em vez de vender muamba vende Toyotas Land Cruiser e Pajeros.
Toyotas, Mitsubishis, Nissans, Lincolns, Infinitis, Lexus, Land Rovers...
Todas gigantes, caras, usadas e à venda.
Acho que só naquela área tinha mais delas que no Brasil inteiro.
E esse é o Emirado pobre...
Os preços eram melhores mas não eram nada de outro mundo.
E os vendedores ou aquele jeito de escroque safado ou são uns figuras panacas que não sabem nada de inglês.
Vi muitos carros mas ainda não fechei com nenhum.
A busca continua.
Depois tem mais. Muito mais.
O Ramadan terminou mesmo...
Dubai - e todo o mundo islâmico - explode em comemoração.
Os shoppings estão lotados. As praças de alimentação cheias não só de muçulmanos que estão tirando o atraso, mas também de não-muçulmanos que estavam de saco cheio de comer em casa.
As pessoas estão nas ruas os tempo todo. Diferente do Ramadan quando todos os muçulmanos ficavam meio em ponto-morto. Parece que eles estão correndo atrás do prejuízo.
Para mim vai ser uma baita mudança. Não vou ter que comer nos restaurantes caríssimos nas Emirates Towers - que abriam atrás de biombos - ou ter que levar sanduíches insípidos para comer no escritório.
O mundo volta a girar no ritmo de sempre.

Thursday, November 03, 2005

O Ramadan terminou.
E também terminou mais um projeto extremamente desgastante que me tirou do ar por uma semana, com direito a noite virada e tudo. Um daqueles projetos internacionais com 4 agências da rede envolvidas - nós, Londres, Noviorque e - surpresa - Brasil!
Como são irritantes estes projetos. Cada lugar tem uma idéia do que deve ser feito, todos apresentam coisas completamente diferentes e acham que estão certos. O problema é que é um projeto para o Oriente Médio e nós éramos o centro de tudo.
Óbvio que o pensamento estratégico que foi gerado aqui era mais elaborado, completo, definido, abrangente e EXTREMAMENTE CHATO.
As outras agências não tinham essa preocupação e apresentaram coisas interessantes e divertidas. Para nós foi um porre porque nossas comerciais tinham que dizer 1427 coisas diferentes, em 60 segundos.
Os passos eram definidos em conference calls - um dos maiores males do mundo corporativo contemporâneo. 30 pessoas curvadas em frente a aparelhos de telefone sem saber muito o que fazer e sem entender direito o que está se passando. Lindo!
E é melhor ainda quando elas são longas.
12 horas antes da apresentação e não tínhamos nada. Tudo, inclusive o material mandado pelas outras agências da rede, foi tachado de "fora da estratégia". Tivemos que sentar eu e outro diretor de criação e criar 5 filmes em 3 horas. 4 deles foram bombados novamente pelo picão local e pelo picão internacional que veio para cá especialmente para a apresentação. Aí remendamos idéias de outras agências, mudamos as nossas, viramos a noite e - surpresa - fizemos uma apresentação impecável.
O cliente deve ter achado que estávamos com tudo pronto há mais de 2 semanas e só ficamos ensaiando...
Parece aquelas cidades cenográficas de Hollywood. Só a fachada é real. Se o cliente olhasse atrás de mim iria ver os cabos e as estruturas que estavam me mantendo em pé.
Ah, o maravilhoso mundo da propaganda...