Monday, August 10, 2015

All that jazz.



De tempos em tempos eu assisto um filme tão bom, mas tão bom que me faz sentir feliz de fazer parte da mesma espécie das pessoas que o produziram.

Foi assim com Guerra nas Estrelas, Caçadores da Arca Perdida, Intriga Internacional, Cidade de Deus, Amarcord, A Vida de Brian, Doze Homens e uma Sentença, Apertem os Cintos O Piloto Sumiu, O Iluminado, ET, o Extraterrestre, Blade Runner, De Volta Para o Futuro, vários do Woody Allen - especialmente Crimes e Pecados, Sociedade dos Poetas Mortos, Asas do Desejo, Cinema Paradiso, Goodfellas, Shortcuts, O Feitiço do Tempo, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, Os Imperdoáveis, O Sexto Sentido, Oldboy, Alta Fidelidade, A Família, Harry e Sally - Feitos um para o Outro, Silêncio dos Inocentes, Seven, Gênio Indomável, Os Royals Tenenbaums, Gladiador, Boogie Nights, O Clube da Luta, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, Pulp Fiction, Um Sonho de Liberdade, O Grande Lebowski, O filho da Noiva, Os Suspeitos, O Labirinto do Fauno, Fale Com Ela, Matrix, a trilogia de Senhor dos Anéis, A Viagem de Chihiro, Up in the Air, um monte de coisas da Pixar, Transformers...

Estou brincando sobre Transformers. Só para ver se você estava prestando atenção.

Esta sensação de se conectar com uma obra extraordinária te dá a sensação de transcender só por ter tido a oportunidade de assisti-la.

É glorioso.

Sempre tive medo de chegar num ponto da vida em que já vimos tanta coisa e passamos por tantas experiência que nada mais nos impressiona, um momento em que nos tornamos insensíveis e tudo fica meio morno e não deixa mais registro nas nossas mentes.

Mas aí vem um filme como Whiplash e você recupera essa sensação de que coisas extraordinárias são ainda possíveis e que o mundo ainda tem algumas surpresas preparadas para você.

Se você não assistiu, pare tudo e assista. Não tem atores famosos, efeitos especiais, explosões, locações magníficas, trilha sonora com músicas do Aerosmith ou do Pharrell Williams, não tem Minions e ninguém salva o mundo no fim.

É sobre um baterista de jazz.

É uma história extraordinariamente bem contada e ainda melhor interpretada.

Mais do que isso. É um filme que fala sobre quanto custa transformar potencial em realidade. A energia, a obsessão e o foco necessários para transformar talento em genialidade.

Nós acreditamos que é só fama, festas, mansões, carrões, viagens de primeira classe e shows para milhares em estádios lotados, mas esquecemos que o preço que se paga é bem alto: viver à margem das convenções sociais, sacrificar a saúde, a privacidade, tomar um monte de decisões e fazer muitas coisas  que vão soar péssimas na sua biografia não-autorizada - mas que com certeza vão ajudar a vender muitas cópias.

O filme me faz agradecer o fato de alguém passe por tudo isso para que a gente possa aproveitar coisas extraordinárias - quando nossas vidas cheias de necessidades sociais comuns, hábitos saudáveis e decisões sensatas nos dão tempo. E este momento de comunhão com o extraordinário te faz sentir maior, melhor, mais inteligente e bonito.

Tudo isso tendo um jazz de primeira não só como trilha sonora - mas como ponto central da história.

E quando foi a última vez que você assistiu a um filme sobre jazz que é mais emocionante que um filme do Tom Cruise?

Ainda bem que tem alguém disposto a pagar o preço que custa para ser totalmente fora da curva -  pode ter certeza que é muito maior do que o do bilhete do cinema.

E ainda bem que tem gente que faça filmes magníficos sobre isso.

Sem precisar de Minions.




1 comment:

mô gribel said...

Ok, eu tentei, dormi, abandonei, mas irei insistir. Mas só porque você recomendou e entre os filmes que você citou apareceram vários dos meus favoritos. Só por isso.
PS: gostei de Transformers.