Tuesday, August 18, 2015

Brasileiros e Brasileiros.



Hoje vi esta imagem de uma tiazinha com um cartaz durante os protestos. Nele tinha uma mensagem perguntando porque membros da atual classe política que está no poder não foram mortos pela ditadura militar. Essa imagem foi usada para mostrar quem são os manifestantes que foram às ruas para protestar contra o governo federal em um artigo falando sobre o fracasso das manifestações contra o governo. Fazia parte de uma coleção de "fotos selecionadas" que tinham a intenção de mostrar que os protestos foram um fracasso e que as idéias políticas – e as pessoas envolvidas – não são só absurdas, mas também bizarras.

E, acredite, o autor selecionou várias, com textos bem-humorados para acompanhar

Eu não estou aí no Brasil para ver como foram as manifestações realmente, mas a idéia de mostrar “fotos selecionadas” para provar uma teoria já é uma maneira excelente de perder a credibilidade.

Me faz lembrar de um comercial genial da Folha de S.Paulo que fala sobre as virtudes de um governante histórico para depois revelar que estão falando de Hitler. As linhas finais são muito contundentes: é possível contar um monte de mentiras só falando a verdade.

Vem à minha mente o significado da palavra propaganda, como é usado no exterior: a divulgação informação, em geral tendenciosa, usada para promover uma causa política ou ponto de vista.

E é isso que eu vejo aqui de longe: um país onde todo mundo - dos dois lados - usa montes de fatos para provar seu ponto de vista. E a verdade - se é que ela existe - está em algum lugar onde a nossa cegueira de torcedores (sim, daquele que torce os fatos) nos faz incapaz de ver.

O que se vê é uma manipulação da informação criando estereótipos e ajudando a bipolarizar o confronto. Quem está com contra o governo é burguês, coxinha. Quem é a favor do governo é comunista, vermelho ou PTralha. Essa estereotipização leva à uma demonização do adversário e à impossibilidade de uma conciliação.

Propaganda pura.

É fácil detestar e desprezar um adversário que é uma figura de papelão, pintada em tons de preto e branco. Fazer o outro ser diferente da gente ajuda. Desse jeito fica fácil justificar a alienação, a perseguição, agressão, racismo, a escravidão e todas essas coisas maravilhosas que nos fazem ser humanos e tornam os livros de história uma leitura tão interessante.

Mas fazer o que? Tem um conflito extremamente polarizado acontecendo no país - e tanto Coxinhas quanto PTralhas estão fazendo de tudo para provar seus pontos de vista.

E como foi dito numa citação atribuída tanto ao poeta grego Ésquilo quanto ao senador americano Hiram Johnson: numa guerra a primeira vítima é a verdade.


P.S.: Este post é uma versão estendida de um comentário que fiz a respeito do artigo em questão

P.S. 2: Para quem não viu, aí vai o comercial da Folha.


3 comments:

Lázaro Guilherme Rangel said...

Meu caro Guilherme,
Concordo plenamente com seus comentários.
A política brasileira está igual disco de vinil daquele pessoal que você sabe quem: não tem lado bom...
Parafraseando o grande Guimarães Rosa: você saiu do Brasil, mas o Brasil não saiu de você.

Anonymous said...

Guilherme,

Não escutar o outro é o mal do século.
Não vejo como isso terminar bem.

mô gribel said...

Anonymous não...rs
Sou a Mô Gribel.