Lição de casa.
No último domingo dei uma comida de rabo histórica em todo o departamento de criação.
Tínhamos um projeto fantástico, com toda a liberdade do mundo para fazer algo único, revolucionário, instigante, divertido e surpreendente. O prazo era quase irreal para uma agência de propaganda: um mês inteiro.
A única coisa obrigatória: o projeto tinha que ser produzido. No caso deveria ser um comercial para internet filmado com uma câmera digital.
Finalmente chega o dia em que eles iriam apresentar as idéias para mim.
45 pessoas tiveram a chance de apresentar alguma coisa.
Nada.
Nada que prestasse. Desapontamento profundo.
É aí que chegamos ao tema deste post. Ser adulto.
No dia da apresentação vi as pessoas sentando desesperadas para criar alguma coisa que pudesse ser apresentada. Como crianças que esqueceram a lição de casa e que tentam fazer tudo nos poucos minutos que restam antes da professora entrar na sala.
Eu já estive na mesma situação. Mas do outro lado. E não só como aluno numa classe de aula, mas também como profissional, terminando uma campanha 5 minutos antes da apresentação.
Infantil.
A diferença agora é que esperam que você seja o adulto. Você é que tem que ser o Superego para aquele bando de Ids.
Essa transição não ocorre sem sofrimento.
Ei, por dentro eu ainda me sinto aquele mesmo moleque que esquecia a lição de casa porque ficou jogando futebol - mal - na tarde anterior.
Mas você agora é o cara. Você é o professor, pai, chefe, o adulto.
É você que premia e pune.
E é esperado que você puna as crianças fizeram algo errado - mesmo que estas crianças em questão tenham apenas alguns anos menos que você.
E é por isso que eu estava lá comendo o rabo de mais de 30 criativos.
E ninguém deu um pio.
Porque eu sou o adulto.
Mesmo que por dentro ainda me sinta como o moleque que vivia esquecendo a lição de casa.