Pindorama
Foi fogo.
Passar 30 horas viajando nem para Amyr Klink falar que é bolinho.
Ainda mais quando tem uma menininha de 3 anos extremamente vocal, energética e mandona trancada dentro de uma extremamente apertada e claustrofóbica classe econômica.
Ninguém merece. Bom, ninguém merece ser pobre, mas é este o caso de quem viaja de classe econômica - os pobres da classe rica - porque pobre de verdade viaja em ônibus velho apinhado, trem lotado, lombo de jegue e a pé mesmo.
Classe econômica só foi criada para você desejar a classe executiva. É a típica concretizaçâo da máxima "os fins justificam os meios". Os fins - chegar ao seu destino - justificam os meios - o processo de desumanização do ser humano empreendido pelos engenheiros de avião, decoradores de interior de avião, cozinheiros e comissários de bordo, todos obviamente contratados dos campos de reeducação do Camboja e da China.
Você chega de viagem sem identidade, sem vontade e sem uma boa idéia de onde está. Uma voz gutural no fundo da sua cabeça apenas diz "pegue suas coisas e corra daqui". E eis você no seu fim.
E aqui estamos nós, sofrendo da diferença de fuso, do jet lag, do cansaço físico normal mas felizes.
Que bom é ver o verde natural em vez da monotonia do amarelo do deserto. Que bom é sentir frio que não é de ar-condicionado. Que bom é ficar fora de casa e não se sentir como um picolé de limão deixado no asfalto no sol de meio-dia. Que bom é poder comer amendoim japonês Mendorado sem ter que economizar.
É bom estar no Brasil. Mas estas são apenas uma das poucas razões.
As outras a gente está curtindo a cada novo momento.
Thursday, August 24, 2006
Thursday, August 17, 2006
À Terra do Pau-Brasil.
Dia 22 de madrugada embarcamos para a Pindorama.
Vão ser 20 dias para matar a saudade de muita gente e muita coisa. 20 dias que eu sei que não vão ser o bastante.
Mas se eu tivesse que escolher uma coisa só para fazer ia ser andar na rua a pé, sem terminar a caminhada parecendo o personagem principal do filme de terror B dos anos 70 "O Incrível Homem que Derreteu".
E, claro, fazendo essa caminhada com um saquinho de amendoim Mendorado numa mão e uma cerveja gelada na outra.
Todos estão convidados.
Dia 22 de madrugada embarcamos para a Pindorama.
Vão ser 20 dias para matar a saudade de muita gente e muita coisa. 20 dias que eu sei que não vão ser o bastante.
Mas se eu tivesse que escolher uma coisa só para fazer ia ser andar na rua a pé, sem terminar a caminhada parecendo o personagem principal do filme de terror B dos anos 70 "O Incrível Homem que Derreteu".
E, claro, fazendo essa caminhada com um saquinho de amendoim Mendorado numa mão e uma cerveja gelada na outra.
Todos estão convidados.
Tuesday, August 15, 2006
Constatação.
Eu já falei mais de uma vez como a gente se acostuma com tudo, mesmo com as coisas mais extraordinárias.
Para mim hoje ficou comum dirigir 30 km, do condomínio onde moramos no meio do deserto para os prédios gigantescos com o formato de nave espacial onde fica o meu trabalho.
Ficou comum cruzar com os caminhões-tanque multicoloridos que parecem palácios indianos. Ficou comum ver os indianos e paquistaneses bigodudos e torradinhos. Ficou comum ver no mesmo dia árabes de dish-dasha (aquela roupa de milionário árabe do petróleo), mulheres de abbaya (aquele manto preto) com o rosto coberto e às vezes o rosto também, sikhs de turbante, indianas de sári, filipinos, ingleses, japas, sérvios, egípcios, sírios, libaneses, africanos dos mais diversos, canadenses, australianos e, de vez em quando, um brasileiro.
Ficou comum pensar que a gente divide a casa com uma mulher do Sri Lanka.
Ficou comum pensar que uma boa parte das pessoas com quem eu tenho contato - libaneses - estavam vivendo e se preocupando com uma guerra que afetava e continua afetando a família e os amigos.
Ficou comum pensar que não vou comer feijoada no sábado. E que não vou encontrar amendoim japonês Mendorado no supermercado.
Ficou comum ler, falar e ouvir inglês nas suas mais variadas formas. E entender todos os sotaques. Bom, a maioria pelo menos.
Ficou comum olhar para todos os lados e ver prédios gigantes aparecendo numa velocidade espantosa.
Ficou comum ver o Burj Al Arab no horizonte.
Ficou comum pensar que hoje vai fazer sol, amanhã e depois de amanhã também.
Ficou comum olhar para o termômetro no carro da Di e ver que a temperatura está nos 42 graus.
Ficou comum ir a shopping centers para fugir do calor.
E, mais importante do que tudo, não ficou comum chegar no domingo, ligar a televisão e saber que, por mais que você tente, não vai ter Faustão em nenhum canal.
Este é um prazer fantástico que sempre se renova em Dubai.
Recomendo.
Eu já falei mais de uma vez como a gente se acostuma com tudo, mesmo com as coisas mais extraordinárias.
Para mim hoje ficou comum dirigir 30 km, do condomínio onde moramos no meio do deserto para os prédios gigantescos com o formato de nave espacial onde fica o meu trabalho.
Ficou comum cruzar com os caminhões-tanque multicoloridos que parecem palácios indianos. Ficou comum ver os indianos e paquistaneses bigodudos e torradinhos. Ficou comum ver no mesmo dia árabes de dish-dasha (aquela roupa de milionário árabe do petróleo), mulheres de abbaya (aquele manto preto) com o rosto coberto e às vezes o rosto também, sikhs de turbante, indianas de sári, filipinos, ingleses, japas, sérvios, egípcios, sírios, libaneses, africanos dos mais diversos, canadenses, australianos e, de vez em quando, um brasileiro.
Ficou comum pensar que a gente divide a casa com uma mulher do Sri Lanka.
Ficou comum pensar que uma boa parte das pessoas com quem eu tenho contato - libaneses - estavam vivendo e se preocupando com uma guerra que afetava e continua afetando a família e os amigos.
Ficou comum pensar que não vou comer feijoada no sábado. E que não vou encontrar amendoim japonês Mendorado no supermercado.
Ficou comum ler, falar e ouvir inglês nas suas mais variadas formas. E entender todos os sotaques. Bom, a maioria pelo menos.
Ficou comum olhar para todos os lados e ver prédios gigantes aparecendo numa velocidade espantosa.
Ficou comum ver o Burj Al Arab no horizonte.
Ficou comum pensar que hoje vai fazer sol, amanhã e depois de amanhã também.
Ficou comum olhar para o termômetro no carro da Di e ver que a temperatura está nos 42 graus.
Ficou comum ir a shopping centers para fugir do calor.
E, mais importante do que tudo, não ficou comum chegar no domingo, ligar a televisão e saber que, por mais que você tente, não vai ter Faustão em nenhum canal.
Este é um prazer fantástico que sempre se renova em Dubai.
Recomendo.
Wednesday, August 02, 2006
Reflexões sobre a vida.
A Dri chegou mais tarde anteontem.
Aí eu subi para o nosso quarto com a Carolina para a gente brincar.
Uma hora ela pára toda séria olha para mim como se todo o peso do mundo estivesse sobre seus ombros e diz:
"A Calol tem peleleca."
E continua...
"A Mamãe tem peleleca."
"A vovó tem peleleca."
E, como uma filósofa chegando a uma conclusão sobre a essência da humanidade, arremata:
"O papai tem pinto."
A Dri chegou mais tarde anteontem.
Aí eu subi para o nosso quarto com a Carolina para a gente brincar.
Uma hora ela pára toda séria olha para mim como se todo o peso do mundo estivesse sobre seus ombros e diz:
"A Calol tem peleleca."
E continua...
"A Mamãe tem peleleca."
"A vovó tem peleleca."
E, como uma filósofa chegando a uma conclusão sobre a essência da humanidade, arremata:
"O papai tem pinto."
Subscribe to:
Posts (Atom)