Monday, June 29, 2009
Saturday, June 13, 2009
Quatro Anos de Dubai.
Há quatro anos eu chegava no aeroporto de Dubai pela primeira vez como residente. Não apenas como residente, mas como um cara que estava morando pela primeira vez longe do seu país.
Achei que não iria conseguir ficar mais do que um mês aqui.
Acho que umas das razões para ter aguentado no começo foram não a minhas expectativas, mas as expectativas dos outros. Todo mundo estava tão empolgado com a minha aventura que eu iria me sentir muito bundão voltando depois de duas semanas. Às vezes funciona assim.
O começo difícil passou e muitos altos e baixos vieram - como em qualquer outra experiência. Hoje estou no meu segundo emprego, segundo carro, segunda casa. Ou seja, posso contar para todo mundo que oficialmente morei em Dubai.
Quatro anos e contando.
Há quatro anos eu chegava no aeroporto de Dubai pela primeira vez como residente. Não apenas como residente, mas como um cara que estava morando pela primeira vez longe do seu país.
Achei que não iria conseguir ficar mais do que um mês aqui.
Acho que umas das razões para ter aguentado no começo foram não a minhas expectativas, mas as expectativas dos outros. Todo mundo estava tão empolgado com a minha aventura que eu iria me sentir muito bundão voltando depois de duas semanas. Às vezes funciona assim.
O começo difícil passou e muitos altos e baixos vieram - como em qualquer outra experiência. Hoje estou no meu segundo emprego, segundo carro, segunda casa. Ou seja, posso contar para todo mundo que oficialmente morei em Dubai.
Quatro anos e contando.
Thursday, June 04, 2009
Carruagens de Fogo
Não é fácil acordar às 6 da manhã para correr. Este é o único horário que eu tenho livre, porque levo minha filha todos os dias para a escola.
A preguiça é enorme. Só o fato de conseguir acordar neste horário já deveria ser digno de uma medalha olímpica - bronze, pelo menos.
Faço meu alongamento sentindo que meus músculos são correntes enferrujadas que recusam a se mover, implorando para serem deixados em paz, estáticos e tranquilos.
Depois de vencer a resistência inicial comecei a correr. Apesar do calor por volta de 30 graus - bem fresquinho para os padrões de Dubai - e da umidade sufocante que me fez ficar parecendo um picolé de limão derretendo na mão, no calor da praia no Rio, eu estava indo surpreendentemente bem.
Em geral eu corro até o centrinho comercial que tem no nosso condomínio e volto - um circuito de mais ou menos uns cinco quilômetros que é o suficiente para te deixar com a sensação de dever cumprido pela manhã.
Mais ou menos na metade do percurso eu estava mais do que satisfeito com meu resultado. Não estava só sobrevivendo à experiência, mas a performance estava bastante decente. Tão decente que ao invés de ficar usar toda a capacidade do meu cérebro para pensar em desculpas para parar de correr, eu estava pensando em outras coisas. Vida, trabalho, projetos em andamento, idéias para posts...
Foi quando fui ultrapassado.
Todo mundo que corre sabe que não é nada prazeroso ser ultrapassado. Nosso impulso inicial é sempre dar o troco e mostrar quem manda. Mas são coisas da vida - sempre tem alguém que é mais rápido, treina mais, tem mais resistência. Alguns tem todos os atributos em uma só embalagem.
Mas neste meu momento de distração eu fui ultrapassado - por uma garota. Depois que você completa trinta anos você passa a tratar todas as mulheres como garotas, por isso a idade dela não importa - só o fato de ela ser uma garota e ter me ultrapassado.
Minha primeira reação foi de dar o troco, mas mesmo no meu cansaço e com a mente nublada pelo calor e a umidade refleti sobre minha atitude.
É realmente justificada a reação? É realmente tão ruim assim ser ultrapassado por uma mulher? Será que eu devo agir como um porco machista e ultrapassá-la para mostrar quem é superior? Será que temos que continuar vivendo de acordo com antigos estereótipos ou é o momento de questioná-los?
Muitas coisas passaram pela minha cabeça, e no final decidi que não iria ultrapassá-la. Continuei minha corrida no mesmo ritmo em que estava, como se nada tivesse acontecido.
E mostrei ao mundo que não sou um porco machista. Sou um porco machista fora de forma.
Não é fácil acordar às 6 da manhã para correr. Este é o único horário que eu tenho livre, porque levo minha filha todos os dias para a escola.
A preguiça é enorme. Só o fato de conseguir acordar neste horário já deveria ser digno de uma medalha olímpica - bronze, pelo menos.
Faço meu alongamento sentindo que meus músculos são correntes enferrujadas que recusam a se mover, implorando para serem deixados em paz, estáticos e tranquilos.
Depois de vencer a resistência inicial comecei a correr. Apesar do calor por volta de 30 graus - bem fresquinho para os padrões de Dubai - e da umidade sufocante que me fez ficar parecendo um picolé de limão derretendo na mão, no calor da praia no Rio, eu estava indo surpreendentemente bem.
Em geral eu corro até o centrinho comercial que tem no nosso condomínio e volto - um circuito de mais ou menos uns cinco quilômetros que é o suficiente para te deixar com a sensação de dever cumprido pela manhã.
Mais ou menos na metade do percurso eu estava mais do que satisfeito com meu resultado. Não estava só sobrevivendo à experiência, mas a performance estava bastante decente. Tão decente que ao invés de ficar usar toda a capacidade do meu cérebro para pensar em desculpas para parar de correr, eu estava pensando em outras coisas. Vida, trabalho, projetos em andamento, idéias para posts...
Foi quando fui ultrapassado.
Todo mundo que corre sabe que não é nada prazeroso ser ultrapassado. Nosso impulso inicial é sempre dar o troco e mostrar quem manda. Mas são coisas da vida - sempre tem alguém que é mais rápido, treina mais, tem mais resistência. Alguns tem todos os atributos em uma só embalagem.
Mas neste meu momento de distração eu fui ultrapassado - por uma garota. Depois que você completa trinta anos você passa a tratar todas as mulheres como garotas, por isso a idade dela não importa - só o fato de ela ser uma garota e ter me ultrapassado.
Minha primeira reação foi de dar o troco, mas mesmo no meu cansaço e com a mente nublada pelo calor e a umidade refleti sobre minha atitude.
É realmente justificada a reação? É realmente tão ruim assim ser ultrapassado por uma mulher? Será que eu devo agir como um porco machista e ultrapassá-la para mostrar quem é superior? Será que temos que continuar vivendo de acordo com antigos estereótipos ou é o momento de questioná-los?
Muitas coisas passaram pela minha cabeça, e no final decidi que não iria ultrapassá-la. Continuei minha corrida no mesmo ritmo em que estava, como se nada tivesse acontecido.
E mostrei ao mundo que não sou um porco machista. Sou um porco machista fora de forma.
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